Atualmente, em várias cidades dos Estados Unidos, a aquisição da casa própria exige um salário anual de seis dígitos, incremento que reflete não apenas a valorização do imóvel, mas também as dificuldades financeiras que muitos americanos enfrentam. Para ser mais exato, um estudo recente da Oxford Economics aponta que uma família precisa ganhar ao menos $107.700 para poder arcar com a aquisição de uma nova casa unifamiliar, sem esquecer dos impostos e seguros imobiliários, no terceiro trimestre deste ano. Este valor é quase o dobro da renda necessária, que era de $56.800, em 2019 para conseguir obter um lar.
O aumento significativo dos preços de imóveis tem revelado um panorama desafiador para aqueles que almejam adquirir sua residência própria. O estudo ressalta que, atualmente, apenas 36% dos lares nos EUA têm condições financeiras de comprar uma nova casa, em contraste com 59% que podiam fazê-lo no terceiro trimestre de 2019. Essa mudança drástica no acesso à propriedade reflete a crescente crise de acessibilidade habitacional que muitos cidadãos enfrentam em sua busca por um teto.
Um dos fatores que causou essa mudança exorbitante nos preços e na demanda por imóveis foi a pandemia em 2020, que desestabilizou a economia, incluindo o mercado imobiliário. O cenário de incertezas levou muitos americanos a se mudarem em busca de casas mais espaçosas, gerando um aumento na concorrência e, consequentemente, uma elevação acentuada dos preços em diversas cidades dos Estados Unidos.
Além disso, o estudo revela que San Jose, na Califórnia, destacou-se como a região metropolitana mais cara dos Estados Unidos, onde o preço médio de uma casa chegou a impressionantes $1,89 milhão no terceiro trimestre de 2024, exigindo que uma renda anual de $461.000 fosse adquirida para que uma família pudesse sanar as despesas com a habitação. Além de San Jose, outras cidades californianas, como San Francisco, Los Angeles e San Diego, figuram entre os destinos mais caros.
Por outro lado, as cidades que apresentaram maior acessibilidade para aquisição de imóveis estão, em sua maioria, localizadas no Meio-Oeste, incluindo Cleveland, Louisville, Detroit e St. Louis, onde a renda necessária para cobrir os custos habitacionais varia entre $64.600 e $75.300, conforme indicam as análises realizadas pela Oxford Economics.
Para definir a questão da acessibilidade habitacional, a Oxford Economics considerou se os pagamentos mensais de uma casa ultrapassam 28% da renda de uma pessoa. É uma métrica crucial, visto que determina a viabilidade da hipoteca que muitas famílias devem considerar em seu planejamento financeiro.
O impacto do fluxo migratório de aposentados para cidades da Flórida, Arizona e Carolina do Sul também foi notado, resultando em uma queda acentuada na acessibilidade dos imóveis nesses locais nos últimos cinco anos. Esse fenômeno não apenas realçou a competição pelo espaço, mas também os preços dispararam com a adesão de novos compradores.
Um dos principais responsáveis pela atual crise de acessibilidade habitacional é o aumento das taxas de juros dos financiamentos. Conforme ressaltou Barbara Denham, economista sênior da Oxford Economics, “enquanto o preço das casas aumentou em todas as regiões metropolitanas, a elevação das taxas de juros foi ainda mais significativa, pois as taxas quase dobraram de 3,7% no terceiro trimestre de 2019 para um pico de 7,3% no quarto trimestre de 2023”. Essa afirmação traz à tona a difícil realidade enfrentada por aqueles que tentam financiar uma casa neste novo e desafiador cenário econômico.
As taxas de juros dos financiamentos imobiliários, que expressam o custo que um credor impõe sobre um empréstimo, dispararam em 2022 e 2023, à medida que o Federal Reserve aumentou as taxas de juros para combater a inflação. Embora as taxas de juros tenham diminuído um pouco desde o auge do ano passado, a média de um financiamento fixo de 30 anos estava em 6,79% na última semana, ainda superior a qualquer valor registrado entre 2008 e 2022, o que tem impactado significativamente o valor das parcelas que muitos americanos devem pagar mensalmente em sua jornada rumo à casa própria.
O cenário atual apresenta um desafio angustiante para as famílias que sonham em adquirir uma casa própria, levando em consideração não apenas o vasto mercado imobiliário, mas também as variáveis econômicas que se interligam, criando um emaranhado de Aspirações, realidades financeiras e desafios de acessibilidade.