A guerra na Ucrânia, a mais longa contenda militar da Europa desde a Segunda Guerra Mundial, completou mil dias, e recentes desenvolvimentos indicam que as negociações de paz podem estar ganhando força. O clima de incerteza e recalibração entre os aliados da Ucrânia se intensifica, especialmente com o retorno da diplomacia sob a liderança de Donald Trump. As interações recentes entre líderes europeus e a Rússia levantam questionamentos sobre a estratégia futura e o papel crucial da Ucrânia na dinâmica geopolítica mundial.
No último fim de semana, uma movimentação unilateral do chanceler alemão, Olaf Scholz, que ligou para o presidente russo, Vladimir Putin, rompeu um período de quase dois anos durante o qual líderes da OTAN haviam isolado o Kremlin. Esta comunicação foi vista como uma má notícia para o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que havia solicitado à Casa Branca permissão para usar armas de longo alcance nos alvos russos. Zelensky, visivelmente irritado, expressou a preocupação de que essa ligação poderia abrir “a Caixa de Pandora” e enfraquecer a posição da Ucrânia na batalha prolongada.
No entanto, em um espetáculo curioso de diplomacia e pragmatismo, horas depois da chamada de Scholz, Zelensky pareceu reconhecer que, com Trump como presidente eleito, a guerra poderia terminar em breve, destacando que esta era uma promessa feita durante a campanha eleitoral de Trump. O chanceler alemão, mencionando que o diálogo com Putin era essencial, ressaltou que as posições rígidas do líder russo em relação à Ucrânia não haviam mudado, indicando que a situação continuaria desafiadora para todos os envolvidos.
A conversa de aproximadamente uma hora entre Scholz e Putin foi marcada pela familiaridade das negociações, onde a conclusão evidente foi que ainda não era o momento para um diálogo produtivo. Este episódio gerou tensão nas alianças Ocidentais, uma vez que muitos capitais estavam preocupados com o impacto da mudança no equilíbrio de poder resultante das negociações de paz sob a administração Trump.
Um oficial do Ocidente expressou que havia uma “suspensão coletiva” enquanto aguardavam a posse de Trump. A sensação geral entre os aliados da Ucrânia é de um nervosismo crescente, e a possibilidade de um “bônus positivo” para Putin por meio da diplomacia foi amplamente criticada. O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, foi inflexível ao afirmar que telefonemas não iriam deter Putin e que o apoio real da comunidade ocidental à Ucrânia era mais necessário do que nunca. Nas semanas seguintes, o conflito poderá tomar contornos decisivos, não apenas para a guerra, mas para o futuro da região.
Enquanto isso, a administração Biden autorizou o envio de mísseis ATACMs, refletindo um crescente senso de escalada na guerra, ao mesmo tempo que surgem rumores de possíveis conversas de paz. Essas movimentações são vistas como tentativas de cada parte para melhorar sua posição antes da nova presidência de Trump. Ano que vem, a situação pode evoluir rapidamente, especialmente com a aproximação de eleições na Alemanha, onde Scholz está tentando se apresentar como um “pacificador”, visando garantir votos fundamentais em meio a uma oposição pro-Moscou.
Com a palavra de Trump sendo observada atentamente, aparentes sinais de hesitação ou mudança podem ser interpretados de diversas formas. A incerteza do futuro da presença militar dos Estados Unidos na Ucrânia e a alocação de ajuda têm levantado mais questões do que respostas. Apesar de se esperar uma possível reavaliação das prioridades americanas, muitos analistas acreditam que um acordo de paz pode exigir um congelamento temporário nas linhas de frente, com segurança e garantias sendo oferecidas a ambas as partes.
Um diplomata francês ressalta que, desde que Trump foi eleito, as discussões sobre o futuro da Ucrânia se intensificaram, focando em quais concessões a Rússia estaria disposta a fazer. As maiores incertezas permanecem sobre se Putin manterá as áreas sob seu controle e se algum acordo de paz realmente encerraria a guerra definitivamente, ou se apenas serviria como uma pausa antes de novas hostilidades.
Entre muitas especulações, uma exaltação da opinião pública sugere que a conversa com Putin pode não ser a solução mágica que todos esperavam. Um ex-diplomata americano discutiu que a abordagem amigável de Trump pode ser uma maneira de evitar a demonização de adversários, o que levanta ainda mais questões sobre como ele abordará o conflito em andamento.
Com a Rússia mostrando sinais contínuos de avanço nas linhas de frente, e a Ucrânia submetida a constantes ataques, uma coisa se torna clara: a geopolítica em jogo não é apenas sobre a Ucrânia, mas sobre uma reconfiguração global que poderá envolver atores adicionais. A interação entre as potências mundiais pode ser muito mais complexa à medida que o cenário se desenrola, revelando um futuro incerto para a segurança europeia e para a própria Ucrânia.
Fica evidente que, mesmo com investidores e aliados esperando por direções claras, o resultado das conversações futuras será fundamental na definição de como a Europa lida com Putin e os desafios que surgem com uma presidência de Trump. A esperança remanescente é que a busca por uma paz duradoura não se transforme em uma armadilha, mas em uma oportunidade para um novo começo nesse conturbado cenário.