David Korda, um integrante proeminente da dinastia cinematográfica Korda e um influente produtor e financiador de filmes, faleceu aos 87 anos. Korda era o presidente da empresa britânica Film Finances Ltd. e morreu em 18 de setembro, no Hospital Cromwell, em Londres, após lutar contra problemas de saúde, incluindo câncer, conforme declarado pelo autor e historiador de cinema Charles Drazin.
Korda era filho de Zoltan Korda, que dirigiu o épico “As Quatro Plumas” (1939), estrelado por Ralph Richardson, e da atriz Joan Gardner, conhecida por seus papéis em “Jangal O Coração” e “O Pimpernel Escarlate”. David pertencia a uma família de talentos cinematográficos, com um tio, Alexander Korda, sendo o fundador da London Films, responsável por clássicos como “A Vida Privada de Henrique VIII” (1933) e “O Terceiro Homem” (1949), além de ter sido o primeiro cineasta a receber um título de cavaleiro.
Além de Alexander Korda, David também tinha um tio, Vincent Korda, que foi um aclamado artista e vencedor do Oscar em direção de arte. Apesar do seu pedigree familiar, David Korda se destacou por seu trabalho nos bastidores da produção de filmes independentes. Ele atuou como garantidor de conclusão em diversos projetos cinematográficos, ajudando diretores renomados como Francis Ford Coppola, que enfrentou dificuldades financeiras após seus projetos “Apocalypse Now” (1979) e “Um Coração Bêbado” (1981) ao garantir a produção de seus filmes “Os Goonies” (1985) e “Rumble Fish” (1983).
Entre as suas contribuições notáveis, Korda teve um papel crucial na produção de “As Aventuras do Barão de Munchausen” (1988), onde passou quase um ano gerenciando orçamentos excessivos que ameaçavam colocar em risco a Film Finances. Além disso, atuou como produtor executivo em RKO Pictures e Capella Films e supervisionou a produção de filmes como “Hamburger Hill” (1987), “Shattered” (1991), e “Austin Powers: O Homem Internacional do Mistério” (1997).
Drazin descreveu Korda como uma pessoa modesta que preferia evitar os holofotes, considerando-se mais pragmático do que empreendedor. Ele acreditava que suas habilidades eram usadas para criar uma plataforma estável que permitisse que outros alcançassem o sucesso, algo que ele fez com maestria ao longo de sua carreira respeitável.
David Korda nasceu em 26 de maio de 1937, em Hampstead, Londres. Com o início da Segunda Guerra Mundial, sua família se mudou para Beverly Hills, onde viveram até o fim da guerra. Suas memórias de infância incluem sua visita ao set de “O Ladrão de Bagdá” (1940), onde brincou com adereços e se maravilhou com o glamour do cinema. Esse período o preparou para sua futura carreira, onde se destacou em diversas funções dentro da indústria cinematográfica, desde assistente de produção até um respeitado financiador.
Após o falecimento de seu pai em 1961, ele trabalhou como assistente no filme “O Senhor das Moscas” (1963) e colaborou com Charles H. Schneer em diversos filmes, encontrando maneiras inovadoras de preservar e reutilizar filmagens antigas. Isso o levou a sua ascensão como produtor, onde ele se destacou na gestão de equipes e recursos, sempre com um foco em garantir que as histórias que acreditava fossem contadas da melhor forma possível.
Em 1980, Korda aceitou uma posição na Film Finances e tornou-se parte da história do cinema moderno, ajudando a garantir o financiamento de sucessos como “Os Terminadores” (1984), “Romancing the Stone” (1984) e “Um Pesadelo em Elm Street” (1984). Com um olho atento para identificar oportunidades e um compromisso inabalável com a excelência, seu trabalho teve um impacto duradouro na indústria cinematográfica. Após sua saída da América, ele voltou a Londres e passou a maior parte de sua vida na Film Finances, onde continuou a influenciar os novos talentos que surgiam no cenário cinematográfico.
David Korda deixa para trás seu filho, Nik, e sua filha, Lerryn. Seu legado ficará para sempre gravado nas memórias daqueles que admiraram sua contribuição valiosa à indústria do cinema.
Mais do que ser um simples financista de filmes, David Korda personificava a essência do suporte e do trabalho colaborativo. Seu comprometimento em fazer o cinema acontecer, mesmo em meio às dificuldades, assim como sua habilidade em manter energia positiva, abrir novos caminhos e consolidar visões eram a verdadeira marca de seu caráter.