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Na última terça-feira, uma obra do renomado artista surrealista René Magritte, intitulada ‘L’empire des lumières’ (O Império das Luzes), foi leiloada por impressionantes US$ 121 milhões em um leilão da Christie’s, realizado em Nova York. Este valor não apenas superou o estimado de US$ 95 milhões, mas também estabeleceu um novo recorde absoluto para obras do artista em leilão. Este resultado emblemático reflete não apenas a grandeza da peça, mas também a resiliência do mercado de arte, que enfrenta um cenário de incertezas econômicas e diminuição nas vendas globais.

O quadro de 1954 é um dos maiores de uma sequência de 27 obras que compartilham o mesmo título, ‘L’empire des lumières’. A pintura é amplamente reconhecida por sua escala considerável, condição impecável e detalhes sutis, o que a distingue não apenas no contexto da obra de Magritte, mas também dentro do panorama da arte do século 20. O leilão também contou com outras obras de gigantes modernos, como Ed Ruscha e Max Ernst, mas a peça de Magritte foi descrita como a “joia da coroa” da coleção de Mica Ertegun, um falecido designer de interiores americano, cujas obras foram colocadas à venda.

Representando um cenário noturno iluminado por um único lampião, a pintura evoca uma atmosfera mágica e ambígua. A chama do lampião brilha intensamente, iluminando até as árvores escuras que emolduram a cena, enquanto a calmaria do cenário é refletida nas águas em primeiro plano. O céu, de um azul sereno pontilhado por nuvens brancas, se estende sobre o cenário, criando uma dualidade que é típica do estilo surrealista. Magritte explorou essa justaposição de ambientes iluminados e sombrios ao longo de quase duas décadas, criando uma obra que é aclamada por sua capacidade de fusão entre o dia e a noite.

Antes do leilão, Max Carter, vice-presidente da Christie’s para arte do século 20 ao século 21, elogiou a obra, destacando que o seu “brilho extraordinário” é ainda mais impressionante ao vivo. Este preço recorde, que superou as expectativas, representa um ponto positivo em um cenário de vendas de arte que está em desaceleração, um mercado que nos últimos anos visto com desafios, amigos, talvez a euforia de ter uma verdadeira obra-prima em exibição contribuiu para essa dinâmica de mercado.

A venda de ‘L’empire des lumières’ destaca não apenas o valor icônico da obra de Magritte, mas também um ponto de inflexão em um mercado de arte que reflete tanto a saúde do setor quanto o interesse contínuo por grandes artistas. Surpreendentemente, enquanto as vendas caem em outras partes do mercado de arte, Carter observa que a presença de ícones como Magritte cria uma dinâmica de mercado própria, atraindo colecionadores que buscam obras com valor significativo. Além da obra principal, dois outros trabalhos de Magritte também foram leiloados, ‘La cour d’amour’, que rendeu US$ 10,53 milhões, e ‘La Mémoire’, que alcançou US$ 3,68 milhões. Além disso, em outro segmento, uma natureza morta do artista britânico David Hockney, que possui 87 anos, foi vendida por mais de US$ 19 milhões.

Em busca de dados atualizados sobre o mercado, o relatório produzido pela Art Basel e UBS em 2024, que analisa as vendas em leilão, revelou que Christie’s arrecadou US$ 2,1 bilhões no primeiro semestre deste ano, apresentando uma queda de 22% em relação ao mesmo período do ano anterior, marcando o segundo ano consecutivo de queda nas vendas do primeiro semestre. Contudo, a Christie’s observou um progresso em 2024, especialmente no que diz respeito às vendas de arte asiática e um aumento de 3% nas vendas online, conforme demonstram a crescente dinâmica digital das vendas de arte.

A importância de Magritte na arte contemporânea

Famoso por suas representações surreais, Magritte dedicou um considerável período de sua carreira — cerca de 15 anos — visando capturar a transição fugaz entre o dia e a noite em suas representações paisagísticas, com um total de 17 pinturas a óleo e 10 guaches sob o título ‘L’empire des lumières’. O aumento da demanda por essas obras não se deve apenas à beleza estética e técnica, mas também à sua apresentação no Pavilhão Belga da Bienal de Veneza, onde uma grande versão da obra original foi adquirida pela colecionadora Peggy Guggenheim.

A crítica Sandra Zalman, professora de história da arte na Universidade de Houston, sugere que a sutilidade surrealista dessas obras indica um primeiro esboço do famoso homem de chapéu-coco que assombra o imaginário coletivo. Para ela, a sombra do lampião sugere a presença deste personagem, simbolizando uma dinâmica que se torna particularmente relevante em tempos de incerteza e surrealismo no presente. O momento da venda coincide com o centenário do movimento surrealista, o que, de certa forma, amplifica a relevância cultural e histórica da obra e do artista em nosso tempo.

Concluindo, a venda de ‘L’empire des lumières’ não apenas reafirma a importância inegável de Magritte na história da arte, mas também apresenta uma janela para os desafios e as oportunidades que caracterizam o atual panorama do mercado de arte. Embora a arte contemporânea enfrente um período de hesitação, obras como a de Magritte continuam a capturar a imaginação e o interesse de colecionadores e investidores, confirmando que, quando se trata de arte de qualidade, a paixão e o valor nunca saem de moda.

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