Recentemente, dois cabos submarinos cruciais foram cortados no Mar Báltico, levantando questões sobre as circunstâncias por trás desses incidentes. A situação não apenas causou preocupações significativas entre as autoridades europeias, que falam em sabotagem, mas também gerou uma resposta cautelosa por parte de oficiais dos Estados Unidos, que consideram a possibilidade de um acidente. A duplicidade de opiniões só reforça a complexidade desta questão, que tem o potencial de desencadear novas tensões geopolíticas na região.
Os cabos envolvidos nos incidentes são o BCS East-West, que conecta a Lituânia à Suécia, e o C-Lion1, que liga a Finlândia à Alemanha. A interrupção ocorreu em um curto espaço de tempo, especificamente no domingo e na segunda-feira, provocando um intenso debate sobre o que realmente aconteceu. As autoridades europeias foram rápidas em expressar suas preocupações, com o Ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, alegando que “ninguém acredita que esses cabos foram severamente cortados por acaso”. A posição dos líderes europeus é clara e direta: há uma sombra de suspeita pairando sobre a possibilidade de um ato deliberado.
As declarações conjuntas dos ministros das Relações Exteriores da Finlândia e da Alemanha destacaram um sentimento de grande preocupação em relação aos eventos, levando em consideração a possibilidade de uma guerra híbrida que, conforme mencionado, claramente aponta na direção da Rússia. Isso não é mero acaso, pois o histórico recente indica que a Rússia tem estado no centro de diversas controvérsias na Europa, incluindo incêndios suspeitos, explosões e outros atos de sabotagem atribuídos a Moscou. Portanto, o questionamento sobre a culpabilidade da Rússia não surge sem fundamento, especialmente à luz do aviso prévio dos Estados Unidos sobre uma potencial sabotagem russa a infraestruturas críticas submarinas.
Entretanto, o cenário torna-se mais intrincado quando órgãos de segurança dos EUA, em uma avaliação preliminar, não consideraram o dano como uma atividade deliberada por parte da Rússia ou de qualquer outra nação. De acordo com dois oficiais que analisaram o ocorrido, o que pode ter causado o dano foi uma arrastão de âncora de um navio em passagem. Essa explicação, embora plausível, não resolve totalmente o mistério, uma vez que incidentes desse tipo são raros, especialmente com dois cabos sendo afetados em rápida sucessão.
Além disso, a reação do Kremlin foi rápida, rotulando como “ridículas” as alegações de envolvimento russo. A afirmação russa sugere que eles consideram tais acusações como algo sem fundamento. Contudo, isso não impediu que autoridades de países como a Suécia e a Finlândia decidissem realizar investigações. A Administração de Promotoria da Suécia anunciou uma investigação preliminar sobre a possibilidade de sabotagem, enquanto o Escritório Nacional de Investigação da Finlândia deu início a uma investigação criminal relacionada a crimes de perturbação de comunicação.
Um navio específico chamou a atenção das autoridades e também de investigadores online. O navio de bandeira chinesa Yi Peng 3 foi localizado na região em torno dos momentos em que os cabos foram cortados. Este navio estava vindo do porto russo de Ust-Luga, onde passou vários dias. As Forças Armadas da Dinamarca estavam presentes na área em questão, embora não tenha sido esclarecido se seguiram o navio em questão. Durante uma coletiva de imprensa, o porta-voz do ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, afirmou não estar ciente da situação, reiterando o compromisso da China com o respeito às leis internacionais e à manutenção da segurança das infraestruturas submarinas. Ele afirmou que a China tem colaborado com a comunidade internacional para promover a construção e proteção das cabos submarinos e outras infraestruturas globais de informação.
Em síntese, a interrupção desses cabos submarinos no Mar Báltico não é um simples incidente isolado, mas um evento que ressoa a tensões geopolíticas mais amplas envolvendo a Rússia e as nações europeias. Seja por um ato de sabotagem orquestrado ou por um acidente infeliz, o que se desenrola nas próximas semanas e meses poderá ter implicações significativas para as relações internacionais e a segurança da rede de comunicação da Europa. Portanto, a vigilância e a análise cuidadosa desses eventos são essenciais à medida que as investigações prosseguem.