John Malone, nome reconhecido no mundo das telecomunicações e mídias, nunca teve medo de agitar suas empresas. O magnata da mídia e telecomunicações detém participações em diversas companhias, incluindo Warner Bros. Discovery, Charter Communications, Live Nation e a Fórmula 1. Com um patrimônio significativo e uma trajetória repleta de inovações, Malone anunciou uma reformulação drasticamente ambiciosa, que promete alterar a estrutura de suas empresas de uma forma que poucos poderiam imaginar.

Recentemente, Malone decidiu simplificar substancialmente seus investimentos, separando suas holdings em ações distintas, e reunindo Charter e Liberty Broadband, além de se despedir do CEO de longa data da Liberty Media, Greg Maffei, que deixará o cargo ao final de 2024. Ao mesmo tempo, ele assumiu temporariamente o papel de CEO, em uma operação que, segundo ele, está longe de ser uma simples troca de direção.

Durante uma entrevista ao vivo no CNBC, Malone surpreendeu os telespectadores ao afirmar que seu papel na Liberty Media seria “transicional”. Com 83 anos, ele está focado em encontrar um CEO operacional que possa gerir a holding de forma mais eficaz, além de reestruturar o conselho da Liberty Media para que a empresa possa se concentrar nos objetivos de expansão da Fórmula 1. “Aos 83 anos, prestes a completar 84, é improvável que eu continue sendo um CEO altamente ativo”, declarou Malone, transparecendo um autocontrole e uma visão pragmática sobre sua posição e contribuições futuras para a empresa.

Contudo, o que realmente chamou a atenção foi a sugestão de que o “próximo capítulo” da Liberty Media poderia não estar focado no setor de mídia. Com investimentos significativos em várias áreas, incluindo a Fórmula 1, Malone indicou que a equipe da Liberty Media, junto com um pouco de seu capital e inovação, poderia seguir um caminho diferente. “Acredito que a equipe da Liberty Media pode, com um pouco de meu capital, e alguma inovação, montar a próxima geração da Liberty. Pode não ser no ramo da mídia”, comentou.

Em um evento que reuniu investidores em Nova York, Malone elaborou mais sobre seus planos para a nova Liberty. Ele frisou que a empresa não só terá um foco mais definido, como também uma “limpa” e otimizada situação financeira, o que é uma grande novidade para os acionistas. “Este é o primeiro projeto limpo e puro que nossos acionistas tiveram em todos esses anos. Estou muito animado com a qualidade da marca e como essa marca pode ser desenvolvida”, afirmou, enfatizando que dar prioridade à Fórmula 1 é uma parte crucial de suas estratégias. Ele enxergou oportunidades de expandir investimentos na área de corridas e aprimorar o potencial de merchandising e desenvolvimento do esporte.

Liberty Media já firmou um acordo para adquirir o MotoGP, o circuito de corridas de moto, e Malone insinuou que se outras oportunidades de corridas surgirem, a nova Liberty será uma compradora ativa. “O ensinamento que obtivemos é que agora temos um veículo em um campo específico, e buscaremos maneiras de expandir dentro dele”, acrescentou, indicando que a busca por novas parcerias e aquisição será uma constante.

Além de suas estratégias de investimento, Malone refletiu sobre como as mudanças políticas e regulatórias poderiam impactar a indústria de M&A (fusões e aquisições). Ele previu que a recente administração de Donald Trump afetaria rapidamente o setor de mídia. Ao abordar a competição crescente entre empresas de telecomunicações e novas empresas, como a Starlink de Elon Musk, ele frisou a necessidade de um ambiente regulatório equilibrado para permitir a consolidação dos fornecedores de conteúdo e entretenimento. “Eu acredito que um ambiente regulatório mais fácil levaria a uma consolidação mais rápida dos criadores de conteúdo,” expressou Malone, destacando a importância do conteúdo esportivo, que, segundo ele, está indo muito bem em termos de market share e relevância.

Em sua visão sobre o futuro da mídia, Malone afirma que, embora a Liberty possa ou não continuar a estar no setor de mídia, ele sente que a tendência global é que a transmissão ao vivo torne-se a norma. Ele declarou: “Os radiodifusores devem se transformar em transmissores, tudo bem? E se você olhar para qualquer estratégia referente a programação importante, verá que o streaming será parte fundamental do futuro.” Ele observou que o investimento em esportes está se mostrando lucrativo, beneficiando tanto as plataformas de transmissão tradicional quanto as digitais. “O investimento em esportes agora é o melhor porque funciona muito bem em ambas as plataformas e é a razão essencial pela qual a radiodifusão continuará a existir mais tempo do que deveria”, concluiu Malone.

Ainda que a transição da Liberty para uma nova era esteja cheia de incertezas e mudanças significativas, a visão de John Malone para a empresa sugere um foco em inovação e adequação às novas realidades do mercado. Ele acredita firmemente que, independentemente do percurso que a Liberty decidir seguir, a essência da experiência do usuário e a permanência das marcas serão o pilar central frente a um mundo em transformação.

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