A escassez de profissionais na área de saúde é uma preocupação crescente no cenário atual, especialmente com as consequências que a pandemia trouxe para diversas profissões. A startup Stepful, fundada por Carl Madi e Tressia Hobeika, surge como resposta a essa crise ao oferecer uma solução inovadora com apoio de inteligência artificial. Recentemente, a empresa anunciou a captação de 31,5 milhões de dólares em uma rodada de financiamento Série B, que será utilizado para expandir seu alcance e melhorar a formação de profissionais da saúde. Mas, como a Stepful realmente opera e como isso pode impactar o futuro do setor de saúde?

Antes da pandemia, Carl Madi dedicou grande parte de sua carreira a promover o trabalho por meio de plataformas como Uber e Handy, ajudando motoristas e prestadores de serviços a ingressarem na economia colaborativa. No entanto, ao testemunhar a perda abrupta de empregos durante o pico da crise sanitária, Madi percebeu uma oportunidade que poderia não apenas transformar vidas, mas também ajudar a suprir uma necessidade crítica no mercado: a escassez de assistentes médicos. Essa profissão, além de ser altamente estável em tempos de recessão, oferece salários e benefícios atraentes, levando Madi a questionar como poderia facilitar a transição de trabalhadores de funções menos valorizadas para o setor da saúde.

Com a intenção de ajudar esses trabalhadores, Madi investigou as opções de formação disponíveis e descobriu que a maioria das rotas para se tornar um assistente médico ou técnico de farmácia envolvia escolas técnicas ou faculdades comunitárias, que poderiam levar de um a dois anos e custar até 20 mil dólares. Em resposta a essa realidade, ele se uniu a Tressia Hobeika, ex-funcionária da Udacity, e fundou a Stepful em 2021. Essa plataforma online utiliza inteligência artificial para treinar indivíduos para empregos de nível inicial em saúde em apenas quatro meses e a um custo médio de 2,5 mil dólares, um investimento consideravelmente mais acessível e rápido.

Desde sua fundação, a Stepful experimentou um crescimento notável. No seu primeiro ano, contava com apenas 50 alunos inscritos, enquanto para 2024, a expectativa é alcançar 30 mil novos alunos. Esse aumento significativo é um claro reflexo da demanda crescente por serviços de saúde e da eficácia do modelo de ensino oferecido. Madi destaca como a Stepful combina flexibilidade e estrutura. Os estudantes têm a liberdade de realizar a maior parte dos estudos de forma assíncrona e em pequenos módulos em seus dispositivos móveis, mas ainda é obrigatória a participação em uma aula semanal com instrutor e em atividades em grupo, criando um ambiente de aprendizado colaborativo. “É uma maneira muito mais envolvente de aprender,” afirma Madi.

Após a conclusão do curso online, a Stepful aloca automaticamente os alunos para estágios práticos em uma das 8 mil clínicas ou hospitais parceiras em todo o país, onde recebem treinamento prático que pode durar de um a dois meses. Essa forma de conjugação teórica e prática é especialmente bem-vinda em um setor carente de mão de obra, visto que os empregadores demonstram interesse em acolher os alunos. “O que eles dizem é, ‘vamos acolher esses alunos. Podemos treiná-los e, se gostarmos deles, os contrataremos,’” revelou Madi.

Outro ponto forte da Stepful é sua impressionante taxa de graduação de 75%. A empresa utiliza IA para enviar mensagens personalizadas a alunos que estão tendo dificuldades em acompanhar a carga de trabalho. Além disso, se esse recurso não for suficiente, um treinador humano intervém para fornecer incentivo adicional. “As pessoas sentem que são apoiadas, cuidadas e que temos um olhar sobre elas,” diz Madi, destacando a atenção individual que cada aluno recebe.

A recepção ao modelo de aprendizado da Stepful não é apenas calorosa entre os alunos; os investidores também estão se interessando pela startup. Na última quarta-feira, foi anunciada a captação de 31,5 milhões de dólares em uma rodada de financiamento Série B, liderada pela firma de investimentos Oak HC/FT, com a participação de outros investidores estratégicos, incluindo Y Combinator e Reach Capital. Essa nova injeção de capital vem menos de nove meses após a arrecadação de 12 milhões de dólares na rodada Série A. “Nós temos observado uma enorme demanda por profissionais de saúde aliados,” afirmou Vig Chandramouli, parceiro da Oak HC/FT. De acordo com a American Hospital Association, o sistema de saúde dos Estados Unidos deve enfrentar uma escassez de 3,2 milhões de trabalhadores em breve, incluindo técnicos e assistentes médicos, bem como enfermeiros e profissionais de saúde mental.

Os investidores, como a Oak HC/FT, analisaram outras startups que buscam solucionar a escassez de profissionais de saúde, mas notaram que empresas de recrutamento, como a Nomad Health, têm margens brutas limitadas e não aumentam a oferta de profissionais no mercado. Chandramouli elogia a proposta da Stepful, que visa transformar trabalhadores com remuneração horária em profissionais da saúde com salários fixos e benefícios adequados. Ele ainda enfatiza a sagacidade da Stepful em alavancar a inteligência artificial generativa, garantindo que seus indicadores se assemelhem mais aos de um negócio de tecnologia, com uma intervenção humana minimamente necessária em comparação a programas educacionais tradicionais.

A trajetória da Stepful ilustra não apenas uma resposta inovadora a um problema comum no setor de saúde, mas também como o uso da tecnologia pode transformar vidas e criar novas oportunidades para aqueles que buscam um futuro mais promissor. Num mundo que enfrenta tantas incertezas, iniciativas como essa asseguram que a formação de novos profissionais de saúde continue a evoluir, trazendo esperança para empregadores e pacientes.

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