Recentemente, um importante achado submarino foi confirmado pela Marinha Real do Reino Unido, onde o naufrágio de um cruzador britânico, o HMS Hawke, foi localizado a cerca de 70 milhas ao leste de Fraserburgh, na Escócia. Este cruzador, que foi abatido por um torpedo durante a Primeira Guerra Mundial, resultou na morte de mais de 500 marinheiros, uma tragédia que mergulhou muitos em luto na época. Este evento não apenas revela os horrores da guerra, mas também serve como um lembrete sombrio do sacrifício feito por aqueles que serviram sob a bandeira britânica.
O HMS Hawke, que é considerado um exemplo admirável da arquitetura naval da época, foi encontrado ao longo do verão por uma equipe de mergulhadores voluntários em condições que foram descritas como “notáveis”. Especialistas da Marinha confirmaram a identidade do cruzador após a análise de vídeos, fotografias e escaneamentos da área. A confirmação veio após décadas de busca, com o navio restando a cerca de 110 metros de profundidade. Para se ter uma ideia do valor histórico do achado, este naufrágio se junta a uma lista crescente de restos de navios da Primeira Guerra Mundial analisados e identificados ao longo do último século.
No dia 15 de outubro de 1914, o HMS Hawke foi atacado pelo submarino alemão U-9, comandado pelo famoso capitão Otto Weddigen. Em menos de oito minutos, o cruzador afundou com a perda devastadora de 524 membros da tripulação, deixando apenas 70 sobreviventes. Este ataque não foi um evento isolado, pois no mês anterior, o mesmo submarino havia destruído três cruzadores da Marinha Real em uma única hora, resultando na morte de mais de 1.450 marinheiros e fuzileiros navais. Este contexto fornece uma ideia da intensidade do combate naval durante a guerra e o perigoso papel que os submarinos desempenharam nas hostilidades.
Localizado em agosto, a equipe de mergulhadores fez uso do diário de guerra do submarino, além dos registros das embarcações de guerra próximas ao HMS Hawke no momento de seu naufrágio. O mergulhador Steve Mortimer destacou que o naufrágio estava em uma condição excepcional para um navio de sua época, possivelmente devido à profundidade em que se encontrava e ao fato de que nunca havia sido explorado anteriormente por mergulhadores. “É um local fascinante. Você pode olhar através das escotilhas abertas e ver artefatos apenas deitados no convés”, declarou Mortimer. Entre os objetos encontrados, estavam louças da Marinha Real, incluindo xícaras de chá, pratos e tigelas, apresentando ao mundo uma notável cápsula do tempo.
Adicionalmente, os mergulhadores descobriram duas grandes armas na proa e na popa, bem como armamentos ao longo dos lados do navio e equipamentos de navegação. Este trabalho de localização e identificação do HMS Hawke não apenas homenageia a história, mas também se conecta a eventos que marcaram sua trajetória; três anos antes de seu naufrágio, ele ganhou notoriedade após uma colisão com o RMS Olympic, irmã do famoso Titanic, em 1911. Este incidente precursor serve para lembrar que mesmo os navios mais formidáveis podiam encontrar desafios significativos em suas jornadas.
A tarefa de identificar os restos do HMS Hawke não se limitou apenas a busca e resgate. Os mergulhadores consultaram mapas contemporâneos do Mar do Norte, e os esforços para localização também receberam apoio significativo da Marinha Real. A tenente-comandante Jen Smith comentou sobre a importância da colaboração com os voluntários, afirmando: “Sem esses voluntários dedicando seu tempo a esses projetos, o local de descanso de muitos de nossos marinheiros nunca seria encontrado e seus sacrifícios seriam esquecidos.” Com isso, se reforça a importância da memória histórica e do reconhecimento da bravura de todos os que serviram.
Assim, o naufrágio do HMS Hawke e sua recuperação recente emergem como um tributo de honra que não apenas ilumina os horrores do passado, mas também enfatiza a necessidade de continuar a explorar e entender a história naval. Este evento nos lembra que, enquanto a vida dos marinheiros perdidos permanece uma dor latente, os esforços contínuos para preservar sua memória ajudam a garantir que suas histórias não sejam apagadas pelas ondas do tempo.