No dia 20 de novembro de 2023, um tribunal em Bangkok fez história ao condenar uma mulher tailandesa, considerada uma das piores serial killers do país, à pena de morte. A decisão se deu em um dos 14 julgamentos pelos quais enfrentará a justiça pelo uso de cianeto para envenenar suas vítimas. O caso centra-se em Sararat Rangsiwuthaporn, de 36 anos, que foi considerada culpada pelo assassinato de sua amiga Siriporn Kanwong, culminando em um ato que chocou a nação e levantou questões sobre segurança pública e justiça.

Sararat, que se tornou viciada em jogos de azar, é acusada de ter fraudado milhares de dólares de suas vítimas antes de assassiná-las. Os promotores relataram que, em várias ocasiões, ela usou uma substância tóxica, o cianeto, para eliminar as pessoas que confiavam nela. O envenenamento da amiga ocorreu em abril de 2022, quando as duas se encontraram nas proximidades de Bangkok para realizar um ritual budista de soltura de peixes no rio Mae Klong.

Após o ritual, Siriporn desmaiou e não sobreviveu. A autópsia revelou a presença de cianeto em seu corpo. No decorrer das investigações, a polícia coletou impressões digitais e outras evidências relacionadas ao veículo da acusada, criando ligações diretas entre Sararat e outros casos de envenenamento que ocorreram desde 2015, aumentando as preocupações sobre a segurança pública na Tailândia.

A após a condenação, a mãe de Siriporn, Tongpin Kiatchanasiri, expressou um sentimento de alívio e justiça, afirmando para a imprensa que sente muito a falta da filha e que a decisão do tribunal foi um pequeno consolo em meio à tragédia.

Os investigadores descobriram que Sararat financiou sua dependência de jogo por meio de empréstimos obtidos de suas vítimas. Em algumas ocorrências, ela chegou a tomar emprestado até 300.000 baht, o que equivale a aproximadamente 9.000 dólares, antes de cometer os homicídios e se apossar das joias e celulares das vítimas.

Ela teria atraído, ao todo, 15 pessoas, sendo que uma delas sobreviveu ao envenenamento por meio de cápsulas de ervas que estavam contaminadas. No entanto, mesmo após sua condenação, ela ainda enfrenta 13 julgamentos adicionais, totalizando cerca de 80 acusações. As autoridades enfatizam que essa situação é alarmante e um reflexo de atividades fraudulentas que tendem a se intensificar.

Adicionalmente, o ex-marido de Sararat, Vitoon Rangsiwuthaporn, um tenente-coronel da polícia, foi condenado a 16 meses de prisão por sua cumplicidade no homicídio de Siriporn. O advogado da família da vítima revelou que, mesmo após o divórcio, o casal continuava a viver junto, o que levantou questões sobre a dinâmica de relacionamento que poderia ter facilitado os crimes. Há suspeitas de que Vitoon também pode ter participado do assassinato de um ex-namorado de Sararat, Suthisak Poonkwan, auxiliando-a a extorquir dinheiro de amigos da vítima após sua morte.

A Tailândia já foi marcada por diversos casos de crimes violentos e de grande notoriedade. No mesmo ano, seis estrangeiros foram encontrados mortos em um hotel luxuoso em Bangkok, com indícios de que as mortes estavam relacionadas a dívidas financeiras, envolvendo montantes que ultrapassam milhões de baht. Casos como esses não só chocam a sociedade tailandesa, mas também geram preocupações sobre a eficácia das medidas de segurança e as investigações policiais no país, levando a debates sobre a real capacidade do sistema judiciário para lidar com casos de alta complexidade como este.

Com a crescente incidência de crimes envolvendo substâncias tóxicas e fraudes, a sociedade tailandesa se vê obrigada a confrontar a necessidade de reformas legais e de um modelo mais eficiente de policiamento para assegurar a proteção dos cidadãos e a correta aplicação da justiça. O implacável caso de Sararat Rangsiwuthaporn traz à tona uma urgência por respostas que vão além da condenação, questionando o que pode ser feito para prevenir futuros crimes de natureza tão hedionda quanto os que ela cometeu.

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