O mundo do esporte pode parecer um universo à parte, mas quem diria que até mesmo uma das mais prestigiadas instituições religiosas do mundo estaria em busca do seu espaço nesse cenário dinâmico e competitivo? Em uma combinação intrigante de fé e esportividade, o Vaticano tem tomado medidas significativas para se estabelecer como uma presença global no atletismo. O protagonista dessa história é Rien Schuurhuis, um ciclista que, embora sem ganhar títulos, vem se destacando por suas mensagens de inclusão e fraternidade nas competições de alto nível. A trajetória de Schuurhuis na última edição do campeonato mundial de ciclismo na Suíça não é apenas sobre prestaties atléticas, mas reflete um compromisso mais profundo e um sentido de propósito que vai além da vitória em uma corrida.
Rien Schuurhuis, que nunca imaginou competir no campeonato mundial de ciclismo, conquistou o status de ser o único representante da Cidade do Vaticano em um pelotão de mais de 200 ciclistas. Para ele, a mera participação já era uma vitória. Em suas palavras, “Se você só faz ciclismo para ganhar, então a maioria dos ciclistas será muito infeliz”. Essa frase pode ressoar muito bem entre os atletas que enfrentam as duras realidades da competição no ciclismo de elite. O evento deste ano representou um marco importante na carreira de Schuurhuis, que se tornou o primeiro ciclista a representar o Vaticano em um nível tão elevado. Desde 2022, com a aceitação do Vaticano como membro da União Ciclista Internacional (UCI), ele tem participado de competições internacionais, sempre vestido com as cores amarelo e branco do time vaticano, que cobre cerca de 100 acres e abriga uma população de aproximadamente 1.000 pessoas.
A paixão de Schuurhuis pelo ciclismo transcendeu a simples competição. Ele coletou uma base de fãs pequena, mas vibrante, nos eventos, e sua presença no campeonato mundial de 2022 gerou um clima de apoio e entusiasmo, com torcedores exclamando: “O ciclista do Papa! O Vaticano!” Atualmente, seu foco não está necessariamente em ganhar competições, mas sim em espalhar mensagens de união e solidariedade. Essa ideia de comunidade e apoio mútuo ecoou nas palavras do Papa Francisco, que tem incentivado o uso do ciclismo como uma forma de promover um espírito de generosidade e ajuda ao próximo. Em 2019, o Vaticano criou a Athletica Vaticana, a primeira associação esportiva oficial do país, que tem como missão não apenas competir, mas também representar os valores da Igreja em um contexto esportivo.
O vínculo do Vaticano com o esporte não se limita a Schuurhuis ou à recente formação da Athletica Vaticana. O Papa João Paulo II, um ávido esquiador e nadador, deixou uma marca significativa nesse cenário, e hoje o Papa Francisco é um entusiasta do futebol, tendo jogado como goleiro na sua juventude. As iniciativas contemporâneas da Igreja Católica nos esportes têm sido energizadas sob a liderança de Francisco, que se identifica como o “técnico do coração” da equipe vaticana. Estas iniciativas visam construir pontes, promover a inclusão e garantir que o espírito da competição nunca seja um fim em si mesmo, mas sim um meio para unir as pessoas em torno de valores comuns de amor e fraternidade.
Enquanto Schuurhuis encerra sua jornada competitiva e se prepara para retornar a Canberra com sua família, ele reflete sobre os verdadeiros valores do esporte e o que significa para ele. “Isto é quem eu sou, o que me faz feliz”, diz ele, ressaltando que pedalar lhe proporciona um sentimento de energia e alegria que perdura por todo o dia. O papel do esportista como mensageiro de inclusão e respeito nos leva a pensar sobre como o esporte pode e deve ser utilizado como um impulso para a união, derrubando as barreiras sociais e promovendo a paz. Afinal, em um mundo repleto de divisões, é fundamental que continuemos a explorar e celebrar o potencial transformador do esporte em nossas vidas.
A importância da inclusão e da fraternidade no esporte
O papel de Schuurhuis e da Athletica Vaticana reflete uma visão muito maior sobre o impacto societal que o esporte pode ter. Compostas por uma variedade de membros, incluindo padres, bispos, religiosas e até os Guardas Suíços, a associação busca incluir vozes e experiências diversas. Chiara Porro, esposa de Schuurhuis e diplomata, compartilha da visibilidade conferida ao esporte, enfatizando que “o esporte é um grande nivelador”. Isso destaca como a união de diferentes grupos pode promover a coesão social e a paz, mostrando que o esporte é mais do que apenas eventos competitivos — é uma força motriz para comunidades coesas.
Com as olímpiadas de Brisbane em 2032 se aproximando, muitas esperanças são depositadas não apenas na participação do Vaticano, mas na ampliação da sua mensagem de fraternidade e solidariedade. Apesar de não competir mais sob a bandeira do Vaticano, Rien Schuurhuis já deixou seu legado nas competições, e sua paixão pelo ciclismo certamente continuará a inspirar novos membros na jornada do Vaticano rumo a um futuro mais inclusivo e sportivo.