A recente eleição de Donald Trump e sua equipe de transição trouxeram à tona uma proposta que pode repercutir significativamente no setor automotivo dos Estados Unidos: a revogação do crédito fiscal federal de US$ 7.500 para veículos elétricos, previsto na Lei de Redução da Inflação. Esse subsídio, que tem sido um incentivo crucial para a adoção de veículos elétricos no país, está agora sob a mira do novo governo, conforme relatado por fontes não identificadas à Reuters. A proposta de eliminação do crédito faz parte de um esforço mais amplo de reforma tributária que a equipe de Trump considera prioritário.

As informações sobre a intenção da equipe de transição de Trump de eliminar esse benefício fiscal provocaram uma onda negativa nas bolsas de valores, especialmente para as montadoras que são diretamente afetadas pela medida. A ação da Rivian, por exemplo, sofreu uma queda significativa, assim como as ações da Tesla, que viram uma desvalorização de 5% logo após as notícias. Curiosamente, apesar do risco implícito à Tesla, o CEO Elon Musk, conhecido por suas relações amigáveis com Trump, já havia expressado apoio à remoção do subsídio, argumentando que tal medida, na verdade, beneficiaria sua empresa. Em um post que fez em julho de 2024 na plataforma X, Musk afirmou: “Retirar os subsídios. Isso ajudará apenas a Tesla”.

Entretanto, a remoção do crédito fiscal não poderá ser viabilizada simplesmente por meio de uma ordem executiva assim que Trump assumir a presidência. O chamado Crédito para Veículos Limpas 30D, que atualmente permite um desconto de até US$ 7.500 na aquisição de determinados veículos elétricos qualificados, faz parte do código tributário norte-americano, o que significa que sua revogação necessitará da aprovação do Congresso. Esta exigência torna o processo um pouco mais complicado, dado que terá de ser incluído em um pacote de reforma tributária que, espera-se, será enviado ao Legislativo na primavera.

Adicionalmente, a administração Trump terá opções limitadas à medida que o processo avança, ainda que uma abordagem mais estratégica possa envolver o uso do Departamento do Tesouro, o que dificultaria o acesso ao crédito fiscal enquanto a mais ampla reforma é discutida. Essa situação estabelece um alerta para consumidores e fabricantes, pois a eventual revogação do subsídio pode retardar ainda mais a transição para veículos elétricos, um segmento que já vinha enfrentando desafios consideráveis.

É importante ressaltar que, ao considerar a eliminação deste crédito fiscal, os republicanos precisariam avaliar alguns dos aspectos fundamentais que foram embutidos no programa, os quais têm o intuito de incentivar a fabricação doméstica e reduzir a dependência dos Estados Unidos com relação às importações da China. Para que um veículo possa se qualificar para o crédito fiscal, ele deve ser montado nos Estados Unidos e atender a critérios rigorosos relacionados a componentes de bateria e fontes de minerais críticos. O que significa que, conforme estabelece a Lei de Redução da Inflação, pelo menos 50% do valor de certos minerais críticos utilizados em baterias de veículos elétricos deve ser obtido e processado em solo norte-americano ou em países parceiros comerciais. Este requisito tende a aumentar 10% a cada ano, até alcançar 2027, forçando uma constantes adaptações na indústria.

À medida que as mudanças políticas se aproximam, o futuro do crédito fiscal para veículos elétricos permanece incerto. A proposta de Trump deve ser acompanhada de perto, pois não apenas impactará as montadoras e seus funcionários, mas também poderá influenciar o comportamento dos consumidores, que agora poderão reavaliar suas decisões de compra diante da possibilidade de perda de incentivos. O que resta saber é como essa batalha tributária se desenrolará e que consequências poderá ter não apenas para o setor, mas também para a própria agenda ambiental do país.

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