A fabricante americana de drones Skydio teve um recente impulso significativo em seu financiamento, levantando uma rodada de extensão no valor de US$ 170 milhões, que se adiciona aos US$ 230 milhões obtidos em sua Série E, concluída no início do ano passado. Este novo montante traz à empresa não apenas um influxo de capital, mas também novos investidores estratégicos, como a operadora de telecomunicações japonesa KDDI e a Axon, conhecida por suas inovações na área de tecnologia policial e fabricação de armas elétricas. A participação de investidores já existentes, como o Linse Capital, que agora detém mais de 21% da empresa, destaca a confiança do mercado na trajetória da Skydio e em seu potencial de crescimento.

O momento escolhido para esta rodada de investimento é notável, considerando que o financiamento para tecnologia de defesa está em alta, com o setor recebendo mais de US$ 9,1 bilhões no primeiro semestre de 2024, conforme relatado pelo PitchBook. Bastiaan Janmaat, diretor administrativo da Linse Capital, evidenciou a atratividade do investimento ao afirmar que “é uma decisão óbvia para nós”, uma vez que o valor de mercado permaneceu estável, enquanto a empresa dobrou sua produtividade e relevância dentro do setor.

Uma apresentação elaborada pela Linse Capital para uma potencial Série F mostrava que a empresa procurava levantar entre US$ 200 milhões a US$ 300 milhões na valorização de US$ 2,2 bilhões da Série E. No entanto, a Skydio decidiu seguir em frente com a extensão da Série E. Este novo financiamento foi parcialmente impulsionado pelo interesse da KDDI, que contribuiu com cerca de US$ 60 milhões e planeja instalar drones em 1.000 locais no Japão, além de colaborar na conectividade LTE para esses dispositivos.

A apresentação da Linse também ilustra os esforços da Skydio para diversificar suas fontes de receita e alcançar a lucratividade. No ano passado, a empresa gerou uma receita superior a US$ 100 milhões, dos quais 30% foram provenientes de software. A empresa reportou uma margem bruta de 38,1% em 2023, impulsionada por uma mudança favorável na receita de software e economias de escala nos custos de produção. Este foco em tecnologia de software, em vez de somente hardware, pode ser um diferencial importante para a empresa nos próximos anos.

A Skydio tem visto um crescimento considerável entre clientes corporativos e de segurança pública, especialmente após o descontinuamento formal de sua linha de drones para consumidores em 2023. As projeções da Linse Capital indicam que, mesmo com essa transição, a empresa poderá gerar cerca de US$ 180 milhões em receita em 2024. Além disso, o futuro da empresa parece promissor na esfera militar, com mais de 50% das reservas de US$ 1,2 bilhão em futuras entregas já encomendadas por clientes do setor de defesa.

Skydio também conquistou contratos com várias agências de aplicação da lei em todo o país. Recentemente, um dos investidores da companhia, Ben Horowitz da Andreessen Horowitz, doou recursos para ajudar o Departamento de Polícia de Las Vegas a adquirir drones Skydio. Esta estratégia permitiu à Skydio evitar processos típicos de licitação, embora tenha gerado preocupações em grupos de defesa dos direitos civis, que alertaram para possíveis conflitos de interesses e falta de transparência na aquisição de tecnologias policiais.

No entanto, Janmaat defende que a doação de tecnologias policiais, quando essas tecnologias são de qualidade, pode agilizar a implementação de soluções eficazes. “No final das contas, as polícias não estão recebendo tecnologias inferiores, mas sim tecnologias incríveis mais rapidamente do que poderiam, caso seguissem os processos tradicionais de compras,” comentou. Essa abordagem audaciosa da Skydio reflete uma estratégia de mercado que busca não apenas vender produtos, mas também se posicionar como um parceiro tecnológico confiável para o setor público. Contudo, como muitas startups de hardware, a empresa enfrenta o desafio de rapidamente gastar capital mesmo após arrecadação significativa de investimentos.

A apresentação da Linse Capital sugere que a Skydio poderá queimar até US$ 238 milhões até 2029, enquanto Linse modelou gastos em torno de US$ 350 milhões nesse mesmo intervalo. Janmaat acredita que a Skydio deveria ser agressiva em seus gastos, aumentando o número de produtos em desenvolvimento para se destacar em um mercado de baixa concorrência na América do Norte. Ele enfatiza que essas taxas de queima previstas não são parte das projeções da própria Skydio e que a startup ainda não consegue validá-las. Apesar disso, as estimativas fornecidas pela Linse oferecem uma visão mais conservadora em comparação com a expectativa da Skydio para os próximos cinco anos, refletindo a cautela natural dos investidores na avaliação de risco.

O futuro da Skydio ainda depende de lançamentos de hardware e da capacidade de convencer agências de segurança e empresas utilitárias a optar por seus drones em vez de concorrentes como Brinc e o renomado fabricante chinês DJI. A crescente vigilância sobre drones de origem chinesa, tanto em níveis estaduais quanto federais, pode representar uma vantagem para a Skydio, aumentando suas vendas domésticas. No entanto, a empresa também enfrenta um obstáculo, pois no mês passado, a China impôs sanções à Skydio pela venda de drones para Taiwan, afetando sua cadeia de suprimentos, especialmente em relação às baterias. Quando perguntado se as sanções da China eram um reflexo direto do trabalho com Taiwan ou uma represália contra a lobby contra a DJI, Janmaat foi direto ao afirmar que “é um pouco dos dois”, destacando as complexas dinâmicas políticas que cercam a indústria de drones atualmente.

Com um cenário de crescimento robusto e desafios ainda por vir, a Skydio se posiciona como uma das principais players no mercado de drones, particulamente no segmento de defesa e segurança pública, onde a inovação e a eficácia tecnológica podem fazer toda a diferença.

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