A descoberta do naufrágio do destróier USS Edsall, uma embarcação da Marinha dos Estados Unidos que se tornou famosa por sua destemida luta contra a Marinha Imperial Japonesa durante a Segunda Guerra Mundial, foi anunciada por autoridades dos Estados Unidos e da Austrália na última segunda-feira. O reconhecimento da localização do navio, que afundou no Pacífico em 1942, não apenas relembra os feitos heróicos de sua tripulação, mas também destaca a importância de colaborações internacionais na preservação da história militar.
O USS Edsall, conhecido carinhosamente como o “camundongo dançante”, apresentou movimentos ágeis e evasivos durante a sua última batalha, o que lhe rendeu essa peculiar denominação. Sob o comando do tenente Joshua Nix, o destróier enfrentou um ataque massivo que envolveu bombardeiros em mergulho da aviação japonesa e uma barragem de tiros de canhões que totalizava 1.400 disparos de navios de guerra inimigos. O desempenho da embarcação, junto a suas manobras, ficou registrado na memória não só dos americanos, mas também dos próprios japoneses, que ficaram admirados com a resistência e estratégia empregadas por Nix e sua equipe.
No evento de anúncio da descoberta, a embaixadora dos Estados Unidos na Austrália, Caroline Kennedy, ressaltou o valor e a bravura da tripulação em uma situação desesperadora. “Joshua Nix e sua equipe lutaram valentemente, desviando-se de canhões de grandes calibe e desferindo ataques ousados, mesmo sabendo que suas chances de sobrevivência eram mínimas,” declarou Kennedy. O almirante da Marinha Australiana, Mark Hammond, também reconheceu a importância do feito, que foi possibilitado em parte pelas avançadas capacidades de fiscalização hidrográfica da embarcação de apoio naval MV Stoker.
A batalha em que o USS Edsall seria afundado aconteceu em 1º de março de 1942, quando um avião de reconhecimento japonês localizou o destróier a cerca de 200 milhas ao sul-sudeste da Ilha de Natal. A reação imediata do vice-almirante japonês Chuichi Nagumo, que ficou enfurecido ao saber da presença do navio no local, resultou no lançamento de uma ofensiva que envolvia múltiplos bombardeiros em um ataque em larga escala. As intenções dos japoneses eram claras: eliminar qualquer resistência que pudesse ameaçar sua crescente influência no Pacífico.
Ainda que em desvantagem, o capitão Nix decidiu não se render facilmente. Ele estabeleceu manobras evasivas, criando uma cortina de fumaça e ajustando a velocidade da embarcação para escapar dos disparos. No entanto, apesar de sua bravura, a disparada de um dos bombardeiros conseguiu um impacto, comprometendo a capacidade de manobra do USS Edsall. No momento em que a situação parecia insustentável, Nix tomou uma decisão que se tornaria lendária: ordenou que o navio fosse posicionado em direção aos navios de guerra japoneses, como um último ato de resistência.
Na sua pesquisa, historiadores militares descreveram a ação de Nix como um exemplo de heroísmo e tenacidade. Um historiador naval chegou a afirmar que a luta do USS Edsall deve ser vista como uma das mais corajosas ações independentes realizadas por um navio de superfície da Marinha dos EUA em combate. Embora a batalha tenha resultado na perda da embarcação e da maioria da tripulação, o legado de bravura do USS Edsall vive, tanto que a história é frequentemente relembrada entre os adoradores da história militar. O respeito gerado por suas ações foi sentida também pelos próprios inimigos, que descreveram o destróier como seu “camundongo dançante”, em referência às improváveis manobras da embarcação durante o ataque.
Legado do USS Edsall e sua população de heróis
Após o anúncio da descoberta, autoridades se manifestaram expressando sua admiração pelos atos heroicos da tripulação do USS Edsall. A história do navio não é apenas uma narrativa de sacrifício, mas também um símbolo de resiliência e um lembrete do custo humano associado às guerras. O almirante Lisa Franchetti, chefe de operações navais dos EUA, declarou que o naufrágio é um local sagrado, representando não só a memória dos 185 oficiais da Marinha dos EUA, mas também dos 31 pilotos da Força Aérea dos EUA que estavam a bordo e quase todos foram perdidos. Essa perspectiva destaca não apenas o custo da guerra, mas também a importância de honrar e lembrar aqueles que perderam suas vidas em combate.
A descoberta do naufrágio do USS Edsall não apenas relevou peças cruciais da história militar dos dois países, mas também reforçou os laços da parceria AUKUS entre os EUA, Austrália e Reino Unido. Essa colaboração internacional é vista como fundamental para a utilização de tecnologias subaquáticas de ponta que possibilitaram a reconstituição da localização do navio. A almirante Franchetti afirmou: “Essa capacidade é essencial para garantir nossa coleta de capacidades, para preservar a paz e responder a crises, em caso de necessidade.”
À medida que o mundo se lembra de feitos como o do USS Edsall, fica a lição de que a bravura, lealdade e resistência nunca devem ser esquecidas, mesmo em meio aos desafios mais assustadores da história. O legado do “camundongo dançante” perdura não apenas nas profundezas do oceano, mas também nas memórias e corações de todos os que valorizam a paz e a memória dos que vieram antes.