Com a aproximação das festividades natalinas, é comum que os anúncios publicitários ganhem contornos festivos, refletindo o clima especial desta época do ano. A Coca-Cola, uma das marcas mais icônicas associadas ao natal, decidiu inovar e lançou uma propaganda de natal inédita, criada com ferramentas de geração de inteligência artificial. Contudo, a novidade foi recebida com críticas contundentes e o consenso é de que o resultado ficou aquém das expectativas, em um verdadeiro desvio do que se esperava de uma publicidade da marca. A questão que permanece é: onde está a magia do natal quando a criatividade humana é substituída por algoritmos e máquinas?

o insatisfatório resultado da propaganda natalina da coca-cola

A propaganda, que foi veiculada em diversos canais de comunicação, causou um impacto negativo entre os consumidores. Descrita como um “embaraço visual”, muitos descreveram a campanha como uma amálgama sem sentido, em que os elementos visuais simplesmente não se conectam. Os caminhões da Coca-Cola, que na tradição natalina costumam suscitar imagens de alegria e festividade, deslizam sem movimento, enquanto as casas do fundo aparecem derretidas como se fossem personagens de um pesadelo natalino. A sensação de estaticidade em cada cena torna a experiência desconfortável e fadada ao desastre.

Ficou claro que a tentativa de criar algo inovador através do uso de inteligência artificial culminou em um resultado que mais lembrava uma paródia do que uma celebração característica do período. A empresa, em sua busca por modernidade, pagou três estúdios de IA para desenvolver diferentes versões do comercial, mas o que se viu foi um saldo de tempo e recursos desperdiçados na tentativa de gerar uma propaganda que, na melhor das hipóteses, poderia ter sido filmada com um simples celular em um espaço ao ar livre.

a ironia do avanço tecnológico e o desapego ao humano

Um dos aspectos mais notórios discutidos em uma análise da AdAge foi o processo por trás da criação dessa animação, que envolveu a execução de centenas de tentativas para produzir um esquilo digital aceitável. O fundador do estúdio Secret Level AI, Jason Zada, destacou que houve uma quantidade impressionante de tentativas e erros para se chegar a esse único personagem. Imagine o esforço, a energia e o tempo investidos em algo que poderia ter sido resolvido de forma muito mais simples e honesta, utilizando animações mais tradicionais ou filmando diretamente a natureza. É como se a essência do natal, que envolve calor humano, fosse sacrificada em nome da economia e da eficiência produzida por meio da tecnologia.

Infelizmente, essa não é uma situação isolada. Muitas marcas estão apostando na substituição do trabalho humano por soluções automatizadas, na tentativa de adaptar-se a um mundo cada vez mais digitalizado. A preocupação se intensifica ao imaginarmos que, em um futuro não tão distante, o consumo passivo de informação e entretenimento pode levar o público a aceitar produtos mal elaborados, simplesmente porque foram revestidos pelo manto da modernidade e inovação. O risco é que muitos consumidores, absortos em suas conversas e interações familiares, podem não perceber a transição das produções visuais humanas para criações geradas exclusivamente por inteligência artificial.

considerações finais sobre a era da inteligência artificial e a publicidade

Na crítica à nova propaganda da Coca-Cola, fica uma indagação: onde foi a magia que fizemos questão de preservar nas celebrações de natal? A tradição que a Coca-Cola estabelece em suas campanhas publicitárias não se alinha mais com a realidade de uma produção que parece tão desumanizada. É compreensível que a marca busque inovação, mas quando se antepõe a inovação à criatividade genuína dos seres humanos, o resultado pode ser desastroso. No final, o que sentimos falta é da conexão emocional e do toque humano que sempre foram a essência das saudáveis comemorações natalinas. A esperança que se mantém é que esse erro sirva como um alerta para outras marcas: a tecnologia deve servir para amplificar nossas histórias, e não para substituí-las.

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