A integração de dados é uma atividade essencial em diversos fluxos de trabalho, desde a inclusão de informações de clientes até o processamento da folha de pagamento. No entanto, para muitos conjuntos de dados, esse processo normalmente se revela longo e manutenível. As informações costumam ficar isoladas em bancos de dados e aplicativos SaaS, cada um deles mantendo os dados em formatos distintos, o que torna desafiador o movimento eficiente de dados entre diferentes sistemas. A startup Lume surge com uma proposta ousada: utilizar inteligência artificial para transformar essa realidade.
O sistema desenvolvido pela Lume emprega inteligência artificial e algoritmos para automatizar o mapeamento de dados. Ele extrai informações de seus silos de dados e realiza a “normalização”, um processo que consiste em converter dados para um formato padronizado, facilitando assim a movimentação e a integração de dados em outros fluxos de trabalho. Uma das dificuldades comuns durante a integração de dados é quando algo dá errado no processo. Quando isso ocorre, o sistema Lume avisa os usuários e utiliza inteligência artificial para tentar solucionar o problema de forma automática. Além disso, a Lume disponibiliza uma API e uma plataforma web, permitindo que seus clientes integrem a Lume diretamente em seus fluxos de trabalho de maneira simples e eficaz.
O que diferencia a Lume de outras ferramentas de mapeamento de dados é seu foco em extrair dados de formatos complexos e aninhados, como JSON, ao contrário da ênfase comum em planilhas ou PDFs. O CEO e cofundador da Lume, Nicolas Machado, relatou à TechCrunch que essa especialização permite que as empresas gastem menos tempo e recursos em comparação com a terceirização desses projetos de dados. “Um dos problemas centrais que observamos é que o deslocamento de dados entre sistemas é um processo totalmente manual e isso ocorre há literalmente 60 anos”, explicou Machado, questionando a ausência de automação até então. “Cada empresa, cada fornecedor e cada integração definem seus dados de forma única, estruturando e compreendendo os dados à sua própria maneira.”
Machado e seus cofundadores, Robert Ross e Nebyou Zewde, têm a experiência necessária para entender a profundidade desse problema. Eles se conheceram como calouros na Universidade de Stanford, onde estudavam ciência da computação com foco em inteligência artificial. Após passagens por empresas de tecnologia, como Apple e OpenDoor, o trio esteve envolvido em diversos projetos de integração de dados. Em 2022, ao perceberem as transformações que a inteligência artificial estava prestes a trazer, decidiram que era a hora certa para enfrentar a questão da integração de dados.
“Todo engenheiro já enfrentou esse problema”, comentou Machado. “Todos precisam lidar com isso. Então nos reunimos, literalmente fomos ao apartamento do Robert, um dos meus cofundadores, e trabalhamos até tarde nas noites.” Assim, em janeiro de 2023, a Lume foi fundada e lançou seu primeiro produto em março do mesmo ano. Depois de passar pelo lote W23 da Y Combinator, a empresa experimentou uma forte demanda, conquistando vários clientes, que variam de startups a empresas da Fortune 500, embora Machado tenha preferido não divulgar informações específicas sobre eles.
A Lume recentemente conseguiu levantar uma rodada de investimento de sementes no valor de 4,2 milhões de dólares, liderada pela General Catalyst, com participação da Khosla Ventures, Floodgate e Y Combinator, além de investidores-anjo. “Eles entendem realmente esse problema e é exatamente por isso que se envolveram com a nossa proposta”, afirmou Machado. “Foram operadores no passado. Eles dizem: ‘Espere, eu fui CEO há 30 anos e esse era um problema. Ele ainda existe? Isso é insano.’” Com essa nova rodada de investimento, a Lume planeja dobrar sua equipe de cinco para dez colaboradores até o início de 2024 e continuar desenvolvendo sua tecnologia inovadora.
Embora a Lume não seja a única empresa a buscar resolver as questões de integração de dados, já que outras startups como a SnapLogic, que levantou 371 milhões de dólares em financiamento de risco, e a Osmos estão na mesma briga, Machado não demonstra preocupação quanto à concorrência. Ele acredita que os algoritmos da Lume e a forma como sua API integra a solução aos fluxos de trabalho existentes das empresas a tornará única no mercado.
No horizonte futuro, a Lume almeja se tornar a cola que une qualquer dois sistemas de dados, facilitando a movimentação contínua e integrada entre eles. “Todos nós amamos dados e somos grandes defensores da importância deles”, concluiu Machado. “A metáfora que usamos é a de petróleo: historicamente, para extrair valor, você precisa processá-lo e usá-lo para mover máquinas e tudo mais. É exatamente isso que os dados são e têm sido.” Com essa visão ousada, a Lume está destinada a redefinir o cenário da integração de dados nos próximos anos, oferecendo soluções inovadoras que simplificam processos e aumentam a eficiência das empresas em um mundo cada vez mais movido por dados.