A família de Malcolm X, renomado ativista dos direitos civis, decidiu acionar a justiça na última sexta-feira, dia 15 de novembro, por meio de um processo federal de 100 milhões de dólares contra o FBI, a CIA e o Departamento de Polícia de Nova York (NYPD). Esta ação é um marco importante, ocorrendo 60 anos após o brutal assassinato do líder, que foi baleado em 21 de fevereiro de 1965, aos 39 anos de idade. O evento ocorreu no Audubon Ballroom, em Nova York, durante uma de suas palestras, e não só chocou a comunidade negra da época, mas também deixou um legado profundo sobre a luta pelos direitos humanos nos Estados Unidos e além.
Durante a coletiva de imprensa que acompanhou o anúncio do processo, Ilyasah Shabazz e sua irmã Qubilah foram acompanhadas pelo advogado Ben Crump e sua equipe jurídica. Crump afirmou categoricamente que “acreditamos que todos conspiraram para assassinar Malcolm X, um dos maiores pensadores do século XX”, conforme reportado por diversas agências de notícias. Essa declaração afirma a crença da família de que as agências do governo não apenas falharam em proteger Malcolm X, mas ativamente participaram de uma conspiração que resultou em sua morte trágica.
O processo, que foi protocolado no tribunal federal de Manhattan, destaca a percepção da família de que as autoridades locais e federais ocultaram provas importantes sobre um complô para assassinar Malcolm X. Os documentos apresentados alegam a existência de uma relação “corrupta, ilegal e inconstitucional” entre agentes da lei e indivíduos que, conforme alegam, estavam envolvidos no assassinato. Essa alegação sugere uma colaboração consciente entre as autoridades e aqueles que buscavam silenciar a voz poderosa que Malcolm havia se tornado na luta por justiça social e igualdade racial.
A gravidade das alegações não pode ser subestimada; a família de Malcolm X sustenta que as autoridades não apenas falharam em protegê-lo, mas também propuseram uma relação velada que permitiu que “assassinos impiedosos agissem sem qualquer tipo de accountability”. A ideia de que a proteção deveria ser oferecida e não foi, gera indignação e questionamentos sobre a transparência e a ética nos serviços de segurança dos EUA.
Os advogados que representam a família mostraram-se esperançosos, pedindo que os oficiais federais e municipais leiam a denúncia e se conscientizem dos atos nefastos cometidos por seus predecessores. Espera-se que a análise deste processo leve à busca por justiça não apenas no caso de Malcolm X, mas também para corrigir outras injustiças que foram perpetuadas ao longo da história.
O envolvimento da família de Malcolm X neste processo é uma representação poderosa de sua luta por verdade e justiça. Ilyasah Shabazz, ao lado de seus irmãos e sua mãe, estava com seu pai no momento de sua morte, e suas alegações de que os agentes disfarçados não o protegeram levantam questões sobre a eficácia das medidas de segurança da época, colocadas sob fiscalização agora mais de meio século após o ocorrido.
As repercussões desse caso reverberam através da história, especialmente em um momento em que as questões de direitos civis e violência policial estão novamente em foco. Em 2020, após a divulgação de uma série documental que reabriu o debate sobre o assassinato de Malcolm X, promotores prometeram reexaminar o caso. Essa reabertura vem à tona devido a novas evidências que indicam que dois dos três homens condenados pelo assassinato eram inocentes e que não estavam presentes no local do crime.
Este processo não é apenas um pedido de justiça financeira, mas uma busca por reconhecimento e verdade sobre os eventos trágicos que cercaram a vida de Malcolm X. Para a família, as consequências do assassinato ainda são profundas e irreparáveis, e a luta por justiça continua como um tributo duradouro à memória de um dos líderes mais influentes da história dos direitos civis nos Estados Unidos.
Com o prosseguimento do processo, o que está em jogo não é apenas a responsabilização das agências governamentais, mas também a coragem da família em enfrentar um passado doloroso e a luta incansável pelo direito à verdade. O impacto que essa ação pode ter sobre a percepção pública das instituições e a luta pelos direitos humanos é incalculável, e apenas o tempo dirá quais serão os desdobramentos desta história ainda em desenvolvimento.