A recente falência da Redbox, uma marca icônica que trouxe um novo conceito de aluguel de filmes para a vida cotidiana, acabou gerando uma onda de pilhagem e aproveitamento em quiosques que antes eram vibrantes centros de entretenimento. Em um cenário que pareceria um filme de comédia, pessoas em todo o país estão se desviando das normas, levando em conta que os quiosques deixaram de operar. Essa situação inusitada começou a se intensificar após a declaração de falência da Chicken Soup for the Soul Entertainment, que adquiriu a Redbox por $375 milhões em setembro de 2022, apenas para menos de dois anos depois, levá-la à insolvência e deixar seus quiosques praticamente abandonados.
Antigos consumidores da Redbox podem se lembrar bem das famosas caixas vermelhas que estavam disponíveis em supermercados como CVS e Walmart desde 2013. Esses quiosques, que ofereceram uma vasta seleção de filmes e, por um tempo, também de videogames, permitiram que os consumidores alugassem títulos e os devolvessem no mesmo local. No entanto, com o aumento das plataformas de streaming, a Redbox enfrentou uma queda significativa na relevância e, consequentemente, nas operações regulares. Após a compra da empresa e a subsequente falência, mais de 20 mil máquinas encontraram-se dispersas por todo o país, a um passo de serem exploradas por caçadores de ofertas.
No subreddit da Redbox, que anteriormente era um espaço dedicado para compartilhar experiências de aluguel e discussões sobre filmes, agora se transformou em um mural de conquistas, onde usuários compartilham fotos de quiosques esvaziados. Eles relatam que muitas máquinas ainda estão ligadas e, surpreendentemente, não conseguem se conectar à internet, o que impossibilita as cobranças por cartões de crédito. Essa condição peculiar possibilita que consumidores queiram aproveitar-se da situação, retirando várias mídias em sequência até que um dos obstáculos os impeça: seja o limite do espaço em suas bolsas, o travamento da máquina ou até mesmo a intervenção de funcionários da loja. Um usuário compartilhou sua experiência: “Uma máquina totalmente funcional dentro de uma Walgreens. Consegui apenas três discos antes de ser expulso, mesmo tentando explicar que a Redbox não existe mais.” O apelo da empresa e o reconhecimento de sua queda em desgraça gerou cenas tanto cômicas quanto estranhas.
Alguns locais tomaram precauções e começaram a colocar avisos nas máquinas, informando que a Redbox fechou as portas, e, em alguns casos, até mesmo desconectaram os quiosques. Porém, o entusiasmo por estes abrigos de entretenimento não se limita somente ao que é possível pegar. Algumas pessoas estão, de forma legal, questionando se poderiam levar as máquinas embora. Em algumas lojas, a resposta foi afirmativa, levando a um novo mercado de quiosques em casas e garagens. Um usuário relatou ter adquirido oito quiosques por um preço irrisório, utilizando-os como material reciclável. Mas essa não é a única utilização que as máquinas estão recebendo, uma comunidade no Discord foi criada, com mais de 300 membros focados em modificar e criar novos softwares e firmwares para as Redboxes.
A conscientização em relação à legalidade e ética do ato vem à tona frequentemente nas discussões. Muitos na comunidade afirmam que não é correto abrir essas máquinas ou removê-las sem a devida autorização. Apesar de algumas ações mais radicais estarem sendo discutidas, a maioria dos usuários tem se limitado a dividir um espaço em sua vida cotidiana, abordando as máquinas ainda ativas com bolsas e retirando disco após disco. As mídias que antes eram procuradas em suas locações estão, agora, sendo comercializadas em plataformas de venda como eBay, onde pequenas caixas de DVDs da Redbox estão disponíveis a preços variados. Relatos indicam que muitos desses pacotes estão sendo oferecidos por ex-funcionários que tinham estoque em mãos sem orientações sobre o que fazer a respeito.
Essa maré impressionante de pilhagem não apenas reitera a descontinuidade de um serviço que uma vez cativou o público, como também traz à tona a questão sobre o que se torna o legado de um nome uma vez tão forte. Ao observar as trocas de informações nas redes sociais, é interessante notar que muitos estão fazendo descobertas sobre quais filmes eram populares e quais ficaram esquecidos nas prateleiras das máquinas, com um usuário até brincando: “Alguém precisa de uma cópia de Red Right Hand? Eu agora tenho 46.” Na verdade, é uma reminiscência da nostalgia de um tempo em que o aluguel de filmes significava algo muito mais do que apenas um filme na prateleira. A Redbox pode estar morta, mas as recordações e as histórias que ela gerou estão muito vivas.