Nos últimos anos, a paixão dos fãs de Dragon Ball foi reacendida com o lançamento de Dragon Ball Daima, que tem sido recebido como um substituto oficial de Dragon Ball GT. Apesar do alvoroço positivo, uma comparação cuidadosa entre as duas produções revela que muitos fãs, especialmente aqueles que vivenciaram a era de GT, ainda guardam um certo apreço por ela. O motivo? A dinâmica de personagens que, para alguns, ressoa mais profundamente do que as interações apresentadas em Daima. Neste artigo, examinaremos essa dinâmica e o impacto que ela teve sobre os espectadores ao longo dos anos.
Uma das razões mais frequentemente citadas para a aversão de alguns fãs em relação a Dragon Ball GT reside no fato de que essa série não é considerada canon dentro da franquia, conforme controversas declarações da Shueisha e de Akiro Toriyama. Parte desse desdém é direcionada à Black Star Dragon Ball Saga, que recebeu críticas pesadas e semelhantes à antiga troca das esferas do dragão. Contudo, quando Dragon Ball Daima foi lançado, muitos desses mesmos fãs celebraram a nova série, que trouxe uma animação superior e diálogos mais refinados. Entretanto, quando se trata do enredo, o arco atual de Daima aparenta ser uma reinterpretação da saga criticada de GT.
Embora Dragon Ball Daima tenha se destacado em fatores técnicos, como a animação e a construção de diálogos, GT possuía uma dinâmica de equipe que, claramente, despertava mais expectativas. Os personagens com quem Goku partiu para suas aventuras em GT – emblematicamente Adult Trunks e Pan – traziam bagagens de histórias compartilhadas que não são facilmente esquecidas. A viagem de Goku com a nova geração, especialmente sendo acompanhado por sua neta Pan e por Trunks em sua forma adulta, criava uma relação mais rica e complexa devido às suas passagens anteriores juntos no universo de Dragon Ball.
A expectativa pelo potencial envolvido na jornada de Goku com Pan e Trunks era palpável. Essa combinação de personagens oferecia um novo olhar sobre suas interações, permitindo uma dinâmica interessante e cheia de nuances. Goku, transformado em uma criança, tinha que lidar com Pan de uma maneira nova e peculiar, mudando as interações intrafamiliares que já estavam consolidadas. Seguindo essa linha de raciocínio, a perspectiva de ver Adult Trunks interagir com Goku era igualmente intrigante, pois sua relação com o rival de seu pai, Vegeta, poderia proporcionar momentos marcantes.
No entanto, se analisarmos a nova equipe apresentada em Dragon Ball Daima, rapidamente percebemos que as relações entre os personagens são muito mais frágeis. Personagens como Panzy e Glorio carecem de uma história prévia com Goku, resultando em interações que carecem da profundidade emocional que fideliza o público. Embora Panzy seja considerada uma personagem bem elaborada, sua relação com Goku não possui a mesma carga narrativa que se encontrava nas interações com Pan e Adult Trunks. A única conexão mais antiga existente na nova equipe é entre Goku e o Supremo Kai, mas seu relacionamento também se revela insatisfatório devido à falta de desenvolvimento emocional e histórico.
Ademais, um aspecto amplamente debatido é a forma como Dragon Ball Daima se propõe a reinterpretar momentos icônicos da franquia. É inegável que muitos fãs celebraram essas referências, mas é crucial lembrar que a saga Black Star de GT também fez várias homenagens ao material original. Da mesma forma, GT já havia resgatado e reinterpretado lances memoráveis, como na reinterpretação de Oolong no seu sétimo episódio, que ecoou um momento do Dragon Ball original. Portanto, é essencial que os fãs revisitem Dragon Ball GT e reconheçam as ricas homenagens que a série trouxe para o universo de Dragon Ball.
Em suma, mesmo que Dragon Ball Daima tenha encantado muitos espectadores com sua execução técnica e a modernização dos personagens, não se pode ignorar o valor sentimental que Dragon Ball GT traz para os fãs mais nostálgicos. A dinâmica complexa e bem construída entre seus personagens ainda ressoa em muitos corações, mostrando que a execução perfeita de Daima não é suficiente para suplantar os méritos de sua antecessora. Para muitos fãs, as histórias, as relações e as transformações emblemáticas, como o Super Saiyan 4, continuam a deixar uma marca eterna no legado da franquia.