A seleção masculina de futebol da Nigéria, conhecida como Super Eagles, decidiu boicotar a partida contra a seleção da Líbia programada para ocorrer em Benghazi, no contexto das eliminatórias para a Copa Africana de Nações (AFCON) de 2025. A decisão foi motivada por uma série de eventos infelizes que culminaram em um incidente embaraçoso no qual os jogadores da Nigéria se viram obrigados a passar mais de 15 horas em um aeroporto remoto, em condições adversas. O episódio, que foi amplamente noticiado, agrava as tensões entre as federações de futebol nigeriana e líbia, além de suscitar questionamentos sobre os protocolos de recepção de equipes visitantes no futebol africano.
Os Super Eagles, que são considerados uma das seleções mais respeitadas do continente africano, enfrentaram sérios contratempos logísticos após o desvio de seu voo charter para o Al Abraq Airport, um aeroporto localizado a cerca de 200 quilômetros de Benghazi. Inicialmente, o avião da ValueJet deveria aterrissar em Benghazi, mas foi redirecionado de forma repentina enquanto o piloto se preparava para a descida. A Federação Nigeriana de Futebol (NFF) expressou sua indignação com a situação, ressaltando que o Al Abraq é um aeroporto que normalmente só atende operações de hajj, o que levanta questões sobre a adequação do local para receber uma delegação esportiva.
A NFF relatou que, além do desconforto da intolerável espera, a seleção não recebeu assistência adequada por parte da Federação Líbia de Futebol (LFF), que falhou em enviar uma equipe para acolher os jogadores e a comissão técnica. Sem transporte disponível para levá-los ao hotel, que se localizava a três horas de distância, os jogadores, já fatigados, ficaram sem opções e sem comunicação, enfrentando um cenário desolador em um aeroporto isolado. Segundo informações da própria NFF, mesmo que um transporte tivesse sido organizado antes do desvio, essa logística tornou-se inviável, o que exacerbou ainda mais a situação desconfortável do time nigeriano.
Em resposta à repercussão do episódio, a LFF declarou que respeita profundamente seus colegas nigerianos e insistiu que o desvio de voo não foi intencional, afirmando que não houve tentativa de sabotagem ou má fé. Essa declaração, no entanto, não parece ter acalmado os ânimos na delegação da Nigéria, que se sente desrespeitada e vulnerável. O capitão da seleção nigeriana, William Troost-Ekong, fez críticas contundentes em suas redes sociais sobre a situação, descrevendo as dificuldades enfrentadas no aeroporto e denunciando o que ele chamou de “jogos mentais”. Essa afirmativa lançada por Troost-Ekong ilustra a crescente tensão entre as seleções e a instabilidade que eventos como esse podem causar nas relações entre os países na esfera do futebol internacional.
A seleção nigeriana havia vencido a Líbia em um jogo anterior, consolidando sua posição no grupo D das eliminatórias, onde lidera com 7 pontos, enquanto a Líbia permanece na última colocação com apenas um ponto. O resultado positivo à parte, a situação atual gerou uma grande inquietação entre os jogadores, que inclusive publicaram apelos para retornar ao seu país devido ao estresse vivido na viagem. O atacante Victor Boniface manifestou preocupação em sua conta nas redes sociais, afirmando que os jogadores apenas desejavam voltar para casa. O clima de insegurança e desconfiança abriu espaço para incertezas sobre as repercussões do não comparecimento ao jogo, que afetam não apenas as duas seleções, mas também o próprio desenvolvimento do futebol africano.
Em meio a esse cenário conturbado, é importante ressaltar que estes eventos não são apenas reflexo de falhas logísticas ou administrativas, mas também representam um abalo nas relações diplomáticas entre nações. O tratamento de seleções visitantes, especialmente em um continente que busca ampliar a visibilidade e o respeito ao esporte, é fundamental para a imagem do futebol africano. Os Super Eagles mostraram que a dignidade e o respeito devem prevalecer, não apenas no campo, mas principalmente fora dele. Assim, o boicote da seleção nigeriana serve como um alerta sobre a importância de manter altos padrões de tratamento e segurança para todas as equipes envolvidas nas competições continentais.