A astronauta aposentada Eileen Collins, uma pioneira da NASA, compartilha suas experiências notáveis na exploração espacial e os impactos que essa jornada teve em sua vida familiar. Com dois filhos, Bridget e Luke Youngs, Collins revela como o medo da perda permeou suas relações familiares enquanto buscava realizar seus sonhos através da viagem espacial. Esta perspectiva humana, especialmente enraizada na vida da jovem Bridget, agora com 29 anos, é apresentada no documentário “Spacewoman”, dirigido por Hannah Berryman, que foi exibido no DOC NYC no dia 16 de novembro.
o legado de eileen collins na exploração espacial
Eileen Collins, aos 68 anos, destacou-se como a primeira mulher a pilotar e comandar uma missão do Space Shuttle da NASA. Sua carreira é marcada pela coragem e pelo talento, especialmente quando liderou a missão “Return to Flight” em julho de 2005, que ocorreu após a tragédia do Columbia em 2003, onde todos os sete membros da tripulação perderam a vida. Este acidente trágico fez com que Collins refletisse sobre os riscos que sua profissão acarretava, não apenas para ela, mas também para sua família. Seis meses antes do acidente do Columbia, Collins teve uma conversa significativa com sua filha mais velha, Bridget, sobre a explosão do Challenger, ocorrida em 1986, onde todos os astronautas também faleceram. Collins reassurou sua filha de que aquilo não aconteceria novamente, somente para se deparar, meses depois, com a realidade devastadora do acidente do Columbia. “Eu tentei conversar com ela sobre isso. Ela não queria falar”, recorda Collins em uma entrevista.
Bridget, durante o documentário, revela o impacto emocional que a profissão da mãe teve sobre ela na infância. Com apenas sete anos, a jovem acreditou que a mãe poderia morrer no espaço e que deveria estar preparada para essa possibilidade. “Ela me dizia para esperar o melhor, mas esperar o pior. Não acho que ela quisesse que isso soasse tão intensamente, mas eu, com sete anos, pensei: ‘Mamãe vai morrer no espaço, e eu preciso estar pronta para isso'”, conta Bridget. Revelações como essa não apenas oferecem uma visão sobre os desafios emocionais enfrentados pela família de uma astronauta, mas também iluminam como o medo pode ser uma sombra constante sobre a inocência infantil.
superando medos: a resiliência familiar frente à adversidade
Consciente dos medos que afligiam Bridget, Collins tomou a iniciativa de implementar um programa de apoio para as famílias dos colegas astronautas, sentindo que essas crianças também estavam lidando com a dor e o medo resultantes da tragédia que havia ocorrido. Isso incluiu reuniões sociais nas tardes de domingo, onde as crianças podiam interagir umas com as outras e entender melhor seus medos. Collins organizava visitas aos simuladores e sessões de treinamento, criando um ambiente de apoio em grupo. “Eu queria ter certeza de que todos se conhecessem e tivessem um suporte mútuo. Eles estavam com tanto medo”, explica Collins.
Compreendendo a ansiedade que rondava as cabeças das crianças, Eileen discorre sobre o sentimento compartilhado entre todas as famílias de que o acidente poderia acontecer novamente. Em um momento reflexivo, ela afirma que “todas as famílias pensam que a explosão no início do lançamento vai acontecer de novo”. Reafirmando a importância da exploração espacial, Collins enfatiza que “precisamos ir, mas temos que ser seguros”. Essa insistência em garantir a segurança destaca não apenas o caráter destemido da exploradora, mas também o amor que sente em seu papel de mãe, lutando para equilibrar a segurança da sua família com suas ambições profissionais.
o impacto da maternidade na vida de uma astronauta
Ao se preparar para sua última missão, Collins se via novamente na posição de tranquilizar sua filha, garantindo-lhe que retornaria em segurança. “Estou fazendo isso, mas quero que você saiba que eu vou voltar”, disse ela a Bridget, tentando aliviar sua preocupação. A astronauta reconhece a complexidade de ser mãe e, ao mesmo tempo, uma figura pública em uma profissão tão arriscada. Collins reflete sobre a dualidade de ser astronauta e mãe, afirmando que, embora não seja fácil, é uma das melhores realizações da sua vida. “É difícil ser mãe e astronauta. Mas pode ser feito”, conclui.
Essa conexão entre uma vida de exploração cósmica e a vida familiar é um lembrete inspirador de que, independentemente das alturas que uma pessoa possa alcançar, as raízes emocionais e as responsabilidades familiares permanecem como os pilares fundamentais da experiência humana. O documentário “Spacewoman”, que explora essas nuances em profundidade, está disponível para streaming no site do DOC NYC até 1º de dezembro, proporcionando uma visão honesta e acessível das decisões e sacrifícios que moldam a vida de cada astronauta.
O relato de Collins não é apenas uma batalha pessoal em uma profissão de risco, mas uma narrativa que lembra a todos nós sobre a força das relações humanas e a importância de enfrentar nossos medos em busca de nossos sonhos. A vida é uma jornada, e, como Eileen Collins, devemos sempre nos lembrar da importância de equilibrar nossas ambições com o amor e carinho que nutrimos por aqueles que estão ao nosso redor.