A solidão é uma questão que tem afetado muitos indivíduos, e essa realidade foi amplamente discutida nas últimas décadas, intensificada principalmente após o início da pandemia de COVID-19. Um exemplo que ilustra essa situação é o de Andy Dunn, que, após uma bem-sucedida carreira construindo a marca Bonobos e promovendo a saúde mental de fundadores, se mudou para Chicago com sua família e se deparou com a dura realidade de não ter feito novas amizades ao longo dos anos. Dunn, em seu relato descontraído, admite que reconheceu a necessidade de estabelecer novas conexões: “Eu não acho que seja fácil admitir para si mesmo que você não tem amigos”, diz ele em uma conversa onde tenta não rir da situação. Essa experiência pessoal de Dunn ecoa em muitos lares americanos, onde a solidão se tornou uma epidemia silenciosa, crescendo particularmente durante o período de lockdowns e restrições.

Foi neste contexto que surgiu a ideia de seu mais novo empreendimento, denominado Pie, um aplicativo social inovador que busca abordar a solidão e facilitar a formação de novas relações sociais. Com a vontade de reimaginar um conceito já muito explorado, Pie está se expandindo de Chicago para São Francisco, oferecendo aos usuários a oportunidade de se conectarem com eventos locais. Dunn, ciente de que muitos aplicativos de eventos já existem, decidiu diferenciar sua proposta ao incentivar criadores a organizar eventos atrativos, trazendo um novo ânimo ao processo de fazer amizades. “Acreditamos que existe uma economia escondida de pessoas que adoram reunir outras e que, à medida que essa comunidade se expande, ajudarão a acabar com a pandemia de isolamento social”, afirma Dunn, destacando a importância de financiar e apoiar esses criadores para que possam realizar suas atividades.

Atualmente, eventos organizados através de aplicativos como Partiful têm se tornado populares, mas muitas vezes são voltados apenas para reunir círculos sociais já existentes. Na tentativa de mudar esse panorama, Dunn e sua equipe estão investindo um milhão de dólares em um Fundo para Criadores, que paga de cinco a dez dólares por confirmação de presença em eventos interessantes que promovam a interação social. Um dos grupos de eventos que mais se destacou até o momento é chamado de “Sunday Morning Club”, que promove atividades em grupo, como yoga e vôlei de praia, ao invés de “perder um domingo” em casa. A experiência de Dunn com esse clube é notável, já que seu organizador, Kyle Casaccio, apresenta uma taxa de retorno considerável, com uma expectativa de rendimento de aproximadamente 100 mil dólares.

Os recursos para estas atividades são garantidos por um investimento robusto de 24 milhões de dólares que a Pie conseguiu levantar, sendo a mais recente uma rodada de investimento da Série A, que obteve 11,5 milhões de dólares liderados por Kirsten Green da Forerunner Ventures, além da contribuição de 5,3 milhões de dólares do cofundador do Twitter, Ev Williams. Apesar da alta concorrência neste setor, Dunn permanece otimista com a proposta de monetização, que ainda não foi completamente definida: “Estamos pagando você. Você é quem está fazendo o trabalho ingrato e difícil de organizar”, comenta Dunn sobre a importância de recompensar os organizadores de eventos.

Embora a equipe de Dunn ainda esteja na busca por um modelo de negócios sólido, o futuro de Pie parece promissor, especialmente em um ambiente urbano como São Francisco, onde a ambição e a busca por conexões são constantes. Em termos de engajamento para eventos, Dunn acredita que a privacidade e a exclusividade de alguns eventos podem fazer com que as pessoas se sintam mais inclinadas a participar. “Se você é convidado para tudo, você meio que não quer ir”, explica, ressaltando que o aplicativo se fundamenta em uma abordagem de “amigos de amigos”, um método que pode aumentar as chances de participação.

Até outubro, Pie já contava com cerca de 23 mil usuários, e à medida que continua sua expansão, Dunn expressa otimismo em relação ao potencial da rede: “Só queremos desbloquear isso e facilitar para as pessoas se encontrarem e fazerem amigos na Bay Area”. A jornada de Dunn e sua equipe reflete a necessidade urgente de reconectar pessoas em tempos tão desafiadores, reforçando a esperança de que, mesmo em meio à solidão, novas amizades e laços sociais possam florescer.

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