Exercícios abrangentes demonstram um aumento nas tensões entre as autoridades de taiwan e a china
Na segunda-feira, a China realizou uma série de grandes manobras militares envolvendo um número recorde de aeronaves de combate e outros tipos de aviões em torno de Taiwan, conforme relatado pelo Ministério da Defesa da ilha. Esses exercícios, que incluíram a participação de caças chineses, drones, navios de guerra e embarcações da Guarda Costeira, simularam um bloqueio à autônoma ilha. Tais ações foram prontamente condenadas por Taiwan, que as classificou como uma “provocação injustificável”. Os exercícios militares estão se tornando cada vez mais comuns e representam a mais recente de uma série de manobras militares conduzidas por Pequim contra seu vizinho. O Ministério da Defesa de Taiwan informou que, durante um período de 25 horas entre segunda e terça-feira, foram detectados 153 aviões chineses nas proximidades da ilha.
Incursões aéreas e resposta de taiwan: uma nova escalada de tensões
Dos 153 aviões identificados, um número significativo, 111 aeronaves, cruzou a Linha Média – um ponto de demarcação informal no Estreito de Taiwan que Pequim não reconhece, mas que era, até recentemente, amplamente respeitado. Essas aeronaves entraram na zona de identificação de defesa aérea (ADIZ) de Taiwan. Importante ressaltar que uma ADIZ é imposta unilateralmente e difere do espaço aéreo soberano, que, segundo o direito internacional, se estende até 12 milhas náuticas da linha de costa de um território. Felizmente, nenhum avião militar chinês foi avistado penetrando o espaço aéreo soberano de Taiwan, uma manobra que seria considerada uma escalada significativa no já delicado cenário de segurança regional.
A comparação dos dados revela que o aumento no número de aeronaves chinesas em comparação com as manobras anteriores é evidente, pois superou o recorde anterior, que datava de setembro de 2023, quando 103 aeronaves militares chinesas foram detectadas operando em torno de Taiwan em um período de 24 horas. Face a essas incursões, Taiwan mobilizou suas próprias aeronaves, navios da marinha e sistemas de mísseis costeiros para monitorar as atividades das forças armadas chinesas, demonstrando a clara disposição da ilha em se defender.
Essas manobras militares por parte da China foram apresentadas oficialmente como um “aviso severo” direcionado às forças independentistas em Taiwan. O anúncio coincide com um discurso recente do novo presidente da ilha, Lai Ching-te, que reafirmou seu compromisso em proteger a soberania de Taiwan diante de desafios provenientes de Pequim. Durante as comemorações do Dia Nacional de Taiwan, Lai declarou que “Taiwan não é subordinado” à China e enfatizou que Pequim “não tem o direito de representar Taiwan”.
Guerra psicológica e aumento da pressão militar
Nos últimos anos, os exercícios militares da China ao redor de Taiwan, uma democracia de 24 milhões de habitantes, tornaram-se cada vez mais frequentes, especialmente em momentos que provocam a ira de Pequim. Esses exercícios não apenas permitem que a China monitore as respostas de Taiwan, mas também sobrecarregam os recursos militares da ilha, especialmente sua frota de caças, que é considerada envelhecida e insuficiente para enfrentar as ameaças crescentes. Especialistas na área afirmam que os exercícios mais recentes são parte de uma estratégia abrangente que visa manter Taiwan sob pressão e normalizar a realização de manobras militares regulares na região.
A visão do Partido Comunista Chinês em relação a Taiwan é clara: para eles, a ilha é parte inalienável de seu território, apesar de nunca ter estado sob seu controle. O governo chinês insiste na necessidade de “unificação” da ilha com o continente, podendo isso ocorrer, se necessário, pela força. Em contrapartida, as autoridades taiwanesas rejeitam veementemente as reivindicações territoriais da China. Uma população significativa na ilha se identifica como taiwanesa, reforçando assim a barreira cultural e política entre os dois lados do estreito.
Mobilização militar e a crescente preocupação com a segurança
O Exército de Libertação Popular da China anunciou que as manobras foram uma operação conjunta envolvendo todas as facetas das forças armadas, incluindo o Exército, a Marinha, a Força Aérea e a Força de Mísseis, e foram realizadas tanto no Estreito de Taiwan quanto em área circunvizinhas. Grupos de monitoramento no território de Taiwan relataram a detecção de 14 navios de guerra em torno da ilha no mesmo intervalo de 25 horas. Entre esses navios, o porta-aviões chinês Liaoning foi visto se posicionando em um local a leste da ilha, sem, contudo, conseguir penetrar a zona contígua de Taiwan, que se estende por 24 milhas náuticas a partir da costa, conforme estipulado pelo direito internacional.
Durante a audiência da coletiva de imprensa na noite de segunda-feira, as autoridades de defesa de Taiwan reafirmaram que, apesar da agressividade das manobras, não foi detectada a entrada efetiva de embarcações navais chinesas na zona contígua, um ponto de alívio entre as autoridades taiwanesas. No entanto, analistas destacaram que essas manobras estão se tornando “altamente perigosas”, pois a aproximação constante das forças chinesas resulta em um tempo de resposta muito curto para qualquer eventualidade. No início da manhã de segunda-feira, as manobras intituladas Joint Sword 2024-B foram iniciadas e culminaram com um comunicado das autoridades de Pequim que relatou a “conclusão bem-sucedida” dos exercícios às 18 horas do mesmo dia. Em um mapa de voos fornecido pelo Ministério da Defesa de Taiwan, foi possível observar a movimentação de jets chineses ao redor da ilha, mesmo após o anúncio oficial de encerramento das suas manobras militares.