Vic Flick, o renomado guitarrista britânico responsável pelo famoso riff da canção tema de James Bond, que fez sua estreia nas telonas com Dr. No, faleceu na última quinta-feira, aos 87 anos. A notícia sobre sua morte foi divulgada pela família na internet, revelando que ele lutava contra a doença de Alzheimer.
Flick não apenas conquistou o coração dos fãs de cinema, mas também deixou sua marca em várias canções de sucesso, incluindo “A World Without Love” da dupla Peter e Gordon, além de “Downtown” de Petula Clark. Sua versatilidade lhe permitiu contribuir em clássicos como “It’s Not Unusual” de Tom Jones e “Ringo’s Theme” para A Hard Day’s Night de 1964. Aproximou-se de grandes nomes da música, incluindo Eric Clapton, George Martin, Herman’s Hermits, Cliff Richard, Dusty Springfield e Engelbert Humperdinck, demonstrando sua influência na indústria musical.
Flick não se destacou apenas no cenário musical britânico; ele se tornou um nome conhecido internacionalmente, uma verdadeira lenda da guitarra. As suas performâncias com John Barry em The John Barry Seven criaram uma ponte perfeita para o que viria a ser o icônico tema de James Bond. Em muitos de seus projetos, Flick conseguia trazer uma sua bateria sonora e uma dinâmica que se transformaram na marca registrada do personagem mais famoso do cinema.
Na verdade, o próprio Flick descreveu a experiência de gravar a música tema de Dr. No como uma “aventura sonora”. Ao usar uma guitarra Clifford Essex Paragon De Luxe, ele introduziu um som pesado que se tornaria emblemático. “Tive uma abordagem mais dinâmica”, ele disse, lembrando que ao tocar as cordas mais grossas com um plectro rígido, conseguiu um som vibrante que se harmonizava com a imagem de James Bond.
Seus feitos não se limitaram a uma única canção, Flick participou de trilhas sonoras de cerca de uma dúzia de filmes da série 007, incluindo a famosa “Goldfinger”, que também se tornou uma assinatura ao longo dos anos. Flick estava entre as vozes e sonoridades que ajudaram a moldar o que entendemos por “trilha sonora de filmes de ação” atualmente.
Nascido em 14 de maio de 1937, em Surrey, Inglaterra, Victor Harold Flick entrou no mundo da música sob a tutela do pai, que era professor de música. Inicialmente, ele tocou piano, mas rapidamente se apaixonou pela guitarra, ajudando a formar uma banda com o pai. Sua trajetória o levou a alçar voo em turnês europeias com grandes artistas e grupos da época.
Em uma entrevista de 2021 à Guitar Player magazine, ele revela que o distintivo som de sua guitarra é resultado não só do instrumento, mas também do amplificador Vox AC15 que ele utilizou, que se tornou seu companheiro inseparável em turnês. “Era o meu favorito”, disse ele. “Ele não me deixou na mão, até cair de uma altura de 2 metros em um buraco musical e se desintegrar.” Essa anedota ilustra a profundidade do vínculo que Flick teve com seu equipamento e como isso influenciou sua arte.
É impressionante notar que, embora tenha conquistado vários prêmios e honrarias, como o Lifetime Achievement Award do The National Guitar Museum em 2013, Flick permaneceu humilde e comprometido. Ele ainda completava suas performances de pé, considerando tão vital esse elemento para transmitir a emoção de sua música aos fãs.
Vic Flick deixa sua esposa ainda viva, Judith, seu filho Kevin e seu neto Tyler. Sua marca na música e no cinema permanecerá, assim como as memórias e o legado que ele deixou.
A música pode se despedir, mas seu som ressoará eternamente nas trilhas sonoras de nossas vidas.