Saoirse Ronan está se manifestando sobre a importância da representação de personagens femininas com falhas, após o lançamento de seu novo filme, The Outrun.  A atriz irlandesa, reconhecida por seus papéis em produções cinematográficas marcantes, teve a oportunidade de explorar a complexidade de personagens que não são perfeitas, desafiando a norma de que as mulheres nos filmes devem ser sempre admiradas e inquestionáveis.

Ronan, que antes dos 30 anos já havia recebido quatro indicações ao Oscar, tem acumulado uma série de papéis que ecoam as turbulências e as realidades da vida de mulheres jovens, como visto em filmes como Lady Bird, Little Women e Brooklyn. Na promoção de seu mais recente longa-metragem, que foi destaque no Festival de Cinema de Sundance, ela compartilhou sua experiência ao interpretar Rona, uma personagem que luta contra a dependência química. Ao comentar sobre seu papel, a atriz notou que estava “pronta” para este desafio, afirmando que a confiança em suas habilidades e em quem ela é como pessoa a ajudou a se afastar da necessidade de representar apenas figuras agradáveis.

“Eu estava tão preparada para isso. Eu me sentia confiante o suficiente em minha habilidade, mas também confiante o suficiente em quem eu era,” ela declarou. “Eu não senti que estava sendo restringida a apenas desempenhar papéis que fossem simpáticos.” Frases como essa de Ronan não apenas mostram sua maturidade como artista, mas também seu desejo genuíno por uma indústria cinematográfica que represente as nuances da experiência feminina.

Inspirada por outras narrativas contemporâneas, Ronan observou como personagens, por exemplo, na série Girls, também podiam ser difíceis e desafiadoras. “Essas personagens, às vezes, são insuportáveis, mas todas nós temos essa capacidade,” disse ela. Ao almejar maior profundidade nas construções de personagens, ela defendeu que é fundamental que as histórias femininas sejam mais do que meras simplificações de uma linha – que são comuns em redes sociais como o Instagram ou o Twitter.

Refletindo sobre a transformação que ‘The Outrun’ proporcionou na sua forma de ver a dependência, Ronan enfatizou que ela começou a perceber essa condição como uma doença e não como uma falha de caráter. “Se você não sofre as consequências da sua mente, que é essencialmente alterada por uma substância, então você não entende por que a pessoa não consegue simplesmente optar por viver uma vida diferente,” comentou. Ela ainda acrescentou que, enquanto interpretava Rona, conseguiu processar parte de sua própria dor ao se aventurar em um mundo que foi marcante em sua vida pessoal devido a experiências de seus familiares com a dependência.

“Foi uma experiência pessoal,” destacou ela. “Ao mergulhar na psicologia de alguém passando por isso, pude atenuar um pouco da dor” causada pela história de seus entes queridos. Essa abordagem humanizada para o sofrimento, que desmistifica as complexidades da dependência, candidata Ronan como uma voz importante nas discussões sobre como as mulheres são representadas na tela.

The Outrun já está em cartaz nos cinemas e, ao que tudo indica, será um passo significativo na direção de uma representação mais complexa e diversa do que significa ser mulher no mundo contemporâneo.

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