No lançamento de seu novo livro, Damn Glad to Meet You: My Seven Decades in the Hollywood Trenches, o ator Tim Matheson, aos 76 anos, oferece um olhar fascinante sobre sua carreira e, em particular, sobre sua amizade com o icônico comediante John Belushi. O livro, disponível nas livrarias a partir do dia 12 de novembro, remete aos bastidores de um dos filmes mais memoráveis da comédia americana, National Lampoon’s Animal House, lançado em 1978. Matheson revela, em suas páginas, a complexidade da personalidade de Belushi e o contexto em que atuaram juntos, além de compartilhar memórias que o tornaram reflexivo sobre a vida de seu amigo e colega.

No filme Animal House, Matheson e Belushi interpretaram estudantes de college, integrantes da fraternidade Delta Tau Chi, que rapidamente conquistou o público com suas travessuras. No entanto, o que mais chama a atenção em sua narrativa é a preocupação do diretor John Landis em garantir que Belushi estivesse “limpo” durante as filmagens, especialmente considerando seu histórico com abuso de substâncias. Matheson destaca que, apesar da fama de Belushi como um festa contínua, ele estava realmente sóbrio enquanto gravava, enfatizando que “se ele fizesse algo, era longe do resto de nós, e ele nunca deu sinais de que estava se envolvendo em qualquer atividade irregular”. Essa percepção é notável, já que Belushi, naquele período, era um dos maiores astros da América, conhecido por suas aparições no famoso programa Saturday Night Live e seus reveladores relatos de festas excessivas.

Matheson discorre sobre como a reputação de Belushi precedia sua chegada ao set, levando o elenco a ter expectativas baixas. Os ensaios e as gravações, no entanto, revelaram um Belushi muito diferente do que imaginavam: “Esperávamos um colossal diva drogada de Nova York, mas o que recebemos foi o exato oposto”. Ele faz questão de destacar que Belushi era “maravilhoso, abordável e genuinamente amigável” fora dos holofotes, uma sombra do personagem explosivo que interpretava como ator. Essa dualidade em sua personalidade, segundo Matheson, combinava a energia crua e vibrante de suas performances com um lado mais íntimo e gentil fora das câmeras. No decorrer do livro, Matheson não poupou elogios a como Belushi tratava todos os atores, independentemente de sua origem, o que quebrava a tensão histórica entre atores da Costa Leste e da Costa Oeste nos estúdios de Hollywood.

No entanto, os desafios do estrelato começaram a pesar para Belushi. De acordo com Matheson, ele trabalhava três dias por semana em Animal House, devido ao seu compromisso com Saturday Night Live, voando de volta a Nova York para os shows e a “famosa festa pós-show”. Em um momento emocional em seu livro, Matheson relembra ter visto Belushi cercado de dois enormes guardas cuja única função parecia ser proteger o comediante de ter acesso a drogas. Isso não passava despercebido por Matheson, que notou a exaustão crescente em seu amigo durante as filmagens, especialmente ao relembrar suas experiências sete anos após a produção de Animal House, durante as gravações da comédia 1941, de Steven Spielberg, onde Belushi já não mostrava a mesma energia radiante que o tornara famoso.

O lamento de Matheson é palpável, pois ele reconheceria que as estrelas e a fama têm o poder de transformar e, muitas vezes, arruinar vidas. Ele reflete sobre sua impotência em intervir na vida de Belushi, ponderando: “O conceito de puxá-lo de lado e gritar ‘Você é um dos atores mais talentosos que já conheci! … Não se arruine! Afaste-se das drogas!’ simplesmente não era realista”. Belushi, apesar de seu histórico compartilhado e da amizade cordial, havia se elevado a um status de megastar, tornando qualquer tentativa de assistência algo complicado e muitas vezes fútil. Tragicamente, a ascensão de Belushi foi interrompida em 1982, quando ele faleceu aos 33 anos devido a uma intoxicação por drogas.

Após a morte de seu amigo, Matheson relembra que a tristeza o invadiu, mas que não ficou surpreso com a trágica notícia, um prenúncio do preço que os excessos podem custar. O livro não apenas se propõe a ser uma biografia pessoal de Matheson, mas também um tributo a Belushi, capturando seu espírito e talento inigualável. Em Damn Glad to Meet You, Matheson oferece uma visão clara e concisa de uma era em Hollywood marcada por personalidades intensas e histórias inesquecíveis, enquanto também reflete sobre as consequências de um estilo de vida excessivo que levou à perda de um dos maiores comediantes de sua geração. O livro já está disponível em todas as livrarias e serve como um lembrete tanto da genialidade de seus protagonistas quanto dos desafios que enfrentaram em suas vidas pessoais.

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