Recentemente, os avanços da China no domínio das energias renováveis têm gerado grande preocupação nas nações ocidentais, especialmente em um momento em que os Estados Unidos, sob a presidência de Donald Trump, parecem dispostos a diminuir seu compromisso com a liderança global em questões climáticas. O que antes era um domínio em que os EUA se destacavam, hoje se vê ameaçado por um desempenho crescente da China em setores como energia solar e eólica. Este contexto levanta a questão crucial: poderá a China não apenas liderar em termos de tecnologia climática, mas também influenciar as políticas globais em relação às emissões de carbono?
No deserto de Kubuqi, na China, uma impressionante instalação solar conhecida como Junma Solar Farm se ergue, criando a silhueta de um cavalo galopante com cerca de 200.000 painéis solares. Este cavalo não é apenas uma obra de arte cultural da Mongólia Interior, mas um símbolo da velocidade com que a China caminha em direção a um futuro energético sustentável, superando todos os outros países na instalação de projetos de energia renovável.
A China tem se tornado a maior responsável pela instalação de projetos de energia renovável, particularmente em energia solar e eólica, movimentando um ritmo sem precedentes. Enquanto alguns especialistas preveem que os Estados Unidos sob a nova administração voltarão atrás em suas promessas climáticas, muitos indicam que a China se vê agora como a única nação capaz de liderar o caminho em direção à redução das emissões de carbono globalmente. O fator alarmante é que a China, sendo o maior poluidor do mundo, tem a responsabilidade proporcionalmente maior em lidar com as emissões que aquecem o planeta.
Nos primeiros anos do século 20, as emissões de carbono da China representavam uma fração mínima no cenário global. No entanto, com o rápido crescimento da industrialização e da inovação tecnológica, a China tornou-se, por muito, a maior fonte de emissões de carbono, respondendo por quase um terço do total mundial. Apesar dos números crescentes de poluição global, os dados recentes apresentam um observável abrandamento no crescimento das emissões da China, trazendo um fio de esperança aos especialistas em clima.
Outro ponto importante a considerar é que, embora a China esteja utilizando mais energia do que nunca, ela também está adicionando instalações de energia renovável ao seu grid em uma velocidade surpreendente. Em 2024, espera-se que as temperaturas globais alcancem níveis recordes, e os cientistas alertam que a humanidade está rapidamente esgotando o tempo para fazer uma transição aos combustíveis limpos, a fim de evitar consequências catastróficas das mudanças climáticas.
O dilema agora é como a China poderá abordar a questão do carvão, que ainda representa uma grande parte de sua produção de energia. Embora a energia solar e eólica já sejam responsáveis por 37% da eletricidade da China, o país precisará avançar ainda mais na adoção de fontes limpas em detrimento do carvão. Enquanto isso, as promessas de construção de 1.200 gigawatts em capacidade renovável até 2030, já superadas antes do esperado, indicam que a China tem um potencial ilimitado para liderar a transição energética.
A atual meta climática da China consiste na redução das emissões antes de 2030. Com as novas reuniões climáticas programadas para fevereiro, as autoridades dos EUA estão incitando o país a cortar suas emissões em 30% até 2035. Tal corte poderia resultar em uma significativa diminuição de gases poluentes com potencial para diminuir em 4,7 gigatoneladas as emissões, que é o equivalente à poluição total projetada dos EUA neste ano.
Indivíduos como John Podesta, conselheiro sênior da Casa Branca em assuntos climáticos, já indicaram que a verdadeira mudança pode estar se aproximando, visto que há sinais de que as emissões da China estão se estabilizando ou, possivelmente, começando a cair após anos de crescimento contínuo. Uma recente análise independente indicou que, em 2024, o país experimentou uma queda de 1% nas emissões, o primeiro sinal de recessão em meio à produção massiva de carbono.
O que se observa, no entanto, é que haverá um marco crucial nas próximas décadas para o esforço global contra as mudanças climáticas. Embora muito ainda precise ser feito, o potencial da China para liderar em tecnologias de energia limpa e na implementação de políticas de redução de emissões é um dos pontos mais importantes a serem observados no cenário internacional atual, com implicações diretas para o futuro do nosso planeta.
Em suma, a ascensão da China como potência em energia renovável não deve ser subestimada. Com sua visão e capacidade de execução, a nação está em posição de redefinir seu papel no mundo em um momento em que as nações ocidentais, como os Estados Unidos, devem reavaliar suas estratégias climáticas. Estamos diante de um novo capítulo nas políticas climáticas globais, onde a corrida tecnológica por energias limpas pode não apenas determinar o futuro do clima, mas também a geopolítica global que nos aguarda.