“É tão bom conversar com The Hollywood Reporter,” declara Olivia Williams ao iniciar a entrevista, “porque eu realmente vivi a experiência de Hollywood. Eu saí de um apartamento úmido em Camden Town e, em questão de dias, estava voando em um jato particular para o set de um enorme filme de Hollywood.”
Entre 1997 e 1998, Williams, que até então havia se estabelecido como uma atriz de teatro britânica, transitou rapidamente da publicidade para o cinema, participando de três grandes produções: The Postman de Kevin Costner, Rushmore de Wes Anderson e The Sixth Sense de M. Night Shyamalan. O filme The Postman se tornou notório por seu fracasso, enquanto Rushmore se destacou como uma obra independente de sucesso e The Sixth Sense tornou-se um fenômeno global. Williams parecia ter finalmente encontrado seu lugar em Hollywood.
“Eu fui de cavalgar com Kevin Costner, fazendo minhas próprias acrobacias, para compartilhar cenários com Bill Murray,” lembra Williams, referindo-se a sua experiência em Lost in Translation, que ela define como um momento surreal em sua carreira. No entanto, as histórias de sucesso instantâneo nem sempre seguem um roteiro previsível. Durante a década de 2000, sua trajetória foi marcada por uma série de filmes que, embora ela acreditasse serem de alta qualidade, acabaram se perdendo no esquecimento. Em produções como Four Dogs Playing Poker e The Man from Elysian Fields, ela trabalhou com renomados atores e diretores, mas esses projetos não conseguiram ressoar no mercado.
“A vida não poderia ser melhor,” diz Williams, refletindo sobre seu papel em The Man from Elysian Fields, onde contracenou com James Coburn e Andy Garcia. Ela ri ao lembrar de sua carreira, afirmando que mesmo quando o projeto era promissor, muitos acabaram sendo inexpressivos. Williams esteve envolvida em diversas produções, como o filme Lucky Break, do diretor Peter Cattaneo, e uma adaptação de Martin Amis chamada Dead Babies, que também não alcançou o sucesso desejado.
Em uma conversa cativante e cheia de humor, ela não demonstra nenhum vestígio de cinismo. Apesar de não ter participado de um blockbuster desde seu “ano surreal” de 1997-1998, ela manteve uma carreira ativa, interpretando personagens marcantes como Cherie Blair em The Ghost Writer e Camilla Parker Bowles em The Crown. Seu retorno ao cenário americano se deu principalmente por meio de séries de televisão, em que conseguiu evitar ser rotulada, aproveitando oportunidades que surgiram a partir de sua atuação em Rushmore. “Todo o trabalho realmente interessante que tive foi devido a Rushmore,” afirma, reconhecendo seus laços com a produção. Quando seus fãs cresceram e começaram a escrever roteiros, ela viu novas portas se abrindo.
Recentemente, Olivia Williams foi escalada para o novo projeto da HBO, Dune: Prophecy, onde interpreta Tula Harkonnen. A série, que se passa 10.000 anos antes dos eventos dos filmes de Denis Villeneuve, apresenta uma narrativa centrada nas irmãs Harkonnen, fundadoras da seita feminina Bene Gesserit, que influencia o universo de Dune de maneira sutil e poderosa. Junto de Emily Watson, que interpreta Valya Harkonnen, Williams revela que a série apresenta uma perspectiva inovadora, destacando a força feminina em um enredo majoritariamente protagonizado por mulheres. “É tudo sobre mulheres, é tudo sobre poder. Somos irmãs, e nós dominamos o universo,” explica Williams.
A série é não apenas uma rara representação de ficção científica com um elenco feminino predominante, mas também traz questões importantes sobre os papéis de gênero e poder em um contexto futurista. “Os homens ficam horrorizados com a ideia de mulheres em uma ordem fechada que não parecem necessitar deles,” acrescenta. Com a trama refletindo sobre questões contemporâneas, Williams se sente emocionada por poder desempenhar um papel significativo nesta narrativa. Ao lado de Watson, ela se mostra animada para trabalhar com uma colega que conhece há mais de 30 anos, mas com quem nunca teve a oportunidade de atuar em cena até agora.
Olivia confessa que, durante a filmagem de Dune: Prophecy, a imersão na história levou ela e Watson a realizar uma viagem de pesquisa ao National Portrait Gallery em Londres, onde estudaram retratos históricos como os de Rainha Elizabeth I e sua irmã Mary Stuart, expressando como a relação entre irmãs pode ser complexa e cheia de nuances. “Irmãs podem ser diversas coisas. Existe um certo instinto de sobrevivência entre irmãs, mas também há um amor profundo que existe entre elas,” reflete Williams.
Conforme o enredo de Dune: Prophecy se desenrola, a narrativa revela uma nova perspectiva sobre a história conhecida, desafiando o que foi previamente estabelecido sobre os personagens da saga Dune. Williams se mostra cautelosa em compartilhar detalhes, mas enfatiza que a série explora os limites que as irmãs Harkonnen estão dispostas a ultrapassar para alcançar a vingança e que os segredos mais profundos de Tula Harkonnen só serão revelados no último episódio da primeira temporada.
O futuro da série será decidido após sua estreia na HBO e no Max, programada para o dia 17 de novembro. Para Williams, a empolgação é palpável, já que ela está “totalmente comprometida, tanto emocional quanto contratualmente”, para continuar interpretando Tula nas próximas temporadas.