Um sintoma surpreendente, frequentemente desconsiderado como um simples sinal de resfriado, pode na verdade apontar para um alerta maior: a demência. Pesquisadores e médicos têm alertado que a perda do olfato pode ser um precursor de problemas mais graves relacionados à saúde cognitiva, incluindo a doença de Alzheimer, uma das formas mais comuns de demência.
conexão entre o olfato e a demência
De acordo com um relatório publicado na Parade, a perda do sentido do olfato, juntamente com problemas de memória e alterações no pensamento cognitivo, pode ser um indicador precoce de demência. Dr. Meredith Bock, uma neurologista certificada e diretora médica da Remo Health, enfatiza a relevância deste sintoma: “À medida que envelhecemos, é normal que nossos sentidos mudem. Para as pessoas que vivem com demência, essas mudanças podem ser mais perceptíveis.” A especialista sublinha que a redução da capacidade olfativa pode ser um sinal que não deve ser ignorado.
Com a adesão a essa ideia, Dr. Fouzia Siddiqui, também neurologista, realça que o olfato pode ser particularmente afetado em pacientes que desenvolvem demência. Ela observa que “um risco aumentado de declínio cognitivo e demência devido à doença de Alzheimer foi identificado em sujeitos com disfunção olfativa.” Compreender essa relação é crucial para a detecção precoce, uma vez que a identificação de odores pode ser uma ferramenta útil de triagem que prevê a progressão de um leve comprometimento cognitivo para a demência.
impacto gradativo da demência na sensação de olfato
Este impacto pode se manifestar em atividades cotidianas. A neurodegeneração que causa a demência pode afetar a sensação e o processamento sensorial relacionados ao olfato, tornando mais difícil para os pacientes reconhecerem fragrâncias familiares, como o shampoo ou o sabonete de preferência. Para muitas pessoas que enfrentam essa condição, a perda do olfato é gradual e pode não ser notada imediatamente. Porém, para aqueles com demência de corpos de Lewy, essa perda pode ocorrer quase uma década antes do início de outros sintomas relacionados à doença, segundo Siddiqui.
A importância de prestar atenção nesses detalhes não pode ser subestimada. As pesquisas indicam que as pessoas com perda significativa do olfato devem ser avaliadas com urgência, principalmente considerando os dados do Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, que indica que a demência é uma condição que pode incapacitar o indivíduo de lembrar, pensar claramente ou tomar decisões durante as atividades diárias. O CDC ainda ressalta que cerca de 6,7 milhões de adultos mais velhos nos Estados Unidos vivem com Alzheimer, um número que deve dobrar até 2060.
importância do diagnóstico precoce
O reconhecimento e a compreensão sobre como a demência se relaciona com o olfato são um passo vital para ajudar aqueles que podem estar em risco. Além disso, a perda do olfato pode ser um sintoma de várias outras condições, até mesmo de Covid-19. Portanto, é sempre recomendável consultar um médico se você ou alguém próximo notar uma diminuição ou ausência do sentido olfativo.
Ficar ciente dos sinais precoces pode não apenas facilitar o diagnóstico, mas também permitir intervenções mais eficazes. Viver com demência não é apenas uma questão de perda de memória, mas também de como o mundo ao nosso redor é percebido. Os odores são uma parte importante da nossa experiência diária e perder essa habilidade pode impactar significativamente a qualidade de vida. Sendo assim, a próxima vez que você sentir um cheiro familiar, pare um momento para refletir: será que esse aroma está dizendo algo sobre o meu estado de saúde? Este questionamento pode ser a chave para um diagnóstico que salve vidas.
Assim, à medida que avançamos em direção a um entendimento mais completo da demência e suas manifestações, cabe a nós prestar atenção às sutilezas que podem, um dia, fazer toda a diferença na vida de alguém que amamos.