Dois Pandas Gigantes de China Anunciam Nova Era de Diplomacia em Washington

Em uma ocasião muito esperada, dois pandas gigantes estão a caminho do Zoológico Nacional de Washington, trazendo com eles uma onda de excitação e expectativa. Bao Li e Qing Bao, ambos com três anos de idade, partiram na noite de segunda-feira da base de pesquisa de pandas gigantes em Dujiangyan, uma cidade situada perto do habitat natural dos ursos nas montanhas do sudoeste da China. Os pandas embarcaram em um cargueiro Boeing 777 da FedEx, carinhosamente chamado de “Panda Express”, e partirão em algumas horas em direção à capital americana. Esta é a primeira vez em 24 anos que a China envia um par de pandas gigantes para Washington, uma significativa ocasião que novamente irá trazer a atenção e o carinho do público para esses adoráveis animais.

A última vez que pandas estiveram no zoológico foi no ano passado, quando o par anterior retornou à China com seu filhote, resultando em uma despedida emocionada por parte dos visitantes do zoológico. Desde então, a famosa exibição de pandas do zoológico, que antes atraía milhões de visitantes anualmente, teve que permanecer vazia, enquanto passava por uma reforma que custou um milhão de dólares. Agora, a expectativa para receber os novos residentes é palpável, dado que o zoológico conta os minutos até a reinauguração de sua exibição de pandas.

A diplomacia panda da China em relação aos Estados Unidos representa um raro ponto positivo nas relações tensas entre essas duas potências mundiais, que têm enfrentado desacordos em diversas áreas como comércio, tecnologia e geopolítica. A cerimônia de despedida dos pandas foi realizada em um hotel próximo à base de pesquisa, com a presença de uma delegação do zoológico de Washington, que teve a importante função de ajudar na transição dos animais. Durante a cerimônia, a diretora do zoológico, Brandie Smith, enfatizou os cinquenta anos de colaboração entre o Smithsonian e seus parceiros chineses em iniciativas de conservação de pandas, mencionando a chegada do primeiro par ao zoológico em 1972, como um marco importante na relação entre as duas nações.

Os dois pandas, Bao Li e Qing Bao, estão emprestados ao Zoológico Nacional de Smithsonian por um período de dez anos, com uma taxa anual de um milhão de dólares que será direcionada para apoiar os esforços de conservação na China. Bao Li, apesar de ter nascido em Sichuan, possui raízes familiares profundas em Washington, já que sua mãe, Bao Bao, celebrou seu nascimento como uma estrela no zoológico em 2013 e retornou à China quatro anos depois. Seus avós, Meixiang e Tian Tian, viveram no zoológico por 23 anos até que seu contrato se encerrasse no ano passado, deixando um legado de carinho e dedicação à conservação.

Com o início da jornada de Bao Li e Qing Bao, muito foi feito para garantir que a transferência dos pandas de um continente a outro fosse segura e confortável. A equipe do zoológico de Washington, incluindo uma cuidadora de pandas e um veterinário, passou os últimos dias em Dujiangyan, conhecendo os animais e se preparando para a viagem, que representa um grande desafio devido à sua distância. Bao Li e Qing Bao foram colocados em quarentena no dia 13 de setembro, após o terceiro aniversário de Qing Bao. Neste espaço reservado e tranquilo, longe do agito dos turistas, a equipe cuidou para que os pandas se adaptassem ao novo ambiente e às novas condições antes da viagem.

Ren Zhijun, um dos cuidadores que acompanhou os pandas durante esse período, destacou as personalidades distintas de Bao Li e Qing Bao; enquanto Bao Li se apresenta como ativo e com um apetite voraz por bambu, Qing Bao prefere relaxar e desfrutar de sua higiene do sono. Esses cuidados demonstram o vínculo afetivo que foi formado durante essas semanas juntas, transformando essa despedida em um momento de emoção tanto para os cuidadores quanto para os pandas. O cuidado envolvido na viagem garantiu que eles estariam confortáveis durante todo o trajeto, pois as caixas de transporte foram projetadas para oferecer espaço suficiente e um ambiente acolhedor para os pandas, permitindo que eles se movimentem e se acomodem adequadamente.

A chegada de Bao Li e Qing Bao ao Zoológico Nacional de Washington não é apenas uma nova fase da tão amada exibição de pandas, mas também um reencontro com a história e a cultura que une as duas nações. O envolvimento dos pandas em um programa de “diplomacia panda” começou na década de 70, durante a presidência de Richard Nixon, quando o primeiro par de pandas chegou ao zoológico após uma visita histórica à China. A recepção calorosa que os pandas receberam à época criou um laço afetivo que perdura até os dias atuais, conforme evidenciado pela contínua popularidade e apego da população americana por esses animais. A novidade da chegada dos novos pandas acende a esperança de que os laços entre os Estados Unidos e a China possam ser restaurados por meio de iniciativas de conservação e de amizade.

Entretanto, nem todos em solo chinês estão plenamente satisfeitos com o envio desses novos embaixadores pandas. Um pequeno, mas vocal grupo de influenciadores online manifestou sua insatisfação, levantando preocupações em relação ao bem-estar dos pandas e alegando, sem provas, que zoológicos americanos teriam tratado mal os animais. Estas reivindicações, muitas vezes alimentadas por sentimentos nacionalistas, ganharam espaço nas redes sociais chinesas recentemente, especialmente após a polêmica envolvendo a saúde de Ya Ya, uma panda que esteve no zoológico de Memphis. Contudo, a China Conservation and Research Center for Giant Panda emitiu uma declaração, reafirmando a importância da cooperação internacional na conservação dos pandas e refutando as alegações de maus-tratos, pedindo que as pessoas não se deixem levar por rumores infundados da internet. Este novo capítulo de “diplomacia panda” não apenas representa uma continuidade dos laços entre a China e os Estados Unidos, mas também é um testemunho do impacto positivo que esses emblemáticos animais podem ter em ambas as culturas, reiterando assim a importância da proteção e preservação das espécies ameaçadas.

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