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O filme “Rust” tem gerado debates acalorados e controvérsias desde o início de suas gravações, principalmente após a trágica morte da cinematografa Halyna Hutchins, que perdeu a vida durante um incidente no set em 21 de outubro de 2021. Agora, quase três anos após a fatalidade, o diretor Joel Souza e a nova cinematografa Bianca Cline compartilham as suas experiências na conclusão do projeto, revelando como eles enfrentaram não só o trauma e a objeção moral, mas também as várias emoções conflituosas diante da continuação do longa-metragem. Quando o filme finalmente estrear em novembro na Camerimage, um festival na Polônia dedicado à cinematografia, fortalecerá uma narrativa sobre a resiliência e a determinação de sua equipe.
Voltando ao sombrio dia do acidente, Souza estava nas gravações do filme em Santa Fé, Novo México, quando uma arma disparada por Alec Baldwin matou Hutchins e feriu o próprio Souza. O evento desencadeou uma avalanche de investigações criminais e processos civis, criando uma atmosfera de ansiedade e incerteza em torno do projeto. No entanto, com o apoio do viúvo de Hutchins, Matthew, e com os ajustes necessários ao roteiro, a equipe decidiu que o filme deveria ser finalizado. Muitos nas redes sociais e em reuniões da indústria exclamaram a mesma opinião: como o filme poderia ser lançado após a trágica morte de um dos seus membros? Isso, segundo Souza, não era uma questão de sacrilégio, mas de honrar a memória da amiga e colega de trabalho.
A produtora do filme, com um orçamento de aproximadamente US$ 7,5 milhões, decidiu utilizar armas cenográficas e modificar o roteiro para remover a cena fatídica. Além disso, inclui dois supervisores de segurança no set para garantir que os altos padrões de segurança para filmagens fossem seguidos. A chegada de Cline, que tem uma estreita conexão emocional com Hutchins, foi um elemento crucial na reviravolta deste projeto; a cinematografa sentiu que um dos melhores tributos que se poderia dar a uma profissional da imagem como Hutchins era completar seu trabalho. “Me lembrei de Halyna”, disse Cline. “Se eu tivesse morrido, gostaria que ela estivesse lá para terminar o filme.”
O filme, que narra a história de um menino de 13 anos que acaba matando acidentalmente um fazendeiro, agora é visto em um contexto novo e doloroso. A filmagem que seria uma simples aventura cinematográfica se tornou um símbolo de recomeço e de discussões sobre segurança nos sets. De fato, a morte de Hutchins não só intensificou a necessidade de discutir práticas de segurança em sets, mas também destacou os perigos reais relacionados ao uso de armas de fogo em ambientes de gravação.
A relação entre o completamento de “Rust” e o legado de Hutchins traz à tona questões densas sobre ética na indústria cinematográfica. Apesar de críticas pela conclusão do filme, que muitos consideram macabras e exploratórias, a equipe tem recebido suporte de pessoas próximas a Hutchins, e Souza argumenta que o objetivo é preservar e celebrar o trabalho dela. “Estamos fazendo isso para honrá-la; queremos que o trabalho dela não desapareça”, declarou o diretor. Essa missão de honrar Hutchins é um conceito que ressoa profundamente com a equipe e com a própria narrativa do filme.
O caminho para a finalização do filme foi repleto de dilemas emocionais. Souza, que esteve sob intensa pressão emocional após o acidente, teve de se submeter a várias sessões de terapia e encontrou no diálogo e em novas perspectivas uma forma de superar a tragédia que o atingiu. “Sinto que estava em um beco sem saída. Mas, de alguma maneira, terminei por encontrar a força necessária para revisar o que já fiz ou o que poderia fazer a seguir”, afirmou.
Afinal, a produção do filme foi reestruturada com novos elementos de segurança em pauta, gerando um diálogo que promete continuar mesmo após o lançamento. Em junho de 2023, a Califórnia introduziu novas leis de segurança que exigem a presença de armadores dedicados a garantir a segurança nas filmagens. O legado de Hutchins agora atua como um catalisador que não só transformou a segurança em sets cinematográficos, mas que incutiu um novo senso de responsabilidade e diligência entre os que fazem filmes.
À medida que a estreia se aproxima, Souza e Cline vêem o filme como uma forma de transformar dor em um tributo honesto. Mesmo quando especialistas e críticos se questionam se é moralmente correto continuar com a produção após tal tragédia, o desejo de prestar homenagem e não permitir que o trabalho de Hutchins seja esquecido ressoa profundamente.
Independentemente do que a estreia revelará, a jornada de “Rust” enfatiza a complexidade da indústria cinematográfica e os desafios enfrentados por aqueles que optam por continuar a criar após um evento devastador. “Estamos aqui para garantir que a memória dela seja preservada e que nossa compreensão sobre segurança em sets de filmagens nunca mais seja a mesma”, conclui Souza, ecoando a missão que ele e sua equipe buscam com dedicação.
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