A luta diárias dos pequenos negócios frente à incerteza política é uma realidade sentida de maneira intensa, especialmente com o novo mandato de Donald Trump prestes a iniciar. Pequenos empresários, como Michael Prieto, proprietário da Barrel-Art, fabricante de móveis e utensílios de bar, expressam um misto de esperança e receio diante do que está por vir. Após passar por três eleições presidenciais dos Estados Unidos, Prieto observa que, enquanto o cenário se assemelha a experiências anteriores, a imprevisibilidade tomou conta, tornando os próximos tempos incertos.
Nos meses que antecederam o Dia da Eleição, o movimento nas vendas da Barrel-Art desacelerou, os consumidores hesitaram em fazer compras, aguardando o resultado da eleição. Entretanto, assim que a corrida eleitoral foi definida, as vendas de seus produtos elaborados a partir de barris de uísque e vinho se recuperaram rapidamente. Porém, o ambiente pós-eleitoral não trouxe a mesma sensação de alívio que em anos anteriores, uma vez que a retórica intensa da campanha de Trump e suas promessas de políticas ambiciosas despertam questionamentos entre os empresários, como levantou John Arensmeyer, fundador e CEO do Small Business Majority. Ele destaca o sentimento de incerteza que permeia o ar: “Os proprietários de empresas não sabem o que do que ouviram durante a campanha realmente se concretizará e como isso poderá afetá-los.” Esta falta de clareza gera uma pressão adicional sobre pequenos empresários que já estavam inquietos a respeito da direção da economia.
Prieto, por sua vez, tem uma preocupação específica a respeito de como tarifas e restrições comerciais podem impactar seus fornecedores com sede nos Estados Unidos. “Quero ser otimista, mas também sou cético em relação a algumas das políticas propostas”, disse ele. Esta incerteza é um tema recorrente entre pequenos empresários, muitos dos quais buscam entender como as novas políticas governamentais afetarão seus negócios e a economia em geral. De acordo com Arensmeyer, as pequenas empresas enfrentam não apenas desafios relacionados a tarifas, mas também questões relacionadas a políticas de imigração estritas, potencial desmantelamento de subsídios do Affordable Care Act em 2025 e possíveis desigualdades em contratos federais.
Negócios em Tensão: Esperança em Tempos Difíceis
Após a reeleição, Prieto adotou uma postura de espera e observação, afim de não se precipitar em decisões antes que as consequências políticas fossem mais claras. Uma semana após as eleições, ele expressou uma esperança renovada de que seu pequeno negócio familiar se beneficiasse de iniciativas do novo governo, como o incentivo ao “Feito na América” e um ambiente de empréstimos mais favorável. No entanto, ao mesmo tempo, Barrel-Art enfrenta um quadro desafiador, operando com uma equipe enxuta e horas longas de trabalho para compensar a escassez de recursos humanos. Com a inflação elevando os custos e reduzindo a renda disponível dos consumidores, a empresa sente na pele o efeito desses desafios.
“A situação começou a ficar cada vez mais delicada por causa da inflação”, disse Prieto, refletindo sobre o impacto de seus produtos, que são classificados como itens discricionários. “Se as pessoas não têm renda disponível, nossos produtos ficarão em segundo plano.” Assim, à medida que se aproximam as festividades de Natal, a Barrel-Art carrega consigo dívidas maiores por conta da baixa nas vendas durante o período eleitoral e ainda se recupera de um incêndio devastador que afetou a empresa um ano atrás. Ele vê com bons olhos a possibilidade de a administração reintroduzir produtos de empréstimos voltados para pequenas empresas semelhantes aos Economic Injury Disaster Loans disponíveis durante a pandemia, enfatizando a necessidade urgente de acesso a capital a baixas taxas de juros.
Preocupações com Tarifas e Planejamento Futuro
Embora a Small Business Majority ainda não tenha realizado uma pesquisa pós-eleitoral formal, Arensmeyer afirma que as preocupações levantadas por sua rede de pequenas empresas são consistentes. Empresários que anteriormente se mostravam otimistas agora buscam estocar inventário proveniente da China ou adiar novas contratações até que a situação econômica se torne mais clara. Por exemplo, Clifton Broumand, fundador e CEO da Man & Machine, uma empresa especializada em teclados e mouses à prova d’água, decidiu intensificar as importações durante os meses que antecedem a eleição, visando evitar aumentos de preços.
Esse receio em relação aos possíveis impactos de tarifas sobre os custos de suprimentos e produtos provenientes do exterior causa apreensão nos empresários. Essa sensação de incerteza se propaga também entre os proprietários de empresas que operam em setores relacionados a serviços. “Se eu esperar, eu perdi”, desabafou Broumand, deixando claro que a proatividade é necessária para não ser pego desprevenido diante de reajustes inesperados.
A Luta por Apoio e Sustentabilidade
No entanto, a busca por apoio não se limita às questões econômicas. Empresárias como Janna Rodriguez, dona de uma creche, tem dado eco às necessidades de infraestrutura do cuidado infantil e pleiteado ações diretas do governo, reconhecendo que a carência de estrutura no país afeta famílias de baixa renda e minoria. Ela sugere um sistema de pagamento baseado em inscrição, colaboração entre o setor público e privado, e concessões para infraestrutura.
Mesmo com a iminência de novas mudanças, a resiliência dos pequenos empresários brilha em meio ao temor. “Você tem que lidar com a situação que lhe foi dada”, reflete JD Opel, proprietário do ICON Hair Studio. Ele observa que, apesar de suas divergências políticas, a colaboração e confiança nas ações do novo governo se tornam essenciais para a sobrevivência de seu negócio. Assim, cabe a todos se adaptarem, acreditarem em um futuro mais estável e continuar lutando, não apenas por seus próprios interesses, mas pelos fundamentos da economia que sustentam suas comunidades. “O que se espera de nós é que trabalhemos juntos e, quem sabe, possamos emergir mais fortes desse cenário caótico”, concluiu Opel.