Na manhã de quinta-feira, os participantes do evento AfroTech se reuniram em uma sala de conferências, ansiosos para testemunhar um encontro altamente aguardado: uma conversa direta entre Hannah Bronfman, uma influente investidora-anjo com mais de um milhão de seguidores nas redes sociais, e Morgan DeBaun, fundadora e CEO da Blavity.

Bronfman não é apenas uma investidora, mas também uma criadora de conteúdo sobre bem-estar e autora de sucesso. Ao longo de sua trajetória, ela investiu em mais de 70 empresas, incluindo renomadas marcas de beleza como Topicals e Sienna Naturals. Ela é amplamente reconhecida por ter fundado o marketplace de saúde, beleza e fitness HBFIT, que encerrou suas atividades no ano passado após oito anos em operação. Isso, no entanto, não a impediu de acumular experiência valiosa e insights que compartilhou com uma audiência composta majoritariamente por jovens profissionais negros no evento.

aprendizados e a importância da comunidade para a trajetória empreendedora

Durante a palestra, Bronfman destacou as lições aprendidas em sua jornada como fundadora. Ela discutiu, por exemplo, como lidou com desavenças entre cofundadores, um dos fatores que levaram ao fechamento do HBFIT. Em sua narrativa, a investidora enfatizou a relevância da comunidade, incentivando os participantes a sempre contarem com suas redes de contatos, seja para receber conselhos ou para criar conexões significativas. Essa ideia de valorização da rede é central para muitas trajetórias de sucesso e, segundo Bronfman, pode ser uma chave para transformar vidas e negócios.

Foi essa mesma rede que a conectou a fundadores que, por sua vez, a inspiraram a escrever cheques como investidora-anjo. Com o tempo, ela começou a construir um verdadeiro império de investimentos, tanto por meio de sua prática de investir quanto em decorrência de patrimônio adquirido ao colaborar com marcas como criadora de conteúdo. O público, composto por executivos de grandes empresas de tecnologia e pessoas interessadas no assunto, se mostrou curioso para saber mais sobre as dinâmicas do investimento e do empreendedorismo entre a comunidade negra.

Embora menos de 5% dos investidores sejam negros, as discussões nesse sentido se tornaram cada vez mais importantes, especialmente considerando que o setor ainda é visto como opaco para muitas pessoas, apesar dos esforços em curso para torná-lo mais acessível e transparente para as novas gerações. Bronfman e DeBaun enfatizaram que cada vez mais pessoas poderiam se tornar investidoras se assim desejassem. Especialistas afirmam que um aumento na representação de investidores negros pode, em maior escala, levar à identificação de fundadores negros bem-sucedidos.

desafios do investimento e o futuro de hannah bronfman

A investidora também discutiu as barreiras enfrentadas quando se trata de financiamento para fundadores de origem sub-representada. Para ser um investidor credenciado, os requisitos são extremamente altos: são necessários, por exemplo, rendimentos superiores a 200 mil dólares ou um patrimônio líquido de ao menos 1 milhão de dólares. No entanto, para o público do evento, que contava com muitos altos executivos de grandes empresas, a falta de recursos não era a principal preocupação, mas sim a necessidade de orientação e um ponto de partida para iniciar sua jornada de investimento.

Bronfman orientou aqueles presentes sobre a importância de iniciar conversas com pessoas de suas redes, ressaltando que muitos ao seu redor podem ser investidores, mas não os incluem em oportunidades de negócios. “Invista apenas na quantia que você se sinta à vontade para perder”, aconselhou a audiência, incutindo a ideia de que o investimento precisa ser algo intencional e consciente.

A investidora também oferece uma abordagem mais envolvente e acessível em comparação com investidores institucionais, propondo um relacionamento que favoreça mentoring. Segundo ela, não há problema em receber emails frios e ela aprecia conversas informais que vão além de temas monetários. “Há uma grande força em entrar em contato com alguém e dizer: ‘Ei, sua carreira é algo que eu admiro e eu adoraria a oportunidade de conversar com você'”, sugere Bronfman, reafirmando o poder das conexões nas carreiras e negócios.

próximos passos: a transição para investidora institucional

Com planos para avançar além de sua atuação como investidora-anjo, Bronfman expressou seu desejo de se tornar uma investidora institucional. Nos últimos anos, ela tem levantado veículos de propósito especial para participar de rodadas de investimento maiores, tendo contribuído para o sucesso de empresas que se tornaram unicórnios, como Kindbody, assim como a companhia de contraceptivos de emergência Julie. Hannah revelou que ponderava sobre o lançamento de seu próprio fundo, mas foi a reação ao acordo de aquisição da marca de cabelo propriedade de negros Mielle pela P&G que a motivou a dar esse passo. Os consumidores acusaram os fundadores negros de se venderem a uma companhia branca, e isso fez com que Bronfman percebesse a necessidade de um suporte mais robusto dentro da comunidade negra.

“Não temos nenhuma empresa holding [que representa] a cultura”, disse ela, fazendo referência à ausência de conglomerados negros para que as marcas negras possam se unir ou serem adquiridas. “Onde está nosso LVMH negro?”, indagou. Seu objetivo é um dia construir essa estrutura, mas, o primeiro passo passará pela criação de um fundo que poderá se concentrar em rodadas Series A, com a meta de escrever cheques que variam entre um a três milhões de dólares. “E talvez, um dia, chegarei a esse holding company”, conclui Bronfman, cheia de esperança e determinação para moldar o futuro do investimento para marcas negras.

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