Recentemente, o Senado dos Estados Unidos testemunhou a ascensão do senador republicano John Thune, do estado de Dakota do Sul, como o próximo líder de sua bancada. Essa mudança é significativa, pois Thune está destinado a se tornar o líder da maioria, a partir do próximo ano, um cargo que implica em um papel crucial na condução da agenda do presidente eleito Donald Trump através do Congresso. A escolha de Thune, atualmente ocupando a função de “whip” da minoria, coloca-o numa posição de proeminência em um momento em que o Partido Republicano busca consolidar sua linha de ação sob a liderança de Trump.
A eleição de Thune foi marcada por um processo de votação secreto que ocorreu contra o senador da Flórida, Rick Scott, um nome que também contava com o apoio de algumas figuras proeminentes próximas a Trump, como Elon Musk e Tucker Carlson. Além disso, outro aliado de McConnell, o senador John Cornyn, também participou da competição. Na segunda rodada da votação, Thune obteve 29 votos contra 24 de Cornyn, selando, assim, sua ascensão ao cargo de líder da maioria quando o novo Congresso tomar posse em 3 de janeiro. Essa vitória é um reflexo da confiança que a liderança tradicional do partido ainda exerce sobre a base republicana.
A liderança de Thune se destaca não apenas pelo apoio que conquistou, mas também pela ênfase que coloca em alinhar-se com a agenda de Trump. Em uma peça de opinião publicada recentemente no site da Fox News, Thune enfatizou a importância de os republicanos apoiarem as prioridades do presidente eleito. Ele listou questões centrais como a restrição à imigração, a redução de preços, o aumento da produção de energia doméstica e a aprovação de legislações fiscais como fundamentais para o sucesso do partido. Thune alertou: “Não podemos nos dar ao luxo de tomar essa coalizão como garantida. Se falharmos em atender às prioridades do Presidente Trump, perderemos seu apoio.” Este chamado à ação foi uma tentativa de unir a bancada republicana em torno de um conjunto coeso de objetivos.
No entanto, a liderança de Thune não será isenta de desafios. O senador logo terá que lidar com a controvérsia em torno do pedido de Trump para que o Senado utilize nomeações em recesso para instalar seus indicados, evitando o processo de confirmação formal que é crucial para a oposição. Thune, junto com os outros senadores que concorreram à liderança, já expressou apoio a essa demanda, o que sinaliza uma disposição em acelerar a agenda de Trump assim que ele assumir o cargo. A rapidez com que Thune se posiciona em apoio a Trump pode infundir uma nova energia ao Senado liderado por republicanos, refletindo um desejo de atender imediatamente às demandas do novo presidente.
John Thune, de 63 anos, tem uma história complexa em relação a Donald Trump. Em 2016, após o escândalo do “Access Hollywood”, Thune chegou a sugerir que Trump deveria abandonar a corrida presidencial, embora mais tarde tenha declarado que votaria nele. Além disso, sua condenação às ações de Trump no tumulto de 6 de janeiro, que culminou na tentativa de impeachment, também revela suas nuances em relação ao ex-presidente. Apesar de suas reservas ao longo dos anos, Thune acabou por se alinhar à maioria do partido, votando pela absolvição durante o processo de impeachment, o que lhe garantiu o apoio contínuo dentro do Partido Republicano.
Trump, por sua vez, não esqueceu os momentos de tensão entre eles. O ex-presidente chegou a sugerir que a governadora de Dakota do Sul, Kristi Noem, desafiaria Thune nas primárias de 2022, embora isso não tenha se concretizado e Thune tenha vencido as primárias e a eleição geral com ampla margem. Em um movimento surpreendente, Thune também se tornou um apoiador de Tim Scott, senador da Carolina do Sul, nas primárias presidenciais republicanas, mas como a popularidade de Trump crescia novamente, Thune começou a procurar formas de restaurar seu relacionamento com o ex-presidente.
Recentemente, Thune se encontrou com Trump na propriedade Mar-a-Lago, na Flórida, e eles permaneceram em contato. Além disso, ele se reuniu com líderes da equipe de transição de Trump em Washington, destacando seu desejo de colaborar e se reconectar com a base do partido. Thune, que fez sua primeira entrada no Senado em 2004, conquistou sua posição após uma vitória inesperada contra o então líder democrata Tom Daschle. Esse fundo histórico ressalta sua habilidade política e a resiliência que o levaram a emergir como um dos principais líderes republicanos nos dias atuais.