Decisão de recusa revela mudança na abordagem comunicacional do ex-presidente
Em um desdobramento que reafirma sua relação conturbada com a mídia tradicional, Donald Trump decidiu cancelar uma entrevista previamente agendada com a CNBC, marcando a segunda vez em apenas algumas semanas que o ex-presidente optou por não comparecer a uma conversa com veículos de comunicação mais convencionais. A informação foi divulgada por Joe Kernen, co-apresentador do programa “Squawk Box”, durante a transmissão da manhã de terça-feira. Kernen comentou que, devido ao cancelamento, a CNBC também havia oferecido a oportunidade de uma entrevista à vice-presidente Kamala Harris, mas que esta não comparecerá ao programa. Em tom de brincadeira, Kernen mencionou que, com a desistência de Trump, Harris poderia aparecer para responder a questões que, segundo ele, o ex-presidente evitaria.
De acordo com um porta-voz da campanha de Trump, a decisão de cancelar a entrevista se deveu a um conflito de agenda, uma vez que o ex-presidente pretende estar em Michigan na sexta-feira. A CNBC, no entanto, não deu retorno imediato a pedidos de comentários sobre a situação. A escolha de Trump de não participar da entrevista com a CNBC segue uma tendência mais ampla em sua abordagem comunicacional, onde ele tem se abstido de interações com a mídia tradicional. Em vez disso, o ex-presidente tem se mostrado mais inclinado a fazer aparições em plataformas conservadoras. Ele esteve ativo em canais como Fox News, Newsmax e “The Ramsey Show”, além de confirmar sua participação em encontros públicos, como os town halls programados para esta semana, organizados pela Fox News e Univision.
O cancelamento mais recente ocorre menos de duas semanas após Trump ter desistido de uma entrevista com o programa “60 Minutes” da CBS News, que seria conduzida pelo jornalista Scott Pelley. Esse padrão de evitar o escrutínio da imprensa convencional foi comentado por Charles Kretchmer Lutvak, porta-voz da campanha de Harris, que fez declarações através da plataforma X. Lutvak insinuou que Trump não compareceu ao debate porque sabe que a vice-presidente o manteria sob controle, além de se referir à sua recusa em participar de “60 Minutes” como um sinal de medo em relação a perguntas que considera difíceis. Lutvak ainda se referiu à recusa de Trump em comparecer ao programa de Joe Kernen, ressaltando ironicamente que o ex-presidente não consegue se comunicar nem mesmo com amigos em um ambiente de televisão.
Com as eleições de novembro se aproximando e sem debates adicionais previstos, Trump e Harris têm buscado atrair eleitores indecisos por meio de plataformas não convencionais, como podcasts e transmissões digitais. Harris, por sua vez, fez história ao aceitar sua primeira entrevista com a Fox News, programada para ir ao ar na noite de quarta-feira. Essa mudança na dinâmica das interações de campanha sugere um foco estratégico direcionado a diferentes públicos e plataformas de mídia, refletindo as constantes mudanças que caracterizam o cenário político atual nos Estados Unidos.
Implicações na campanha eleitoral e no relacionamento com a mídia
A abordagem de Trump em evitar veículos da mídia convencional pode ter ramificações significativas para sua campanha e para sua capacidade de se conectar com uma gama mais ampla de eleitores. A capacidade de um candidato presidencial de lidar efetivamente com questões publicamente levantadas e de se expor ao escrutínio da mídia pode ser um fator determinante na formação da opinião pública. Enquanto isso, a vice-presidente Harris parece estar adotando uma estratégia mais audaciosa ao se abrir para entrevistas que, de algum modo, podem não estar alinhadas com seus interesses políticos. Essa dinâmica em jogo ajuda a moldar um cenário eleitoral que está longe de ser previsível, com ambos os lados realizando movimentações cuidadosas em um tabuleiro de xadrez político por demais complexo, especialmente em um momento em que os veículos tradicionais de comunicação enfrentam desafios em sua credibilidade e relevância.