O caminho que leva a liberdade e à autoexpressão pode ser sinuoso e não é necessariamente pavimentado com os desejos mais convenientes. Para Juhea Kim, a autora do esperado romance “City of Night Birds”, a dança clássica do ballet se tornou um refúgio e uma forma de autodescoberta. Kim, que desde muito jovem se encantou pela arte do ballet, compartilha sua jornada emocional na qual a dança não apenas moldou suas aspirações, mas também proporcionou uma forma de lidar com a dor e os desafios da vida. Ao olhar para trás, essa escritora estabelecida reflete sobre as adversidades que enfrentou e como elas contribuíram para sua evolução como artista.

Juhea revela que a paixão pelo ballet surgiu quando assistiu ao filme “Center Stage”, uma obra que se tornou um marco para muitos millennials. A simplicidade de sua paixão transformou-se em um desejo intenso de se tornar bailarina, levando-a a se inscrever no pré-programa de verão da Universal Ballet, na Coreia. No entanto, a realidade do treinamento intensivo era bastante desafiadora. Juhea, que na época tinha apenas 15 anos, sentia-se deslocada e era frequentemente criticada por suas limitações. Em suas palavras, “Eu sabia que era a pior dançarina do programa”, e essa sensação de inadequação foi apenas um dos muitos obstáculos que enfrentou ao longo do caminho.

De fato, as condições eram severas, e ele luchou contra o peso de suas esperanças. Mesmo dançando com sapatilhas de ponta que não forneciam o suporte necessário, Juhea se manteve motivada pela paixão que sentia. Ao final de cada dia, ao remover as sapatilhas molhadas de sangue, era a emoção ardente pelo ballet que a levava a continuar, mesmo quando a dor parecia insuportável. “Era um amor que nunca seria correspondido”, admite. Apesar de todos os desafios externos, a dança tornou-se um espaço onde ela poderia explorar a si mesma, mesmo que sua vida pessoal estivesse em desordem. Isso resultou em uma poderosa conexão que transcendeu as dificuldades que vivia, desde a separação dos pais até a instabilidade financeira da família.

Com o advento da vida universitária em Princeton, a trajetória de Juhea tomou um novo rumo. Ela se viu livre da autocrítica que antes lhe limitava e começou a se expressar de forma mais autêntica através do movimento. As aulas de dança moderna a ensinaram a se libertar dos padrões clássicos que muitas vezes a restringiam, permitindo que sua essência se revelasse. Durante um projeto final, Juhea usou a dança como meio de canalizar sua dor emocional, apresentando uma coreografia que impressionou o público e despertou uma nova consciência sobre sua identidade como artista. A frase de Martha Graham, “Essa expressão é única”, ressoou fortemente com Juhea, que encontrou em sua dança uma nova vitalidade e uma forma de contar histórias.

No entanto, após essa fase de descoberta, Juhea se distanciou da dança por mais de uma década. Com as pressões do mundo real e a busca por estabilidade financeira, ela abandonou a dança em busca de um emprego convencional. A vida a levou para longe da dança e, em muitos aspectos, para longe de si mesma. Mas, quando a pandemia de COVID-19 chegou, Juhea reencontrou a dança ao se inscrever em aulas online. Desde então, suas experiências de ballet retornaram, e ela descobriu que continuava a ser uma melhor bailarina aos 37 anos do que aos 20, com a consciência de si mesma que agora possuía.

Este reencontro renovou sua relação com a dança e, consequentemente, afetou seu trabalho como escritora. O livro “City of Night Birds”, que será lançado em 26 de novembro, é o resultado dessa redescoberta. Juhea expressa que, mesmo não sendo uma bailarina profissional, sua prática diária de dança alimenta sua criatividade e seu ofício de escritora. A comunicação emocional que ela encontrou na dança agora se reflete em suas palavras. Assim, em vez de buscar a perfeição no ballet, Juhea aprendeu que a dança é uma forma de liberdade, um espaço de autenticidade que lhe permite ser quem realmente é. “Após uma vida de amor não correspondido, isso é o suficiente”, conclui, enquanto se prepara para compartilhar sua história com o mundo.

A jornada de Juhea Kim ressoa com muitos que buscam a liberdade através da arte e nos ensina que, mesmo as experiências mais desafiadoras podem servir como catalisadores para a autodescoberta e a expressão criativa. O ballet não apenas fez parte da sua vida, mas também permitiu que ela fizesse as pazes com seus anseios, frustrados e não correspondidos, transformando-os em uma linguagem rica que fala sobre a condição humana.

“City of Night Birds” já está disponível para pré-venda e promete cativar os leitores com a história de uma mulher que, mesmo diante de desafios, encontrou seu caminho de volta para o amor pela dança e pela vida.

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