A recente nomeação de Robert F. Kennedy Jr. como secretário do Departamento de Saúde e Serviços Humanos pelo presidente eleito Donald Trump provocou intenso nervosismo nos mercados financeiros, resultando em uma queda acentuada nas ações de várias empresas fabricantes de vacinas. Essa decisão foi recebida com apreensão, especialmente dado o histórico de Kennedy como um conhecido crítico das vacinas, o que levanta questões sobre a direção futura da política de saúde pública dos Estados Unidos. A reação imediata no mercado reflete não apenas a preocupação com a escolha, mas também as implicações que isso pode ter na confiança do público em vacinas e na gestão da saúde em um momento em que a vacinação continua a ser um tópico vital.
Na última quinta-feira, as ações de empresas de vacinas desabaram, à medida que as notícias sobre a escolha de Trump começaram a se espalhar. A Moderna, famosa por seu desenvolvimento da vacina contra a Covid-19, viu suas ações caírem até 6%. Similarmente, a Pfizer, outra gigante do setor, se desvalorizou em quase 2%. A Novavax, que lançou uma vacina baseada em proteínas contra a Covid-19, também enfrentou uma queda de aproximadamente 6%. Essas variações foram motivadas pela incerteza em torno das futuras políticas de saúde e do potencial impacto que uma nova administração poderia ter na regulamentação e promoção de vacinas.
Robert F. Kennedy Jr. é conhecido por suas posições antagônicas em relação às vacinas, sendo um dos principais disseminadores de teorias da conspiração que colocam em dúvida a segurança e eficácia dos imunizantes. Em declarações anteriores, Kennedy afirmou que estaria comprometido em estudar a segurança das vacinas, mas prometeu não retirar vacinas do mercado. Contudo, sua abordagem e retórica geraram preocupação entre especialistas em saúde pública, que temem que suas opiniões possam underminar os esforços de vacinação e influenciar negativamente a percepção pública sobre a imunização.
As repercussões da escolha de Kennedy não se limitaram apenas às ações da Moderna e da Pfizer. A empresa alemã BioNTech também sentiu o impacto, com suas ações fechando em uma baixa de 7%, enquanto a empresa britânica GSK viu uma queda de 2%. O cenário já estava difícil para as empresas de vacinas, uma vez que a demanda por imunizantes caiu drasticamente desde os picos da pandemia. Para ilustrar, a ação da Pfizer caiu 11% no último ano, enquanto o valor das ações da Moderna despencou aterradoramente em 46% no mesmo período. Esses números refletem a transição do mercado, que precisa se adaptar a um novo normal em que a vacinação é apenas uma parte do arsenal de saúde.
Durante os picos da pandemia, as empresas de vacinas desfrutaram de lucros sem precedentes. A Pfizer, por exemplo, alcançou quase 57 bilhões de dólares em vendas em 2022, em grande parte devido às vendas de sua vacina Comirnaty e do medicamento antiviral Paxlovid. Contudo, esse êxito foi efêmero; em 2023, a expectativa de vendas relacionadas à Covid-19 foi drasticamente reduzida, já que as agências de saúde haviam acumulado um estoque eficaz de vacinas para tratar os pacientes. A decisão de Trump de nomear Kennedy, uma figura polarizadora, parece aumentar ainda mais a incerteza em um setor que já estava lutando contra uma mudança nas expectativas de mercado.
Logo após a oficialização da nomeação de Kennedy, as ações das empresas de vacinas continuaram a enfrentar pressão, uma clara indicação da falta de confiança dos investidores na estabilidade futura do setor sob uma administração que poderia ser vista como hostil à imunização. Além disso, Trump postou em uma rede social, enfatizando a importância da segurança e saúde de todos os americanos, mencionando que o Departamento de Saúde e Serviços Humanos teria um papel vital em proteger a população de produtos potencialmente prejudiciais. A declaração do presidente eleito poderá ser interpretada de várias maneiras, mas a inquietação causada pelas novas diretrizes de saúde pública sob a liderança de Kennedy continua a ser uma fonte de preocupação significativa.
A escolha de um secretário de saúde que se opõe ativamente a uma das principais ferramentas de saúde pública – as vacinas – provavelmente resultará em um escrutínio intenso e debates acalorados sobre o futuro da política de saúde nos Estados Unidos. Enquanto os investidores reavaliam suas apostas no setor de vacinas, a população em geral observa com ansiedade como essas decisões irão impactar a saúde pública e a confiança nas vacinas ao longo dos próximos anos. A era das vacinas pode estar à beira de uma nova fase, e depende do equilíbrio entre as declarações otimistas de um novo governo e a realidade das necessidades de saúde pública.