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É raríssimo que uma dupla de diretores surja do estado de Minnesota, mas no caso de Don’t Move, Adam Schindler e Brian Netto conseguiram não só chamar a atenção, mas também conquistar um renomado apoio. Desde seus primeiros passos em projetos de filmagem na infância até sua recente colaboração com o veterano Sam Raimi, essa dupla trilhou um caminho singular na indústria cinematográfica.

Amigos desde a infância e influenciados por grandes cineastas, Schindler e Netto começaram a filmar pequenas produções em seus quintais, uma prática que os aproximou ainda mais e moldou suas aspirações futuras. Assim como os Coen, que também iniciaram sua jornada em Minnesota, eles também empreenderam a difícil missão de fazer filmes que deixassem uma marca, usando um aprendizado que não é comum na indústria. A dupla inovou ao dividir tarefas de direção e produção, uma tática que lhes permitiu um equilíbrio criativo que se manifestou em seus projetos posteriores, incluindo Delivery: The Beast Within e Intruders.

Ao longo do caminho, Schindler e Netto se depararam com a oportunidade de trabalhar no intrigante projeto 50 States of Fright, produzido por Sam Raimi. Apesar de ser um experimento falho em termos de plataforma, o projeto permitiu que a dupla fizesse um forte contato com o renomado cineasta, que se mostrou muito satisfeito com o episódio que eles produziram. A colaboração ficou evidente quando, após a conclusão de 50 States, a produtora Zainab Azizi, parceira de Raimi, se empenhou para levar o roteiro de Don’t Move a seu conhecimento.

“Sam estava tão encantado com nosso episódio que falamos inclusive sobre um possível filme derivado”, Netto lembra, ressaltando a importância daquele projeto como uma plataforma de lançamento crucial para Don’t Move. A positiva primeira impressão foi tão forte que, ao ler o roteiro de Don’t Move, Raimi não hesitou e decidiu se reunir com a dupla, reconhecendo o trabalho que já haviam desenvolvido juntos.

Em Don’t Move, a narrativa se aprofunda em um thriller de sobrevivência, onde a protagonista Iris, vivida pela atriz Kelsey Asbille, enfrenta suas próprias tragédias pessoais. O enredo começa, intrigantemente, com Iris prestes a se jogar de um penhasco, mas a situação dá uma reviravolta quando aparece Richard, interpretado por Finn Wittrock, que não é quem parece ser. O aspecto mais singelo dessa trama está na condição de imobilidade imposta à Iris, algo que suscitou discussões interessantes entre a equipe criativa, incluindo Raimi, sobre como gerar comprometimento e tensão narrativa a partir de uma protagonista que não pode se mover por grande parte do filme.

“Raimi expressou suas dúvidas inicialmente, questionando se um personagem paralisado poderia realmente funcionar”, conta Schindler. A confiança de Raimi foi se solidificando à medida que observava a abordagem da dupla no set e se envolvia nas discussões. Fica claro que o apoio não se limitou apenas a questões criativas; houve um investimento genuíno em fazer o filme funcionar da melhor maneira possível, refletindo o compromisso constante de Raimi em apoiar novos talentos e ideias inovadoras.

Finalmente, após um lançamento bem-sucedido e a aquisição pela Netflix, Don’t Move escalou rapidamente para os topos das listas de popularidade da plataforma. O filme tornou-se uma referência dentro do gênero e apresentou desafios narrativos que mostraram a capacidade da dupla em usar limitações a seu favor, solidificando sua posição na indústria. Hoje, a história de Schindler e Netto serve de inspiração, uma prova de que grandes ideias podem nascer de humildes começos e que perseverança e criatividade são essenciais para desbravar novos caminhos dentro do cinema.

Assistir a Don’t Move é, acima de tudo, um convite para refletir sobre como as experiências pessoais moldam as narrativas cinematográficas e como, às vezes, os maiores desafios são também as maiores oportunidades de crescimento e aprendizado na carreira.

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