Com a chegada de cada temporada de prêmios, novas vozes e talentos emergem na indústria cinematográfica. Neste ano, ao menos seis novos diretores estão prontos para conquistar o Oscar. Entre eles, encontramos Embeth Davidtz, conhecida por seu papel em “A Lista de Schindler”, que faz sua estreia na direção com “Don’t Let’s Go to the Dogs Tonight”, um filme baseado na vida de uma família branca do Zimbábue durante a Guerra de Rodésia; Jack Huston, que também se destaca como roteirista e diretor da obra “Day of the Fight”, uma emocionante trama sobre boxe; e Malcolm Washington, que leva à tela a adaptação da peça “The Piano Lesson”, de August Wilson, com produção da Netflix.
Davidtz reflete que o ato de dirigir o filme aconteceu de maneira quase involuntária. Ela inicialmente havia adquirido os direitos da obra para interpretar a mãe da família, mas, ao não conseguir encontrar um diretor que entendesse a profundidade da história, decidiu que ela mesma faria esse trabalho. Essa decisão foi respaldada pelo desejo de levar a história com a sensibilidade que ela acreditava ser necessária. Jack Huston, por sua vez, revela que a ideia de sua obra demorou a surgir, pois ele só aceitou o desafio quando sentiu que tinha uma ideia que realmente valia a pena. Lidar com o processo criativo ao lado de ídolos e mentores ao longo de sua jornada, ele aprendeu a importância fundamental da confiança.
Malcolm Washington fala sobre a conexão pessoal com o material que trouxe à vida e menciona que ele sentiu como se o texto tivesse encontrado um momento perfeito para ser explorado. Para eles, não é apenas sobre criação artística, mas também sobre a manutenção dos legados de suas famílias e ancestrais, algo que influencia diretamente na maneira como cada um deles aborda a criação cinematográfica.
No dia a dia dos novos diretores, as dificuldades não são poucas. Davidtz menciona que, devido à idade da atriz principal, que tinha apenas sete anos, enfrentou limitações exaustivas em termos de horas de filmagem. Essas restrições adicionaram uma pressão significativa para garantir que o trabalho todos os dias fosse produzido dentro do tempo. Morrison, que voltou aos sets durante a pandemia, destacou as dificuldades que enfrentou não apenas no cotidiano de produção, mas também a sensação de solidão que vem ao atuar como um diretor, uma posição que pode muitas vezes parecer isolada, apesar do suporte da equipe que a rodeia. A visão do diretor e a necessidade de defesa dessa visão durante todas as etapas do filme foram temas frequentemente mencionados entre os novos diretores, que concordaram que a quantidade de energia emocional e criativa exigida é muito além da que esperavam.
Enquanto os diretores iniciantes refletem sobre suas experiências, também falam sobre a maneira como a realidade social e política atualstes impacta a produção de seus filmes. Davidtz observa que o contexto geopolítico conferiu uma relevância extra ao seu filme, durante um momento em que a interseção de arte e ativismo se tornou cada vez mais proeminente. Washington fala da importância de sua história, que aborda temas de cultura e identidade, e como a luta e a resiliência de seu povo são refletidas ao longo de seu trabalho. Para ele, o filme é um retrato do que significa enfrentar as adversidades enquanto busca a verdade, um destaque em um país onde as narrativas moldadoras nem sempre são fiéis. A consciência coletiva e o desejo de ser uma voz em meio ao caos global é uma constante entre todos esses novos diretores.
À medida que a temporada de prêmios avança, é evidente que esses diretores estão não apenas lutando por um reconhecimento, mas, mais fundamentalmente, buscando uma maneira de contar suas histórias e conectar-se com o público em tempos tão difíceis. Fica claro que, mesmo diante de inúmeros desafios, existe um ímpeto criativo incansável para trazer à tona suas visões. Essa temporada de premiações pode muito bem apresentar uma nova onda de habilidades criativas e narrativas que podem, surrealmente, moldar a trajetória futura da indústria cinematográfica.