Desafios Atuais da Área Financeira e a Necessidade de Inovações Tecnológicas
No ambiente corporativo contemporâneo, a função financeira desempenha um papel crucial no sucesso organizacional. No entanto, muitos departamentos de finanças ainda dependem de fluxos de trabalho manuais que consomem tempo e recursos. De acordo com uma pesquisa realizada pela fornecedora de software de recursos humanos Paylocity, 38% das equipes financeiras gastam mais de um quarto do seu tempo em tarefas manuais, como a revisão de faturas. Essa realidade é um reflexo de um sistema que não apenas limita a eficiência, mas também obstrui o potencial de crescimento e inovação. Matthieu Hafemeister, ex-investidor em fintech da Andréessen Horowitz, observou que muitas organizações financeiras enfrentam dificuldades para escalar suas operações devido à quantidade de trabalho realizado manualmente. A frase proferida por Hafemeister destaca bem essa situação, enfatizando que “a situação atual para as finanças é a de que existem inúmeras soluções pontuais juntadas dentro do departamento financeiro.” Essa fragmentação, com uma dependência ainda considerável de planilhas, também é corroborada por outra pesquisa, que revelou que 82% dos departamentos de finanças utilizam arquivos do Excel para atividades fundamentais como orçamento e previsões financeiras.
A Gênese do Concourse e seu Potencial Transformador
Diante dessas frustrações observadas, Hafemeister, em colaboração com Ted Michaels, ex-chefe de finanças da Jeeves e um velho amigo, decidiu criar o Concourse, uma plataforma inovadora destinada à automação de tarefas financeiras. O Concourse se conecta aos sistemas financeiros das empresas, permitindo que as equipes de finanças recuperem e analisem dados, gerem gráficos e façam consultas pontuais, como “Qual é nossa receita não-GAAP?” Essa capacidade de antecipar insights torna o Concourse um potencial aliado no preparo das equipes financeiras, proporcionando-lhes a oportunidade de se manterem à frente das tendências, conforme enfatizado por Hafemeister ao afirmar que “o Concourse pode ser programado para realizar tarefas discretas de forma autônoma.” A interface de back-end do Concourse, que apresenta o status de suas várias integrações de IA e as configurações para ajustá-las, representa um avanço significativo em relação às ferramentas السابقة disponíveis no mercado.
Embora a automação financeira não seja uma tecnologia nova, com empresas como Linq e Doopla explorando a automação em aspectos financeiros, o que diferencia o Concourse, segundo o próprio Hafemeister, é sua habilidade de executar fluxos de trabalho financeiros que envolvem operações complexas e multi-etapas. Por exemplo, a plataforma possui a capacidade de extrair dados de um dashboard NetSuite para baixar arquivos CSV, e então transferir esses dados para uma planilha Excel. Este tipo de funcionalidade demonstra uma integração eficaz entre modelos de linguagem avançados e métodos tradicionais de análise de dados, trazendo um novo nível de eficiência para as operações financeiras. De acordo com uma pesquisa, 58% das equipes financeiras já utilizam de alguma forma da tecnologia de IA, um aumento de 21% em comparação ao ano anterior. Além disso, a Grand View Research estima que o segmento “IA em fintech”, que valia $9,45 bilhões há três anos, está agora crescendo a uma taxa anual de 16,5%.
Desafios e Perspectivas para o Futuro do Concourse
No entanto, para que o Concourse consiga fazer um impacto significativo no mercado de tecnologia de automação financeira, precisará demonstrar o retorno sobre investimento (ROI) do seu produto, o que representa um desafio considerável. Segundo a Gartner, demonstrar ou estimar o valor da IA é um dos principais obstáculos enfrentados por quase metade das empresas que consideram essa implementação. Além disso, o Concourse deverá tranquilizar potenciais clientes quanto a preocupações relacionadas a erros e alucinações introduzidas pela IA. Um levantamento realizado entre executivos do Reino Unido, feito pela especialista em recursos humanos Peninsula, revelou que 40% dos entrevistados consideram as imprecisões geradas por ferramentas de IA uma preocupação primordial, seguidas por questões relacionadas à confidencialidade dos dados.
Para mitigar essas apreensões, Hafemeister informou que o Concourse adota “uma variedade de ferramentas e técnicas” destinadas à verificação de fatos e validações, assegurando que sua IA execute as tarefas conforme previsto. Ele também ressaltou que a plataforma não utiliza os dados das empresas para treinar seus modelos de IA — pelo menos, não sem permissão explícita — e que o Concourse coleta apenas os dados que os clientes optam por compartilhar. A precisão dos dados é crucial no setor financeiro, onde as respostas costumam ser absolutamente corretas ou completamente erradas. “Portanto, no Concourse, dedicamos muito tempo e esforço para oferecer uma IA que possa desempenhar com precisão a tarefa que lhe foi atribuída. Também levamos muito a sério a privacidade e segurança dos dados, e construímos o Concourse com as melhores práticas do setor”, afirmou Hafemeister.
O mercado parece receptivo às propostas do Concourse, que ainda está na fase beta de desenvolvimento, com um lançamento mais amplo planejado para o próximo ano. A plataforma já conta com vários clientes, incluindo Instabase e Shef, além de ter captado $4,7 milhões em capital. A ex-empregadora de Hafemeister, a a16z, investiu na startup, assim como a Y Combinator, CRV e Box Group. Atualmente, o foco da equipe, que conta com seis funcionários, está voltado para o desenvolvimento do produto e a expansão da equipe. “Levantamos recursos para contratar mais engenheiros, construir mais fluxos de trabalho que nossa IA possa assumir, aumentar a abrangência das integrações de dados e começar a escalar nossa função de go-to-market,” concluiu Hafemeister, enfatizando o compromisso com a contratação de engenheiros especializados em backend, aprendizado de máquina e IA.