O cenário da comunicação empresarial está passando por mudanças profundas, especialmente com a preferência crescente dos consumidores por mensagens de texto em vez de chamadas telefônicas. Uma pesquisa recente revela que dois terços das pessoas estão dispostas a trocar de empresa caso recebam a opção de contato via texto. Neste contexto, o setor de marketing por mensagem de texto, que deve alcançar a impressionante marca de 12,6 bilhões de dólares até 2025, tem visto o crescimento de empresas como a Blip, anteriormente conhecida como Take Blip, que está se destacando na gestão de campanhas de mensagens de texto.
Com um portfólio que agora abrange mais de 4.000 marcas, incluindo gigantes como GM, Dell e Claro, a Blip, fundada há cerca de 25 anos por um grupo de visionários, está navegando pela transformação digital que redefine as interações entre marcas e consumidores. A empresa conecta clientes a marcas através de diversas plataformas e aplicativos como WhatsApp, Instagram, Messenger, RCS e iMessage.
Vale ressaltar que, na sua origem em 1999, a Blip tinha um modelo de negócios muito diferente. Naquela época, os smartphones ainda eram um sonho distante e os aplicativos de mensagens instantâneas, como os conhecemos hoje, não existiam. A Blip começou a sua jornada como uma loja de celulares, posteriormente ampliando seu escopo para toques de celular. Com o surgimento do marketing conversacional em 2014, a empresa fez uma reviravolta, se adaptando às necessidades emergentes do mercado.
De acordo com Roberto Oliveira, um dos fundadores, “não há dúvida de que a interface para experiências digitais estava migrando para formatos conversacionais.” Ele ressaltou que as redes sociais e as plataformas de conversação vão muito além de meros canais de comunicação; elas são sistemas operacionais que podem implementar engajamento, vendas e suporte ao cliente com resultados notáveis. No cenário atual, a Blip oferece às empresas ferramentas para criar chatbots impulsionados por inteligência artificial que não apenas respondem a perguntas, mas também transferem clientes para representantes humanos em situações que demandam mais complexidade.
Os recursos da plataforma permitem que as marcas desenvolvam fluxos de conversa, monitorem o sentimento dos usuários e incluam suporte para pagamentos, facilitando assim o comércio conversacional. “Usando a plataforma da Blip, as marcas podem implementar um ciclo de feedback que garante que cada nova interação com os clientes melhore no futuro,” explicou Oliveira. O objetivo é auxiliar os clientes na identificação de áreas para melhorias em suas aplicações conversacionais, otimizando a experiência do usuário.
Além disso, a Blip também fornece análises detalhadas para monitorar o desempenho dos representantes de atendimento ao cliente. No entanto, essa funcionalidade pode ser vista como um desafio, uma vez que uma pesquisa revelou que mais de quatro em cada cinco representantes sentem que a pressão para atender às solicitações dos clientes impacta seu bem-estar mental, com três quartos relatando que trabalhar com metas diárias ou semanais aumenta seus níveis de estresse. Oliveira enfatizou que as funções de monitoramento são opcionais e personalizáveis conforme as necessidades da marca.
Contudo, a Blip enfrenta a concorrência de outros players neste espaço saturado de marketing baseado em texto, como Glia, Bird, Gupshup, Voxie, e Emotive. A empresa também entra em competições com rivais como Connectly, apoiada pela Alibaba, e Postscript, que foca no e-commerce. Apesar disso, a Blip se destaca com um crescimento contínuo, registrando receitas anuais superiores a 100 milhões de dólares em 2022. A empresa reporta que seus clientes criaram mais de 300.000 chatbots utilizando suas ferramentas, facilitando mais de 50 milhões de conversas diárias através de aplicativos de mensagens sociais.
A Blip, que até o início de 2020 operava de forma independente, acaba de fechar uma rodada de investimento Série C de 60 milhões de dólares, liderada pela SoftBank, com a participação da Microsoft — um investimento direto raro. Com isso, o total levantado pela companhia alcança 230 milhões de dólares, e esses recursos serão utilizados para expansão internacional e desenvolvimento de produtos. Oliveira acrescentou: “Em 2022, fizemos um compromisso duplo com nosso conselho de diretores e acionistas: manter nosso caminho de crescimento sustentável enquanto visávamos fluxo de caixa positivo no quarto trimestre de 2023.”
À medida que a Blip se posiciona para um futuro promissor, a empresa está também de olho em possíveis fusões e aquisições. Em 2022, a Blip adquiriu a Stilingue, uma plataforma que utiliza inteligência artificial para monitorar textos em canais de marketing, e em 2023, comprou a Gus, uma empresa mexicana na área de inteligência artificial conversacional. Atualmente, a Blip conta com mais de 1.500 funcionários e escritórios no Brasil, México e Espanha, com sua sede localizada em São Paulo.
O crescente apelo das empresas latino-americanas para investidores de risco é um reflexo de um pool de talentos em expansão e da demanda por serviços acessíveis à classe média. Segundo a Associação para Investimentos de Capital Privado na América Latina, o mercado de capital de risco na América Latina alcançou seu segundo maior nível recorde em 2023, continuando uma tendência de crescimento que já dura três anos. Esse cenário coloca a Blip em um local privilegiado para aproveitar oportunidades futuras, entregando soluções inovadoras e ampliando sua presença no mercado de marketing por mensagem.