Recentemente, um caso alarmante de gripe aviária destacou-se na mídia após um adolescente canadense ser hospitalizado em estado crítico, gerando preocupações sobre a propagação dessa doença raramente detectada em humanos. Informações divulgadas na terça-feira por autoridades de saúde confirmam que o jovem está recebendo cuidados no BC Children’s Hospital, em Vancouver, desde a última sexta-feira, dia em que um teste inicial apontou positivo para o vírus H5. O resultado, posteriormente confirmado pelo governo, revelou que o tipo específico deste vírus é o H5N1, conforme noticiado pela Agência de Saúde Pública do Canadá. Este estrato é conhecido por causar surtos entre aves e geralmente é associado a baixas taxas de infecção em humanos.
Os primeiros sinais clínicos da infecção começaram uma semana antes da internação do adolescente, apresentando sintomas como conjuntivite, febre e tosse. Com o agravamento do quadro clínico, a doença evoluiu para a síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA), condição que, como mencionado pela Dra. Bonnie Henry, epidemiologista e funcionária de saúde provincial de British Columbia, requer, normalmente, suporte respiratório, como ventilação mecânica. Embora detalhes específicos sobre o tratamento do jovem não tenham sido divulgados, sabe-se que ele está recebendo medicamentos antivirais. É importante notar que, até este momento, esse representa o primeiro caso conhecido de gripe aviária adquirida dentro do Canadá, já que um caso isolado foi registrado em 2014, mas relacionado a viagens internacionais.
Ainda não se sabe como o adolescente contraiu essa variante do vírus. Desde 2022, o H5N1 tem circulado amplamente entre aves selvagens, aves domésticas e mamíferos, incluindo gado na América do Norte. Como essa é uma ocorrência rara e preocupante, as autoridades de saúde estão empenhadas em realizar uma investigação exaustiva para determinar a origem da infecção. Em suas declarações, a Dra. Henry enfatizou a importância dessas investigações dado o caráter inesperado do evento. Ela ressalta que, embora não existam evidências de que mais pessoas tenham adoecido após o contato com o menor, mais de 40 indivíduos que estiveram em contato com o jovem durante o seu período infeccioso estão sendo monitorados.
Curiosamente, diversos casos de infecção por H5N1 foram reportados nos Estados Unidos neste ano, totalizando 46 infecções humanas confirmadas, com a maioria envolvendo trabalhadores rurais que cuidavam de animais infectados. Até o momento, todos esses casos foram considerados leves, e os indivíduos se recuperaram após receber tratamento antiviral. Contudo, os casos observados até então eram de adultos, e a Dra. Henry sugeriu a possibilidade de que a gravidade do caso do adolescente se deva à menor exposição a cepas sazonais do vírus, o que talvez poderia conferir alguma proteção cruzada contra infectos relacionados ao H5.
Descrevendo-se como saudável antes do aparecimento dos sintomas, o jovem começou a se sentir mal no dia 2 de novembro. Após visita ao pronto-socorro, ele foi mandado para casa, retornando ao hospital alguns dias depois, quando sua condição havia piorado. As autoridades de saúde estão realizando testes em várias outras pessoas da província com o intuito de obter uma compreensão mais clara sobre o que está acontecendo e, até o momento, não identificaram outro indivíduo adoecido. “Não vemos, no momento, um risco significativo de outras pessoas se contaminarem”, assegurou a Dra. Henry.
Além disso, mais de 20 fazendas de aves de capoeira em British Columbia foram afetadas pelo H5N1, levando à destruição de cerca de 11 milhões de aves desde o início da epidemia. Ao contrário do que foi observado nos Estados Unidos, até o presente momento não se detectou H5N1 em gado leiteiro ou em seus derivados no Canadá. A Dra. Henry também comentou a respeito das possíveis exposições a animais, mencionando que o adolescente tinha contato com outros pets em sua casa, no entanto, nenhum deles testou positivo para o H5N1. Até agora, os investigadores ainda não descobriram contato entre o jovem e aves.
A investigação continua, com a colaboração de outros especialistas e unidades veterinárias que atuam em campo. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA observou que o atual risco à saúde pública permanece baixo, no entanto, eles seguem monitorando a situação da epidemia de perto. A Dra. Jennifer Nuzzo, que lidera o Centro de Pandemia da Escola de Saúde Pública da Universidade de Brown, caracterizou esse caso como um desenvolvimento trágico, ainda que verificado. Ela alertou sobre a necessidade de um aprofundamento na análise da gripe aviária H5N1, ressaltando que esse vírus representa uma séria preocupação à saúde pública e que medidas adicionais devem ser implementadas para evitar complicações e fatalidades em potencial.
Com mais de 900 casos humanos de H5N1 notificados à Organização Mundial da Saúde desde 2003, dos quais cerca de metade resultou em morte, é evidente que a comunidade de saúde global deve estar atenta e preparada.