À medida que Donald Trump realiza uma transição exuberante de seu resort Mar-a-Lago, atraindo uma infinidade de empresários, contratantes e dignitários estrangeiros, as agências federais encarregadas de garantir a segurança do presidente eleito e suas comunicações enfrentam um desafio colossal. O panorama atual de ameaças, tanto cibernéticas quanto físicas, exigirá um foco redobrado e novas estratégias para proteger um líder que, em seu segundo mandato, já se encontra no centro de uma tempestade de controvérsias e ameaças à sua segurança.
Desde a eleição, a segurança em Mar-a-Lago foi intensificada de forma acentuada. O Serviço Secreto ampliou sua presença ao redor da residência e do clube privado, lançando mão de tecnologias avançadas, como cães-robôs, que são utilizados para vigilância e detecção de materiais explosivos. Em um contexto ainda mais amplo, a Guarda Costeira dos Estados Unidos intensificou as patrulhas nas vias aquáticas adjacentes. Contudo, a questão crítica é que, sem restrições sobre quem os membros do clube podem trazer como convidados, o ambiente caótico em Mar-a-Lago se transforma em um desafio único de contrainteligência e segurança, que fontes disseram ser quase impossível de se preparar completamente.
Trump começa seu segundo mandato enfrentando uma combinação sem precedentes de ameaças direcionadas. A espionagem cibernética feita pela China, que tentou hackear as comunicações do ex-presidente e de seu círculo próximo, se destaca entre os perigos. Paralelamente, o Irã, conforme alega-se, fez tentativas de assassinato contra Trump, e durante a campanha, o ex-presidente sobreviveu a duas tentativas separadas de assassinato. Esse cenário levanta questões sobre quão adequadamente as agências podem adaptarse a um ambiente de segurança em constante mudança.
Antes, a questão da segurança em Mar-a-Lago já havia sido um tema controverso. Desde julho, um cidadão chinês foi preso várias vezes ao tentar acessar a propriedade. Apesar dos esforços do Serviço Secreto, é evidente que há limites e desafios significativos a serem enfrentados para aumentar a segurança com eficácia. “Não podemos colocá-lo em uma bolha”, disse um oficial do Serviço Secreto, reconhecendo que todos estão ansiosos para ver como será a nova presidência e quais desafios de segurança se apresentarão.
Um aspecto alarmante que preocupa a equipe de transição de Trump é uma operação robusta de hacking da China, recentemente descoberta por oficiais americanos. As tentativas de ouvir as chamadas e textos de figuras políticas proeminentes, incluindo Trump, indicam uma vigilância incessante sobre as comunicações. Informações anteriores indicam que a equipe de Trump funcionava sob a suposição de que os hackers chineses tinham acesso às comunicações de telefone de Trump e de seu vice-presidente eleito, JD Vance.
A sofisticação dessa operação teve um impacto alarmante sobre os altos funcionários de segurança nacional dos Estados Unidos, levando a equipe de transição de Trump a implementar medidas corretivas com a intenção de manter o público e os espionadores bem longe das conversas do presidente eleito com líderes mundiais. O FBI já sugeriu que membros seniores da equipe de Trump mudem os números de telefone como uma forma de conter as invasões, embora isso ofereça um intervalo muito curto de anonimato antes que os hackers consigam rastrear os novos números. Através dessa situação, a equipe está constantemente mudando os telefones utilizados pelos funcionários sêniores a fim de despistar os espiões chineses.
Adicionalmente, deve-se considerar que a relação entre Trump e o Serviço Secreto se mostra tensa, especialmente após a tentativa de assassinato que ocorreu em julho. A moral dentro da agência caiu, à medida que um intenso período de campanha exigiu horas extras e realocações de numerosos agentes. A incerteza em torno do futuro do diretor em exercício do Serviço Secreto, Ronald Rowe, também não ajuda, uma vez que aquelas reuniões que Trump diz estar procurando discutir sobre segurança foram poucas e, até o momento, nada foi agendado.
Independentemente de quem estiver à frente da segurança, um desafio constante continua a ser a proteção de um presidente que pode optar por dividir seu tempo entre a Casa Branca e várias de suas propriedades. Durante seu primeiro mandato, foram gastos dezenas de milhões de dólares para proteger a Trump Tower em Manhattan, mas agora, sua concentração em Mar-a-Lago não só exige mais segurança, mas também apresenta uma tarefa ainda mais complexa durante uma transição em que visitantes buscam contato direto com o presidente.
O aumento do controle de segurança em Mar-a-Lago parece inevitável, com o ex-agente do Serviço Secreto, Jonathan Wackrow, prevendo mais procedimentos de triagem para todos os visitantes, veículos e entregas. “Todos os aspectos de segurança em torno de Trump se intensificarão, de modo que se tornarão inegáveis para qualquer visitante”, ele observou. Essa situação é agravada pela vontade de Trump de permanecer ativo socialmente como anfitrião e presidente em exercício, amplificando ainda mais os desafios de segurança.
É claro que o aumento da vigilância e proteção são necessários em meio a essa nova realidade política. Com o tempo, será fundamental que as agências desenvolvam uma abordagem ágil e inovadora para enfrentar um espectro de ameaças que se intensifica. A primeira missão é garantir a segurança do presidente enquanto navega pelas complexas redes de aliados e adversários em um cenário que continua a exigir medidas de segurança cada vez mais rigorosas.