Washington — O presidente eleito Donald Trump anunciou a nomeação da representante de Nova York, Elise Stefanik, para o cargo de Embaixadora dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas. Essa decisão marca um passo importante para a administração de Trump, uma vez que Stefanik tem sido uma aliada fundamental na Câmara dos Representantes.
Com 40 anos de idade, Elise Stefanik é respeitada como uma das defensoras mais vocais de Trump dentro do Congresso. A expectativa é que sua confirmação ocorra de forma tranquila pelo novo Senado liderado pelos republicanos em janeiro, o que não apenas abrirá espaço para que um novo representante assuma seu cargo na Câmara, mas também criará uma disputa para a cadeira da presidência da conferência republicana.
“Estou honrado em nomear a presidente Elise Stefanik para fazer parte do meu gabinete como Embaixadora dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas,” declarou Trump em um comunicado à CBS News. “Elise é uma lutadora da América em primeiro lugar, incrivelmente forte, firme e inteligente.”
Mas quem é essa figura política que agora assume um papel tão alto na diplomacia americana? Aqui está um panorama sobre a trajetória de Elise Stefanik.
Uma carreira em ascensão: o recorde de Stefanik no Congresso
Elise Stefanik foi eleita para representar o 21º Distrito Congressional de Nova York em 2014 e, aos 30 anos, se tornou a mulher mais jovem a ser eleita para o Congresso. Neste momento, ela cumpre seu quinto mandato e foi reeleita em novembro, derrotando a democrata Paula Collins com mais de 62% dos votos, um claro sinal de seu apoio entre os eleitores.
Stefanik ocupa assentos importantes nas Comissões de Serviços Armados, Educação e Força de Trabalho, e Inteligência, além de ser membro do Subcomitê Seletivo sobre a Criminalização do Governo Federal, que foi criado em 2023 sob o domínio republicano da Câmara, em resposta ao tratamento que muitos republicanos acreditam ter sido injusto por parte dos investigadores federais em relação a Trump.
Ela se destaca como a mulher mais graduada na Câmara, servindo como presidente da conferência do Partido Republicano. Stefanik substituiu a ex-representante Liz Cheney, que foi destituída do cargo por suas críticas ao ex-presidente após o ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio dos Estados Unidos.
Considerada uma das principais defensoras de Trump, Stefanik emergiu como uma aliada crucial durante o primeiro processo de impeachment de Trump, em 2019. No ano passado, ela introduziu uma resolução não vinculativa que buscava “expurgar” ambos os processos de impeachment de Trump pela Câmara.
Mais recentemente, durante este Congresso, Stefanik ganhou as manchetes por suas incisivas perguntas a presidentes universitários durante uma audiência sobre a resposta de suas instituições a incidentes antissemitas, que seguiram os ataques terroristas de 7 de outubro de 2023 por parte do Hamas a Israel. Os presidentes de Harvard, alma mater de Stefanik, e da Universidade da Pensilvânia renunciaram após a audiência.
Embora tenha apoiado pacotes anteriores de ajuda à Ucrânia, Stefanik votou contra um plano que apresentava um envio de US$ 60,8 bilhões para a Ucrânia em sua guerra contra a Rússia, demonstrando que sua posição nem sempre é uma adesão total ao apoio militar.
Posições de Stefanik e o contexto do pleito de 2020
Após as eleições de 2020, Stefanik foi uma das mais de 100 republicanos da Câmara que assinaram um documento submetido ao Supremo Tribunal, em uma tentativa quase heroica de reverter os resultados eleitorais em quatro estados decisivos. Ela também se uniu a outros legisladores republicanos ao certificar os resultados da eleição da Pensilvânia.
“Dezenas de milhões de americanos estão preocupados de que as eleições de 2020 apresentaram uma intervenção inconstitucional por parte de oficiais e juízes não eleitos, ignorando as leis estaduais de eleições,” declarou Stefanik durante um discurso no plenário da Câmara após o ataque ao Capitólio. “Podemos e devemos discutir pacificamente essas preocupações.”
Contudo, mesmo em meio a suas preocupações com a legitimidade do processo eleitoral, a congressista condenou a violência do dia 6 de janeiro, descrevendo-o como um “dia verdadeiramente trágico” para o país. “Todos nós nos unimos em condenar totalmente a violenta e perigosa destruição que ocorreu hoje em nosso Capitólio,” ela afirmou. “Os americanos sempre terão a liberdade de expressão e o direito constitucional de protestar, mas violência de qualquer forma é absolutamente inaceitável e deve ser processada em toda a extensão da lei.”
No início deste ano, Stefanik não se comprometeu a certificar os resultados da eleição presidencial, afirmando que isso dependeria da legalidade e validade da eleição, o que gerou ainda mais polêmica em sua já colorida carreira política.
Formação acadêmica e experiência profissional antes da política
Elise Stefanik é graduada pela Universidade Harvard e trabalhou na Casa Branca durante a presidência de George W. Bush, atuando no Conselho de Política Interna e no escritório do chefe de gabinete. Ademais, foi conselheira do ex-presidente da Câmara, Paul Ryan, durante a campanha presidencial de 2012, quando ele foi o candidato republicano à vice-presidência.
Assistida pelo apoio de seu marido, Matt, e seu filho, Sam, Elise Stefanik se prepara agora para um dos papéis mais desafiadores e influentes da política externa americana, à medida que Trump prepara sua equipe para os próximos quatro anos no cenário global. O futuro da diplomacia americana nas Nações Unidas poderá estar em boas mãos, governadas por uma mulher que alcançou seu espaço com determinação e resiliência.