Startup londrina promete facilitar a contratação de serviços e a aquisição de produtos na era digital
O processo de compras, conhecido como procurement, é uma das atividades mais desafiadoras enfrentadas pelas organizações em ambientes corporativos. Compreendendo a solicitação, avaliação e eventual aquisição de tecnologia e outros suprimentos, muitas vezes essa tarefa se torna frustrante e demorada. Embora os profissionais saibam o que necessitam, como a aquisição de um novo aplicativo ou dispositivo, a execução desse processo pode ser repleta de obstáculos. Limites orçamentários, aprovações gerenciais, contratos de tecnologia já existentes, revisões de segurança e negociações de preço são apenas algumas das várias etapas que podem complicar a obtenção desses recursos. Nesse cenário, a startup londrina Omnea surge como uma solução inovadora, tendo recentemente anunciado a captação de US$ 25 milhões em financiamento, sendo US$ 20 milhões em uma rodada de Série A e US$ 5 milhões em uma rodada seed, pela qual estão se apresentando pela primeira vez. Apesar de não divulgar sua avaliação, a empresa indicou o aumento notável de sua receita, que cresceu em oito vezes no último ano, com um portfólio de clientes que inclui grandes nomes como McAfee, Onfido e Typeform.
Fundada por Ben Freeman e Ben Allen, ex-executivos sêniores da empresa de cibersegurança Tessian, a Omnea se formou a partir da frustração e complexidade que acompanhavam o procurement, tanto do ponto de vista da compra, quanto da venda. O CEO Freeman compartilha uma reflexão sobre as experiências vividas, citando a relutância de potenciais compradores em recorrer ao departamento de compras. “Nossos compradores costumavam temer a inclusão de procurement”, revela. Esse medo se intensificava quando eles eram levados a estagiar um processo de compra longo e complexo, apenas para, no final, terem sua proposta avaliada por um profissional de procurement que muitas vezes não estava totalmente alinhado ou informado sobre o contexto. Essa falta de comunicação geralmente resultava em negociações ineficazes, levando a acordos frustrantes ou mesmo à desistência das transações. Portanto, a Omnea propõe-se a resolver esses desafios, que se tornaram mais evidentes à medida que o mundo corporativo se torna cada vez mais interconectado e dependente da tecnologia.
Nos dias de hoje, as atividades de procurement sofreram transformações significativas. Anteriormente vistas como um mero departamento que se limitava a aprovar ou rejeitar solicitações de compras, as demandas atuais tornaram-se muito mais complexas. O advento do escritório sem papel e a crescente popularidade do software como um serviço (SaaS) mudaram radicalmente a forma como as empresas lidam com suas necessidades tecnológicas. As soluções não se limitam apenas a softwares, mas agora também incluem uma diversidade de dispositivos de hardware que requerem atualizações regulares. O Gartner estima que, em 2024, o investimento em procurement globalmente atingirá a expressiva cifra de US$ 5,26 trilhões, um aumento de 7,5% em relação ao ano anterior. Esse desenvolvimento é em parte impulsionado pelo que é conhecido como “imposto da IA”—um reflexo da nova despesa com tecnologias emergentes. Dentro desse novo contexto, a Omnea revela que o tempo médio para concluir um processo de procurement gira em torno de seis meses, envolvendo, em média, até 11 partes interessadas dentro das organizações.
A resposta da startup a todas essas complexidades encontra-se em uma plataforma integrada, impulsionada por inteligência artificial, que promete otimizar os pedidos e melhorar a forma como as empresas respondem a eles. A Omnea se empenha em minimizar a fragmentação ao longo do processo, contextualizando renovações de software com feedbacks de usuários atuais e encaminhando solicitações às equipes adequadas, considerando o que já está disponível na empresa. Adicionalmente, um portal para fornecedores facilita a integração e o trabalho junto aos parceiros. Sonali De Rycker, parceiro da Accel, destaca que a proposta da Omnea abrange a gestão completa, desde o momento da identificação de uma necessidade até o gerenciamento das renovações anuais e do relacionamento com os fornecedores.
No entanto, questões persistem sobre como a área de compras se encaixa na gama de ferramentas de back-office utilizadas pelas empresas, um campo dominado por gigantes como SAP, Workday, Salesforce e Microsoft, todos potenciais aliados e concorrentes da Omnea. Apesar desse ambiente competitivo, isso evidencia as oportunidades que a Omnea pode aproveitar no futuro. O investimento da Accel foi liderado na rodada de Série A, com a participação de First Round Capital e Point Nine, que também lideraram a rodada seed. Entre os investidores estão nomes significativos na indústria, como David Clarke, ex-CTO da Workday, Claire Hughes Johnson, ex-COO da Stripe, e Anne Raimondi, COO da Asana, que reforçam o potencial de crescimento e inovação da Omnea no mercado de procurement.