Na última semana, Marlon Nichols subiu ao palco do AfroTech para compartilhar suas percepções sobre a importância da construção de relacionamentos quando se trata de entrar em novos mercados. “Uma das primeiras coisas que você faz ao entrar em um novo mercado é encontrar os novos protagonistas”, afirmou Nichols, enfatizando a necessidade de compreender as reais demandas locais e as tendências atuais. Esse aspecto da abordagem empresarial torna-se um verdadeiro diferencial, especialmente em um cenário tão dinâmico como o do continente africano.
Como cofundador e sócio-gerente da MaC Venture Capital, Nichols recentemente anunciou a captação de um novo fundo no valor de 150 milhões de dólares para seu terceiro fundo, além de já ter investido mais de 20 milhões de dólares em pelo menos dez empresas africanas. Sua primeira experiência de investimento no continente remonta a 2015, um período em que os investimentos em startups africanas ainda não eram tão populares. Essa antecipação fornecerá a ele um sólido conhecimento e uma presença marcante no ecossistema de negócios africano.
Dados recentes mostram que as startups africanas conseguiram levantar entre 2,9 bilhões e 4,1 bilhões de dólares no último ano. Apesar desse montante impressionante, houve uma queda em relação aos 4,6 bilhões a 6,5 bilhões de dólares arrecadados em 2022, um ano que desafiou a tendência global de desaceleração dos investimentos em venture capital. Este cenário elucida a necessidade de um olhar atento e estratégico em relação às potências emergentes no continente.
Durante sua palestra, Nichols observou que os setores mais promissores para inovação na África são saúde e fintech. Ele argumentou que essas áreas se destacaram justamente pela falta de infraestrutura adequada de pagamentos e por sistemas de saúde que carecem de financiamento. Essas lacunas no mercado criam oportunidades valiosas para quem deseja ingressar em um ambiente em constante evolução.
Atualmente, a maioria dos investimentos da MaC Venture ocorre na Nigéria e no Quênia, beneficiada pela robusta rede que Nichols conseguiu estabelecer ao longo dos anos. O executivo destacou que a construção de conexões é fundamental: “Quando um negócio chega até mim, analiso a oportunidade e posso encaminhá-la a todas essas pessoas que conhecem as coisas a partir de uma perspectiva prática”. Além disso, ressaltou que essa rede de contatos permite também a angel investing em empresas emergentes, outra via de entrada no mercado.
Embora o financiamento tenha diminuído, Nichols vislumbra um futuro promissor. Ele observa que a queda nos investimentos era prevista, uma vez que os investidores se afastaram em um cenário econômico desafiador. Entretanto, também é notável um movimento onde investidores estão começando a olhar além dos quatro principais mercados africanos, que incluem Quênia, África do Sul, Egito e Nigéria, e se aventurando na África francófona, que começou a demonstrar um aumento no fluxo de negócios, colocando-se em pé de igualdade com os “Quatro Grandes” do continente.
Ademais, um número crescente de investidores em estágio inicial está surgindo na África, mas Nichols enfatizou que existe uma demanda ainda maior por empresas que financiem estágios mais avançados, como aquelas que investem da Série A à Série C, por exemplo. “Acredito que a próxima grande relação comercial ocorrerá com os países do continente africano”, afirmou. “Por isso, é necessário plantar as sementes agora.” Este lembrete ressoa fortemente em um momento em que a adaptabilidade e o estabelecimento de parcerias e relações estratégicas são mais cruciais do que nunca.
Em conclusão, a mensagem de Nichols não apenas ressalta o valor das relações nos negócios, mas também nos concede uma visão clara sobre o potencial inexplorado de um mercado vibrante e inovador como o africano. Assim, convida todos os envolvidos no mundo dos investimentos a não apenas observar, mas engajar-se ativamente na construção do futuro deste continente.