Recentemente, as tensões em Haiti atingiram novos patamares, levando o país a suspender todos os voos durante um período crítico. O evento que catalisou essa decisão alarmante foi o ataque a uma aeronave da Spirit Airlines, que foi alvejada por tiros enquanto sobrevoava a capital, Porto Príncipe. O incidente gerou ferimentos leves em um membro da tripulação e forçou a companhia aérea a desviar seu voo e aterrissar na República Dominicana. A Autoridade de Aviação Civil do país confirmou que todos os voos para o Aeroporto Internacional Toussaint Louverture foram suspensos até o dia 18 de novembro.
O cenário em que essa tragédia ocorreu não é isolado. A violência patrocinada por gangues, que assola o Haiti há mais de um ano, continua a criar um ambiente caótico que atinge tanto cidadãos quanto diplomatas. Apenas no último mês, um helicóptero da Organização das Nações Unidas (ONU) foi atingido por balas enquanto sobrevoava a mesma região, ressaltando a gravidade da situação contemporânea. O corresponsável pela matéria, um membro da equipe de vôo, relatou ferimentos menores que foram prontamente avaliados por médicos em Santiago, onde a aeronave pousou. Enquanto isso, a empresa propôs a suspensão de seus serviços para Porto-Príncipe e Cap-Haitien.
A ocorrência mais recente não é um incidente isolado. Dados obtidos por meio do FlightRadar24 indicaram que a aeronave desceu a uma altitude de 550 pés sobre o bairro Tabarre, em Porto Príncipe, antes de realizar uma manobra de emergência para evitar o pouso. Um alerta emitido pela Autoridade de Aviação Civil do Haiti confirmou que as operações de tráfego aéreo foram temporariamente interrompidas, com o aviso conhecido como NOTAM, implementado a partir das 14 horas, horário local, e programado para encerrar na próxima segunda-feira.
Além da Spirit Airlines, outras companhias aéreas, como a Sunrise Airways, que opera localmente, também interromperam suas operações indefinidamente. JetBlue e American Airlines, empresas baseadas nos Estados Unidos, se viam obrigadas a cancelar todos os voos até quinta-feira. Este contexto demonstra o impacto direto que a violência local está causando sobre as rotas aéreas e a mobilidade no país.
A situação vem se deteriorando desde fevereiro deste ano, quando ataques coordenados de gangues levaram à interrupção das atividades no aeroporto e no principal porto da capital, fechando o acesso a suprimentos vitais de alimentos e ajuda humanitária. Esse histórico de instabilidade se exacerbou ainda mais devido à ineficiência política que habita as esferas do governo haitiano.
Nova injeção política no Haiti com a nomeação de novo primeiro-ministro
A turbulência política em Haiti não se limitou aos eventos de violência. Recentemente, foi realizada a cerimônia de posse do novo primeiro-ministro, Alix Didier Fils-Aimé, que assumiu o cargo após a destituição de Garry Conille, em uma mudança decisiva após menos de seis meses de governo. Fils-Aimé foi escolhido pelo Conselho Presidencial da Transição na esperança de trazer inovação e estrutura ao governo, em um momento em que a segurança e a estabilidade democrática são mais necessárias.
No evento, Fils-Aimé fez um apelo patriótico, comprometendo-se a restaurar a democracia e a segurança em um país que já lutou contra a agitação de gangues por um longo tempo. Ele citou que “nós estamos em uma transição, um projeto imenso, onde a restauração da segurança é a prioridade para o sucesso dessa transição”. Essa declaração ressoou com aplausos dos presentes, apresentando uma narrativa de esperança em meio ao desespero.
As circunstâncias que levaram à troca de comando revelaram descontentamento entre os membros do conselho. Críticas foram levantadas em relação a Conille, acusando-o de tomar decisões unilaterais sem consultar os demais membros do conselho e de agir indefinidamente nas funções do presidente, criando um ambiente de desconfiança. Mesmo em meio a essas mudanças, a falta de expressão pública do ex-primeiro-ministro em resposta à resolução sugeriu um clima altamente contenção de sua parte.
Com a ascensão de Fils-Aimé, se espera que ações concretas sejam tomadas para estabilizar um país que anseia por paz. O novo primeiro-ministro enfrenta a dura realidade de liderar um governo em uma nação que tem estado em um ciclo interminável de crise e violência, notando que seu sucesso seria crucial não apenas para o seu governo, mas também para a condição do Haiti como um todo. A situação promete ser tanto um desafio a ser enfrentado quanto uma oportunidade de resiliência para o povo haitiano, que espera por dias melhores.