Com a expectativa de um ambiente favorável para negócios, magnatas estão mirando grandes movimentos para consolidar emissoras locais lucrativas enquanto a administração Trump se prepara para uma reestruturação na mídia.
Os anos 1850 foram marcados pela corrida do ouro, onde investimentos foram direcionados ao ocidente para financiar a mineração do precioso metal. Já o início do século 20 foi impulsionado pelo boom do petróleo, com uma demanda crescente por produtos derivados do petróleo. Embora o espectro de transmissão não seja tão valioso quanto o ouro nem tão versátil quanto o petróleo, há sinais iniciais de que, a partir de 2025, ele será o ativo que fará Wall Street salivar. Estamos testemunhando o que se pode chamar de “A Grande Aquisição de Transmissões”.
A administração Trump que se aproxima deixou claro que a desregulamentação estará no topo da lista de prioridades, e as empresas que possuem estações de TV locais — como a Nexstar, Sinclair, Gray, E.W. Scripps e Tegna, entre muitas outras — estão praticamente eufóricas com o que isso pode significar para elas.
A chabenha aponta que executivos de estações de TV parecem acreditar que essas mudanças significativas estão a caminho. Após as chamadas de lucros das empresas de televisão, ficou evidente que havia um alívio coletivo na indústria. Chris Ripley, CEO da Sinclair, comentou com entusiasmo no dia 6 de novembro, dizendo: “Estamos muito animados com o próximo ambiente regulatório”, enquanto Mike Steib, da Tegna, também refletiu a sensação de renovação ao afirmar que a situação atual da regulação precisa ser reavaliada.
O CEO da Nexstar, Perry Sook, destacou que o foco principal de sua empresa e da NAB (National Association of Broadcasters) está em desregulamentar a propriedade em níveis nacional e local. Ele acredita que, com a saída da presidente da FCC, Jessica Rosenworcel, em 2025, a nova administração provavelmente adotará uma postura mais favorável aos negócios, provocando uma série de desregulamentações no setor.
Restando apenas um pouco mais de tempo até 2025, a expectativa é palpável, e o mercado já começa a reagir. Steven Cahall, da Wells Fargo, atualizou a Sinclair de “subponderar” para “ponderar igual” após a eleição, prevendo que uma FCC genuinamente republicana melhoraria as perspectivas para as emissoras ao promover a desregulamentação que permitirá a consolidação.
Sob a liderança de um governo que promete mudar as regras do jogo, as emissoras estão profundamente focadas na FCC. As novas regras podem se alinhar a ações rápidas, como relaxar as regras de duopólio e aplicar o “UHF Discount”, permitindo que os proprietários de estações ampliem suas aquisições por meio da compra de estações na frequência UHF.
A desatualização das leis em relação às transmissões locais é notável, especialmente em uma época em que o streaming contorna o tradicional consumo de mídia. Alan Wolk, fundador e principal analista da TVREV, permaneceu otimista sobre as possibilidades, mas alertou que o caminho ainda é longo, pois muitos desafios ainda precisam ser superados.
Além disso, os executivos de estações de TV frequentemente voltam sua frustração para as grandes empresas de tecnologia, como Google e Meta, que monopolizam a receita publicitária, uma fatia que outrora era dominada pelas emissoras. Schwikert enfatizou que “o Google gera 50 vezes a receita publicitária de qualquer emissora em nossos mercados”, enfatizando o contraste e a dificuldade de competição.
À medida que as negociações avançam, algumas mudanças que exigem apoio do Congresso estão na lista de desejos das emissoras. Dentre as mudanças, a maior seria a eliminação do limite de propriedade nacional, que atualmente limita a um proprietário controlar 39% dos lares de TV em todo o país. Se esta barreira for removida, é quase certo que veremos a primeira emissora nacional possuindo estações em todos os mercados locais em um curto espaço de tempo.
Começar uma nova era na televisão ligada às novas realidades do mercado demanda coragem e uma vontade renovadora de adaptação. Sook expressou essa ideia quando mencionou que“a real competição da nossa indústria vem das grandes tecnológicas que têm acesso irrestrito a todas as telas na América, enquanto nosso acesso é restringido por regulamentações que não são adequadas para a era digital”.
A visão de Sook coincide com a ideia de que a indústria de broadcasting precisa de empresas fortes para competir em pé de igualdade com as gigantes da tecnologia, tanto para audiovisual como para a publicidade em todas as plataformas disponíveis, não apenas algumas. O cenário atual demanda uma reavaliação para que o audiovisual possa competir nos diversos meios que a sociedade usa atualmente.
A postura franca sobre essas mudanças necessárias indica que o apoio bipartidário pode surgir, com os republicanos olhando para a desregulamentação e os democratas visando ajudar a sustentar os veículos de notícias locais, que estão em declínio. Por sua vez, a Nexstar, com uma visão nacional, está se posicionando para fazer movimentos estratégicos assim que as regras mudarem, entendendo que o jogo pode mudar rapidamente para aqueles que puderem se adaptar e serem audaciosos.
À medida que as expectativas se intensificam e a regulamentação evolui, aguarda-se uma verdadeira corrida na aquisição de emissoras, com destacadas participações de gigantes como Sinclair e Tegna, enquanto Nexstar busca expandir sua presença nacional. O mundo do broadcasting pode estar prestes a passar por uma transformação disruptiva, provocando uma reestruturação que redefine o ecossistema da mídia e do entretenimento.
Diante do potencial devastador da concorrência de tecnologia e mudanças nas normas de propriedade, a trajetória futura do broadcasting contemporâneo é tanto um desafio quanto uma oportunidade que se configura na iminência de um novo horizonte. O que ocorre nos próximos anos deve moldar o futuro da mídia bem além das telas tradicionais, divergindo para uma nova era de inovação e conciliação entre as forças da tradição e da modernidade.
À medida que entramos nesta nova fase do broadcasting, é imperativo que continuemos a examinar o impacto de estas mudanças, que não são apenas sobre a aquisição de empresas, mas também sobre a maneira como consumimos e interagimos com a mídia. O futuro pode estar mais próximo do que parece, e como bons espectadores, devemos nos preparar para novas histórias que estão prestes a ser contadas na tela que nos conecta a todos.
Espera-se que novas tendências e dinâmicas emergem à medida que a regulamentação avança e os ímpetos do progresso se intensificam, resultando em renovadas conversas sobre o localismo, a diversidade e a capacidade das plataformas de mídia em abraçar um papel mais inclusivo numa sociedade em constante evolução. É um momento empolgante e desafiador para o setor.
Portanto, mantenha-se atento! O mundo da mídia está em movimento e estamos prestes a testemunhar uma nova revolução que pode reconfigurar tudo o que acreditamos saber sobre a comunicação e o entretenimento.