No último sábado, o presidente da China, Xi Jinping, encontrou-se com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, no âmbito da cúpula anual da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico realizada em Lima, Peru. Esse encontro é particularmente significativo, uma vez que ocorreu em um momento de transição política nos Estados Unidos, com Donald Trump se preparando para assumir a presidência. Em sua conversa, Xi expressou que a China está “pronta para trabalhar com uma nova administração”, sinalizando a importância de manter um diálogo aberto e produtivo entre as duas potências globais.
Durante a reunião, Biden aproveitou a oportunidade para discutir as preocupações atuais, incluindo a necessidade de persuadir a China a influenciar a Coreia do Norte, a fim de limitar seu apoio à Rússia em sua invasão da Ucrânia. Este foi o primeiro encontro cara a cara entre os dois líderes desde o seu último encontro em novembro do ano passado, na Califórnia. Embora o nome de Trump não tenha sido mencionado, Xi deu indícios de seu receio com relação à retórica protecionista que poderia emergir da nova administração, o que poderia aprofundar a já complexa relação entre os Estados Unidos e a China.
A iniciativa de Xi para possibilitar uma cooperação mais estreita intercalada com gestão de diferenças é um reflexo das tensões persistentes que marcam as interações entre as duas nações. “A China está disposta a trabalhar com uma nova administração dos EUA para manter a comunicação, expandir a cooperação e gerenciar as diferenças, a fim de buscar uma transição estável nas relações sino-americanas que beneficie ambos os povos”, afirmou Xi através de um intérprete. Durante a conversa, Biden também comentou sobre a relação, lembrando os altos e baixos que caracterizaram sua interação ao longo dos anos, mas ressaltou que, mesmo diante das dificuldades, a comunicação produziu resultados positivos.
A pressão sobre a relação bilateral está em ascensão, especialmente com o coming administration de Donald Trump, que, durante a campanha, fez promessas de implementar tarifas de até 60% sobre produtos chineses. O impacto de tais medidas é uma preocupação, não apenas para os líderes, mas também para empreendedores americanos, como Bobby Djavaheri, presidente da Yedi Houseware Appliances, que fabrica produtos na China. Djavaheri expressou preocupação de que essas tarifas “destruiriam nosso negócio, mas não apenas o nosso. Destruiria todos os pequenos negócios que dependem da importação”. Esse cenário levanta um alerta importante para a dependência econômica entre os dois países e a necessidade de nichos de mercado que poderiam ser afetados por políticas protecionistas.
Biden e Xi reuniram-se em uma grande sala de conferências, cercados por assessores, em um ambiente que mesclava formalidade com a importância da momentânea agenda política e econômica que envolve as duas nações. A incerteza paira sobre o futuro das relações EUA-China com um novo governo, especialmente considerando que Trump também propôs revogar o status de Nação Mais Favorecida da China, descontinuar a importação de bens essenciais e banir a aquisição de terras nos EUA por cidadãos chineses.
A evidência de uma crise iminente se torna mais aparente com informações recentes sobre investigações da FBI relacionadas a ciberataques atribuídos ao governo chinês, que visam redes de telecomunicações nos Estados Unidos. A avaliação por parte das autoridades de inteligência americanas indica que a China aumentou suas vendas de tecnologia militar para a Rússia, incentivando sua capacidade de produção de armamentos, o que se configura como uma preocupação crescente no cenário geopolítico.
As interações entre Biden e Xi estão carregadas de um histórico sólido, resultado de mais de dez anos de parceria que inclui discussões destacadas em viagens ao redor do mundo. “Por mais de uma década, você e eu passamos muitas horas juntos, e temos trabalhado em muitos desafios”, comentou o presidente Biden em um tom reflexivo, visivelmente ciente das complexidades que definiram suas trocas ao longo do tempo. Contudo, os últimos quatro anos trouxeram um fluxo contínuo de momentos difíceis nas relações, exacerbados por eventos como a ordem de Biden para derrubar um balão espião chinês sobre os Estados Unidos no ano anterior.
Desse modo, enquanto os dois líderes dão início a um novo capítulo nas interações sino-americanas, a expectativa é que haja um esforço consciente de ambos os lados para estabelecer uma relação que, mesmo diante de desafios, preserve a comunicação aberta e a cooperação inicial. Essa é uma perspectiva que, sem dúvida, terá repercussões não apenas para os dois países, mas para a estabilidade global em geral. Portanto, o mundo observa atentamente como essas interações se desenrolam e como isso poderá determinar o futuro das relações internacionais.