A recente escolha de Pete Hegseth como secretário de defesa por Donald Trump acendeu preocupações significativas entre veteranas sobre o futuro das mulheres no exército americano. Hegseth, um ex-militar e comentarista da Fox News, tem um histórico de críticas às políticas que permitiram às mulheres servirem em funções de combate. Com essa nova liderança, a possibilidade de uma reversão nos avanços conquistados nas últimas décadas para as mulheres nas forças armadas gera um clima de apreensão e ansiedade entre as que serviram e ainda servem.
Elisa Smithers, uma veterana que foi para o Iraque em 2005, recorda uma era em que as mulheres não podiam participar de operações de combate em solo. Ela serviu como “pesquisadora feminina” na Guarda Nacional, desempenhando funções que incluíam a busca de mulheres detidas. Ao retornar aos Estados Unidos, no entanto, Smithers se deparou com a falta de apoio por parte do Departamento de Assuntos de Veteranos, que era oferecido de forma amplificada aos veteranos masculinos. Com a nomeação de Hegseth, ela teme que os avanços conquistados desde que a proibição de mulheres em combate foi levantada em 2013 estejam ameaçados.
Desde a revogação dessa proibição, aproximadamente 220.000 funções no exército, antes restritas a homens, foram abertas para mulheres. Dados de 2022 revelam que as mulheres atualmente representam cerca de 17,5% da força ativa do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Apesar disso, Hegseth, com seu histórico de serviço militar em terrenos de combate como o Afeganistão e o Iraque, não anunciou planos de reverter essa política, embora tenha expressado anteriormente que a inclusão de mulheres em funções de combate levou a uma diminuição dos padrões.
Em uma recente aparição em um podcast, Hegseth declarou que “não deveria haver mulheres em funções de combate”, alegando que as mudanças não tornaram as forças armadas mais eficazes, mas complicaram as dinâmicas de combate. Esta visão, reproduzida em plataformas de mídia, tem o potencial de deteriorar os progressos que as mulheres alcançaram, segundo as veteranas que se expressaram sobre o assunto, como Elizabeth Beggs. Ela aponta que, desde os “começos da história”, as mulheres estiveram presentes em combate, e a ideia de uma exclusão formal apenas reforçaria estigmas ultrapassados.
A veterana Beggs não cavalga numa onda de apologia à inclusão incondicional. Para ela, assim como em qualquer outro campo, nem todas as mulheres são capazes para funções de combate; o mesmo se aplica a homens. Essa visão pragmática contrasta com a retórica de Hegseth, preocupando veteranas a respeito da possibilidade de que, mesmo com uma política de exclusão formal, as mulheres ainda possam ser encaminhadas para combate de forma não oficial, como aconteceu no passado.
A Temática da Igualdade nas Forças Armadas e seus Reflexos nas Mulheres
O impacto potencial sobre as mulheres nas forças armadas se estende além das fronteiras das operações de combate. Mann, uma veterana da Marinha de 25 anos, critica fortemente as afirmações de Hegseth sobre a suposta diminuição dos padrões para integrar mulheres nas forças especiais como os Navy SEALs e os Rangers do Exército. Ela argumenta que essa narrativa tem como objetivo proteger mulheres que, segundo ela, já demonstraram suas capacidades em funções críticas e exigentes. Para muitas veteranas, as alegações de Hegseth reabrem velhas feridas e desvalorizam conquistas já conquistadas.
A preocupação com a cultura de assédio e agressão sexual também permeia os relatos de veteranas. Uma veterana que prefere permanecer anônima, devido ao trauma de ter sobrevivido a um assalto sexual militar, expressou temor sobre como o discurso de Hegseth poderia agravar a cultura da desigualdade dentro das forças armadas. Cifras alarmantes indicam que aproximadamente 20% das mulheres em serviço relataram ter vivido traumas relacionados ao sexo durante seu tempo nas forças armadas, evidenciando a necessidade urgente de um ambiente mais inclusivo e seguro.
Vozes de Descontentamento: A Importância da Diversidade nas Forças Armadas
Além de questões de combate e igualdade, as veteranas também estão preocupadas com a falta de compreensão por parte de Hegseth sobre a complexidade da estrutura militar. Wendy Coop, outra veterana da Marinha, ressaltou que a retórica de Hegseth poderia abrir um caminho perigoso, permitindo que indivíduos que discriminam mulheres na força militar justificassem suas crenças desatualizadas.
Coop, apesar de não ter servido em operações de combate, destacou a importância de diversos papéis de suporte dentro das forças armadas, afirmando que sua contribuição é vital para a eficácia do combate. “Se uma mulher qualificada não pode servir, essa ideia de que ela não é adequada para o serviço prejudica não só o serviço militar, mas a sociedade como um todo”, comentou Coop.
Considerações Finais sobre o Futuro das Mulheres no Exército Americano
As preocupações levantadas pelas veteranas evidenciam a batalha contínua pela igualdade de gênero na estrutura das forças armadas dos EUA. A potencial reversão das conquistas conquistadas ao longo dos anos não apenas ameaça direitos fundamentais, mas também a segurança e a eficácia do combate, questionando se a liderança militar está realmente em sintonia com a modernidade. As veteranas reafirmam que a diversidade só pode enriquecer as forças armadas, e que todas as vozes merecem ser ouvidas e respeitadas. Reiterando que não é somente uma questão de gênero, mas sim uma questão de capacidade, ética e integridade. O futuro das mulheres nas forças armadas dos Estados Unidos dependerá da luta coletiva e vigilante por igualdade e respeito em todas as frentes.