A crescente posse de veículos privados e a diminuição do uso do transporte público e de modais não motorizados têm gerado congestionamentos significativos nas cidades da Índia, o país mais populoso do mundo, que, por sua vez, enfrenta vias mais estreitas e instalações de estacionamento inadequadas. Reconhecendo esses desafios, o governo indiano, sob a liderança do Primeiro-Ministro Narendra Modi, tem se empenhado em encontrar soluções inovadoras e ágeis para esses problemas urbanos.

Interesses do governo indiano e a nova realidade dos táxis aéreos

No mês de setembro, durante um evento significativo, Modi declarou que os táxis aéreos logo serão uma “realidade na Índia”, o que reflete o crescente interesse do governo em apoiar essa nova modalidade de transporte. A Diretoria Geral de Aviação Civil da Índia também se movimentou recentemente, elaborando regras específicas para vertiportos, criando assim as bases para a implementação de táxis aéreos no país. Essa movimentação abre as portas para inovações na solução do problema de mobilidade urbana, permitindo que novas empresas explorem este nicho promissor.

ePlane: uma startup pronta para decolar

A ePlane Company é uma das startups que pretende aproveitar esse novo horizonte. Fundada em 2019 pelo professor de engenharia aeroespacial do IIT Madras, Satya Chakravarthy, a empresa está desenvolvendo seu veículo elétrico de decolagem e pouso vertical, o e200x. Essa iniciativa surge alguns meses após a criação de drones não tripulados para aplicações de carga e filmagens. O professor Chakravarthy tem um histórico impressionante no setor, sendo cofundador e conselheiro em startups de tecnologia espacial da Índia, como Agnikul e GalaxyEye, além de estar envolvido em uma iniciativa voltada para hyperloop chamada TuTr Hyperloop.

Em conversa com a publicação especializada TechCrunch, Chakravarthy revelou que a ePlane obteve patentes no desenvolvimento de aeronaves voltadas para o transporte intra-urbano e carga, caracterizadas por uma velocidade de voo moderada e uma envergadura compacta de oito metros—diferente dos táxis aéreos tradicionais, que costumam ter envergaduras de 12 a 16 metros. Isso permitirá que o e200x pousar em espaços reduzidos e realizar até 60 viagens curtas em um único dia. O tempo de deslocamento poderá ser reduzido em até 85%, com o custo sendo inferior ao dobro da tarifa normalmente paga em um serviço como o Uber, segundo suas estimativas.

Inovações tecnológicas e o futuro do transporte aéreo

A maioria dos veículos eVTOL atualmente opera como multirrotores semelhantes aos drones comerciais, mas o e200x apresenta uma configuração de lift-plus-cruise. Essa abordagem inovadora combina uma arquitetura com asas, típica de aviões, com rotores verticais similares aos dos drones, o que pode oferecer vantagens significativas em termos de eficiência e confiabilidade, estabelecendo uma redundância na sustentação do peso da aeronave. Chakravarthy explica que essa configuração já se provou confiável, permitindo que a aeronave mantenha a base de sustentação durante a transição do voo vertical para o voo horizontal.

Outra tecnologia desenvolvida pela ePlane é a chamada “sustentação sinérgica”, que envolve o uso de rotores verticais mesmo durante o voo horizontal, tornando as asas mais compactas e eficientes. As instalações da ePlane no IIT Madras estão dedicadas à fabricação de componentes essenciais para suas aeronaves, como partes da fuselagem e design de assentos e hélices. Enquanto as células das baterias são terceirizadas, a montagem delas ocorre na própria instalação da startup, permitindo um controle aprimorado sobre o centro de gravidade da aeronave.

Perspectivas de comercialização e o suporte financeiro recebido

Com o objetivo de comercializar seu táxi aéreo elétrico entre 2026 e o meio de 2027, a ePlane está em fase de obtenção das certificações necessárias tanto do governo indiano quanto de órgãos reguladores globais. O professor Chakravarthy prevê que o protótipo da aeronave será desenvolvido na primeira metade de 2025. Recentemente, a startup levantou impressionantes US$ 14 milhões em uma rodada de investimentos da Série B, co-liderada pela Speciale Invest e pelos Ventures Antares de Singapura. Essa rodada totalmente em ações contou também com a participação de Micelio Mobility, Naval Ravikant, Java Capital, Samarthya Investment Advisors, Redstart (do Naukri) e Anicut, valorizando a startup em US$ 46 milhões, mais que o dobro da sua avaliação anterior de US$ 21 milhões.

O novo capital obtido será crucial para que a ePlane busque as certificações regulatórias globais necessárias, além de ampliar seus esforços de comercialização, com um quadro de mais de 100 colaboradores dedicados a essa missão. O sucesso da ePlane na Índia poderá abrir portas para a entrada em outros mercados promissores, como o Oriente Médio, Sudeste Asiático, Austrália e Europa.

O futuro dos táxis aéreos é promissor

Em suas declarações, Chakravarthy expressou uma visão otimista sobre o futuro, afirmando que a empresa trabalha com a convicção de que o que é benéfico para a Índia será igualmente vantajoso para o mundo. Com a visão ousada do governo indiano e as inovações propostas pela ePlane, a realidade dos táxis aéreos poderá não ser apenas uma utopia para o país, mas uma contribuição significativa para a mobilidade urbana global.

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